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O Incipit Em "a máquina De Fazer Espanhóis" De Valter Hugo mãe

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Por:   •  9/6/2014  •  733 Palavras (3 Páginas)  •  446 Visualizações

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Definição de incipit

O incipit demarca o início da narrativa. Na altura em que o termo (cujo antónimo é excipit) surgiu, era muito utilizado em textos aos quais não tinha sido dado qualquer título. Na área da Literatura, o incipit tem uma importância extremamente elevada pois é ele que vai construir a fronteira entre o “mundo ficcional” e o “mundo real”, no qual o leitor se encontra. Esta passagem de um mundo para o outro é crucial para captar a atenção daquele. Sendo assim, o incipit deve ser atractivo para que possa suscitar a curiosidade do leitor e, consequentemente, para que possa incitá-lo a continuar a leitura. Claro que faz parte do papel da narrativa manter o interesse elevado, mas por muito interessante que uma obra seja, se a parte inicial não for atraente, pouco importa se nos dois ou três capítulos a seguir se dê o desenlace mais brilhante e dramático de todos os tempos. Deste modo, o incipit deve «facultar informações mais surpreendentes do que relevantes» [1]: o autor apanha o leitor de surpresa conseguindo, simultaneamente, não dizer demasiado.

Todavia, a ideia que se tinha de incipit no século XIX era consideravelmente diferente. Essa parte inicial que actualmente não deve conter demasiada informação era vista como uma apresentação de tudo o que iria ser narrado: «o romance (...) propõe uma nomeação sistemática dos objectos, pessoas, localidades e temporalidades que se apresta a pôr em jogo» (Grivel, 1973, cit. em Reis e Lopes, 2011).

Por fim, é também importante apresentar uma outra função do incipit. É através dele que o leitor é introduzido ao estilo do autor da obra que está a ler. Ao ler esta parte que inicia o romance, ele vai-se habituando aos poucos ao ritmo narrativo com o qual vai lidar até ao fim.

Análise dos três parágrafos iniciais do romance a máquina de fazer espanhóis

A narrativa começa a meio de uma conversa (in medias res) entre duas personagens: o senhor Silva (António Jorge da Silva, que é o protagonista do romance) e o Silva da Europa (Cristiano Mendes da Silva, personagem secundária). Esta conversa é mais um monólogo do que um diálogo, já que o Silva da Europa, auxiliar no hospital onde a acção toma lugar, reflecte sobre vários temas, enquanto o senhor Silva apenas abana a cabeça impacientemente. O tema mais fortemente abordado pela personagem é a liberdade. O Silva da Europa dá ao senhor Silva um sermão que defende a ideia de que a liberdade veio tirar importância ao pensamento e que esta é tomada como garantida. Mais adiante, fala-se do fascismo sob o qual os portugueses, os ditos “bons homens”, viveram. Poderá ter sido daí que surgiu o título do capítulo “o fascismo dos bons homens”.

É esta conversa que vai proporcionar ao leitor elementos expositivos que lhe permitirão saber qual o local da acção e a razão pela qual as personagens ali se encontram. O primeiro elemento expositivo facultado pelo narrador – “a laura não recebia alta e os médicos iam e vinham sem me atenderem por um minuto que fosse” – mostra que o protagonista está no hospital à espera de notícias sobre alguém, que depois se vem a saber ser a sua mulher, através da passagem “se não se importa,

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