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O Barroco

Por:   •  27/2/2018  •  Seminário  •  2.109 Palavras (9 Páginas)  •  450 Visualizações

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Saide Assane Saide

O Barroco (Seiscentismo)

 

Licenciatura em Ensino de Português com habilitações em Ensino de Inglês

Universidade Pedagógica

Montepuez

2017

Saide Assane Saide[pic 4]

O Barroco (Seiscentismo)

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de Literatura Portuguesa e Brasileira, 1° ano, 2° semestre, a ser apresentado ao Departamento de Ciências da Linguagem, Comunicação e Artes. Leccionado pelo:

MA. Cristiano Adalberto Paipo Mavangu

                                                     

                                   

Universidade Pedagógica

Montepuez

2017

Referências Bibliográficas: SILVA, Victor Manuel Aguiar de, Teoria e metodologia literárias, 8ª edição

SARAIVA e LOPES, história da literatura portuguesa, 17ª edição

Conteúdo

Páginas

 O termo e o conceito de barroco

A etimologia e a história semântica da palavra “barroco” provém do nome do pintor Federico Barocci e a hipótese de que proviria de “barocco” ou “barocchio”, vocábulo italiano designativo de fraude e próprio da linguagem da usura.

Durante muitos anos, a doutrina mais aceita fazia derivar “barroco” do vocábulo baroco pertencente à terminologia da logica escolástica, que designa um silogismo em que a premissa maior é universal e afirmativa, a menor, particular e negativa e a conclusão, igualmente particular e negativa. A partir do seculo XVI, a palavra barroco adquiriu valor pejorativo nos meios humanistas do renascimento, que dela se serviam para se referirem desdenhosamente aos lógicos escolásticos e aos seus argumentos e raciocínios considerando-os absurdos e ridículos. Um argumento in baroco, significava um argumento falso e tortuoso e, segundo Croce, a expressa teria sido depois transferida para o domínio das artes, para designar um estilo que aparecia também como falso e ridículo.

Recentemente, Philip Butler e Helmut Hatzfeld apresentaram uma hipótese muito curiosa, não propriamente a origem do vocábulo, mas sobre a nova vitalidade que a palavra pode ter adquirido, seculo XVI, em português. Desde modo, a palavra barroco, já existente na língua portuguesa, teria adquirido uma nova vida nas placas do oriente, passando a designar as perolas não redonda e não perfeita.

Em textos espanhóis e franceses do seculo XVI, especialmente da segunda metade do século, aparem bastantes vezes as designações de berrueco (ou barrueco) e baroque aplicadas às referidas pérolas não redondas, irregulares e de valor inferior aos das pérolas perfeitas. É compreensível que da ideia de pérola imperfeita, irregular, tenha passado para um conceito extremamente genérico de imperfeição e de irregularidade.

No texto de Milizia, a palavra é ainda usada na sua forma substantiva, mas com o conteúdo estético-estilístico próprio na forma adjectiva francesa “baroque”. Não sendo de duvidar, por conseguinte, que Milizia deve a Quatremère de Quincy o conceito de barroco exposto na sua obra, que a palavra barroco é aplicada ao domínio artístico sob influência directa do adjectivo francês “baroque”, temos de admitir que mesmo em italiano desempenhou papel de relevo a forma vocabular de procedência hispânica através da sua forma francesa “baroque”.

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Formação do conceito periodológico de barroco

As definições de Quatremère de Quincy e de Milizia, abrem, embora, confusamente, o caminho para a noção de barroco como o estilo característico das artes de uma determinada época histórica – o seculo XVII. Desde esse momento, a história semântica da palavra confunde-se com a história da fixação do conceito de barroco como um estilo e um período das artes europeias. Tal fixação tem constituído uma empresa longa e penosa, não só pelas dificuldades, mas também pelo anátema que a crítica neoclássica e iluminista e o romantismo, em geral, lançaram para a literatura e as artes plásticas para o seculo XVII. Tal anátema está bem patente na própria escolha da palavra “barroco” carregada de conotações pejorativas para designar a arte daquele século. O conceito de barroco foi estendido não só a todas a artes, mas ainda à filosofia, à psicologia, etc. o grande responsável por semelhante extensão do conceito de barroco foi Oswald Spengler.

Em forma de síntese podemos afirmar que o termo “barroco” é um período estilístico e filosófico que abrange as manifestações culturais da época seiscentista, foi inspirado no fervor religioso e na passionalidade da contra-reforma e é fruto de uma atitude espiritual complexa, que leva o Homem a exprimir-se na pintura, arquitectura, na música, na poesia, na oratura e na vida seguindo um modo muito particular. O berço do barroco é a Itália do seculo XVII, porem espalhou-se por outros países europeus.  

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Características do Barroco

O estilo barroco nasceu da crise dos valores renascentista, ocasionada pelas lutas religiosas e pelas dificuldades económicas decorrentes da falência do comércio co o Oriente. Assim, destacam-se, como características da literatura barroca:

Cultismo – é caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante; pela valorização do pormenor mediante jogos de palavras com visível influência do poeta espanhola Luís de Gôngora; daí o estilo ser conhecido por gongorismo.

Conceptismo – é marcado pelo jogo de ideias, de conceito, seguindo um raciocínio logico, racionalista, que utiliza uma retorica aprimorado.

Sensorialismo – verifica-se o gosto do poeta ao descrever uma açucena. Trata-se do início de um soneto de autoria de António Ribeiro da Costa, um dos tantos versejadores barrocos d Portugal. Observa-se que os sete primeiros versos constituem uma sequência acumulada de imagens sensoriais que procuram caracterizar, de forma concreta especialmente visual, a flor em destaque.

Descritivismo – é outro traço que está geralmente associada ao interior. Nota-se o forçado jogo de palavras com que é homenageado um certo coronel José Pires de Carvalho por um autor barroco.

O barroco e a literatura contemporânea

A revalorização pelo barroco, desempenha um papel muito saliente, muitos poetas que se afirmaram entre 1920 e 1940 e que descobriram em si próprios, nos seus ideais e anseios, um parentesco espiritual e sentimental com arte e poesia barroca.

Estes poetas e artistas foram s autênticos percursores dos modernos estudos historiográficos e críticos sobre barroco, bastando apontar, os ensaios sobre os poetas metafísicos ingleses, ponto de partida de um vasto moimento de interesses pela poesia inglesa e, em especial.

Entre os artistas intelectuais da geração 27 que, com mais devoção e profundidade, estudaram e deram a conhecer Gôngora sobressai Dâmaso Alonso, aparecendo ao seu lado nomes como os de Garcia Lorca, Gerardo Diego e Jorge Guillén.

O barroco como fenómeno histórico

A partir de 1915, no ano a publicação dos princípios fundamentais da história da arte, este mesmo progresso levantou novos e difíceis problemas, alguns dos quais têm dividido confusamente os espíritos e provocado longas dissensões. Entre esses problemas avulta, de modo particular, o de saber que o barroco deve ser considerado como uma “constante” da cultura e, sobretudo, dos estilos artísticos constituindo, um fenómeno essencialmente meta-histórico ou pelo contrário, como um fenómeno historicamente situado e condicionado.

Segundo Eugénio D’Ors, o discurso da história não é constituído por factos singulares e irrepetíveis, e não ser aparentemente; sob adversidade do fluir histórico, transcorrem determinadas realidades que não se alteram.

A consciência ordenada, quer o barroco, da diversidade, do dinamismo libertário, da consciência fragmentada, mantêm inalterada a sua essencialidade. Em todas as épocas e em todos os lugares, o homem e o artista, a vida e cultura revivem o dilema fáustica.

Outros estudiosos têm defendido a concepção de um barroco supra-histórico, ao analisar a evolução das formas artísticas, considera o barroco como a fase de exuberância e fantasia que sucedem em todos os estilos a uma fase de equilíbrio e de plenitude (fase clássica).

Actualmente, esta concepção meta-história do barroco encontra raros defensores, podendo asseverar-se que é unanimemente de que o barroco deve ser conceituado e estudado como um fenómeno histórico que se situa num determinado tempo.

Cronologia do Barroco

O barroco europeu não é um fenómeno perfeitamente homogéneo, que tenha surgido ao mesmo tempo nas diferentes literaturas europeias. Pelo contrário, temos de admitir na sua formação e na sua difusão, diversidades cronológicas e geográficas, como acontece com outros períodos literários. O barroco da Europa central é muito posterior ao barroco italiana e enquanto na literatura francesa o barroco desaparece praticamente nos fins do século XVII, em certas literaturas como a espanhola e a portuguesa, o barroco persiste vigorosamente ainda durante toda a primeira metade do século XVIII.

A questão dos limites cronológicos do barroco prende-se ainda, de modo íntimo, com outro problema que os últimos anos, tem suscitado um singular interesse entre os historiadores das artes plásticas e da literatura: a existência nas artes europeias do século XVI.

Barroco e Contra-Reforma

O barroco, literatura de contorções formalistas, de conteúdo insignificante e enlevada em estéreis refinamentos estilísticos seria o resultado de uma atmosfera obscurantista e fanática e de um cerceamento impiedoso das liberdades individuais.

Por outro lado a relacionação genética do barroco com a contra-reforma, mesmo quando equacionada em termos positivos, isto é, sem animadversão contra a reforma católica, nem contra a arte barroca, revelou-se historicamente falsa. O barroco desenvolveu-se paralelamente com a contra-reforma, mas que não pode ser considerado como expressão das aspirações e dos valores essenciais da reforma católica.

A temática do barroco

Dâmaso Alonso, define o barroco como uma enorme arte de impressionantes oposições dualistas, de antíteses violentas e exaltadas. Na literatura barroca a expressão da beleza alcança um fulgor, um engenhoso requinte e uma exuberante riqueza que a poesia renascentista está de oferecer. Por outro lado, a literatura barroca compraz-se na representação de tudo quando é peregrinamente belo na figura humana, das coisas, nas paisagens, nas criações artísticas devidas ao engenho dos homens.

Por outro lado ainda, porém, a literatura barroca cultivou com frequência e aprazimento uma estética do feio e do grotesco, do horrível do macabro. Assim, os poetas barrocos, afastando-se da tradição poética petrarquista e renascentista, cantam mulheres muito diferentes na sua fisionomia, na sua condição social e na sua compleição moral.

Os defeitos físicos, as situações indecorosas e sórdidas, os vícios repulsivos constituem temas frequentes da poesia barroca de caracter realista e satírico. As tensões de barroco exprimem-se frequentemente através das antinomias entre o espírito e a carne, os gozos celeste e os prazeres mundanos, fruição terrenal e a renúncia ascética.

Na literatura barroca está intimamente associada a motivos eróticos. O erotismo ocupa um lugar muito importante na temática barroca: a mulher deixa de ser conceituada com um ser idealizado e aristocraticamente distante, passando a ser visto como um certo carne e osso.

O barroco ama a metamorfose e a inconstância, possui um agudo sentido das várias que secretamente alteram toda a realidade e busca no movimento e no fluir universal a essência das coisas e dos seres. A metamorfose e a inconstância transformam-se em motivos de profunda e religiosa medicação e ganham um significado fúnebre. A morte, expressão suprema de efemeridade constitui assim um tema maior do barroco, quer nas artes plásticas, na literatura, quer espiritualidade de período. Por outro lado, o barroco exprime um universo de ostentação e de sumptuosidade de glória e de magnificente aparato; traduz o gosto da decoração rica da luz profusa, do espectáculo faustoso. O barroco é uma arte de exuberância e de intenso poder expressivo. O teatro é a forma de expressão por excelência deste ideal barroco: construção de um mundo imaginário onde a aparência se afirma como realidade, onde a máscara e os efeitos cénico instauram a ilusão e simultaneamente deixam entrever o ruptura da ilusão, o espectáculo teatral barroco alimenta-se da exuberância sensorial e de feeria, da profusa riqueza alegórica, da máscara e do disfarce.

O estilo barroco

A mundividência, a sensibilidade e a temática do barroco, acima brevemente analisadas, exprimem-se através de uma poética e uma estilística próprias. A literatura barroca caracteriza-se pela fuga à expressão.

A metáfora barroca é muitas vezes prejudicada pelo pendor hiperbólico e pelo gosto da obscuridade, consequência da agudeza de engenho, mas oferece também, com muita frequência, uma beleza sortílega, uma densidade de significação fantástica em uma ousadia que só entram paralelo na poesia simbolista.

A hipérbole, a repetição, o hipérbato, a anáfora a antítese violenta são outros tantos traços estilísticos que caracterizam a literatura barroca. A construção zeugmática da frase é igualmente característica do barroco, proporcionando a surpresa, a concisão e a dificuldade conceituosa. Na segunda metade do século XVI, teve assim como consequência a criação de um novo tipo de estilo que prevaleceu durante o século XVII, cujas características foram: a brevidade ou concisão aliada à obscuridade; a maneira picante, espasmódica, abrupta, desconexa, aguda, sentenciosa, antitética e metafórica. O tipo de estilo hoje conhecida como barroco empregado para espírito no acto de pensar, à medida que pensa. Suas características principais, conforme os trabalhos de Croll, são: a brevidade procurada dos membros, a ordem imaginativa, a assimetria e a omissão das ligaduras sintácticas ordinárias.  

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