O Nascimento de uma Língua Italiana
Por: Shirley Ayres • 14/7/2016 • Ensaio • 545 Palavras (3 Páginas) • 312 Visualizações
O nascimento de uma língua nacionalmente italiana e uma literatura produzida nesta tem como “pano de fundo” uma grande revolução histórica e cultural.
Como define a Professora Gilda Korff Dieguez:
“O fracionamento geográfico e a polivalência lingüística são traços marcantes que caracterizam a produção dos textos no século XIII. Vastas regiões da Itália não têm qualquer atividade literária (Piemonte, sul da Península), enquanto outras, como a Sicília, têm uma produção efêmera. Três zonas, que não se comunicam entre si, fornecem o essencial das obras: a Sicília, a Toscana e a Bolonha, com a poesia lírica e antiidealista; a Itália do Centro e do Leste (notadamente Úmbria), para a literatura religiosa; o Norte (Apeninos) para a literatura de temas de cavalaria em língua de oïl (Veneza), a poesia cortês em língua de oc* (cortes feudais, Gênova) e a literatura moral e didática (Lombardia).”
Maior destaque daremos à analise desta última, a produção da Lombardia, cuja função didática foi de vital importância para a transição do latim ao volgare, sendo esta firmada como língua escrita no decorrer do período.
Na Itália do “Duecento” os principais centros culturais eram as cidades onde a aristocracia urbana (ou elite politico-administrativa) misturava-se a classe mercantil e é justamente desta miscelania que nasce o novo tipo de intelectual, que frequentou a Universidade, que sabe ler e escrever em latim mas por ser proveniente de desta nova classe social deseja ler e escrever em volgare.
Assim nasce a nova literatura, que por causa da nova língua, da forma e dos temas escolhidos está ligada a diversos contextos locais da época. Devido à extraordinária vitalidade economica e cultural da Itália no decorrer deste período a egemonia cultural européia deixou de pertencer somente à França, passando também à Itália.
A produção do “Duecento”, ou seja, os primeiros volgarizzamenti medievais[1] e a primeira literatura italiana em prosa, tinha como finalidade divulgar dados da época e expandir o uso do volgare, interessada em sua utilidade e no seu conteúdo.
Como, por exemplo, o faz Giovanni Villani, em sua Cronica, onde relata a história de Florença desde de sua origem mistica até o ano de 1348. Nas palavras do autor:
“Stimavasi d’avere in Firenze da 90000 bocche, tra uomini e femmine e fanciulli, per l’avviso del pane che bisognava al continuo alla città, come si potrà comprendere; ragionavasi avere continui nella citttà da 1500 uomini forestieri e viadantie soldati: non contando nella somma dè cittadini religiosi e frati e monache rinchiusi, onde faremo menzione appresso.”[2]
Os precursores de tal literatura escrevem de uma forma “livre”, sem adotarem qualquer padrão estilistico existente no latim, não se preocupando com as características pré-existentes.
Textos escritos originalmente em latim foram “traduzidos” para o volgare. Como explica Mauri Furlan “o desejo de escrever clara e modestamente significava para muitos o abandono dos adornos lingüísticos e literários presentes no original, assim como sua adaptação ao gosto dominante e o ‘aperfeiçoamento’ de seu conteúdo”.[3]
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