O Oswald de Andrade
Por: Layane Nascimento • 22/5/2019 • Trabalho acadêmico • 1.113 Palavras (5 Páginas) • 238 Visualizações
Fortuna Crítica
“A fortuna crítica de Oswald de Andrade, aliás, é tão irrequieta e irreverente como o próprio poeta.”
- João Cezar Castro Rocha
Oswald de Andrade, como um dos maiores poetas do Modernismo brasileiro, tem uma grande importância na primeira metade do século XX. No entanto, muitas vezes a crítica é mais voltada para a vida do autor do que para a análise de sua obra. Talvez isso ocorra pela maneira como sua obra e sua vida se misturam.
Com o rompimento dos estilos anteriores, Oswald tem um merecido destaque nas críticas da Semana de Arte Moderna, pois suas criações fazem uma síntese das ideias modernistas, inovando principalmente na estética.
João Cezar Castro Rocha, professor de literatura comparada da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, não mede esforços para ressaltar a relevância do autor. Em sua matéria escrita para a Folha de São Paulo intitulada “Devorando Oswald”, ele evidencia a fortuna crítica do poeta, focando em seu lado antropofágico, também comenta os altos e baixos da carreira literária do poeta, não deixando dúvidas sobre os motivos para tais reviravoltas:
“No primeiro instante, ele foi celebrado como o verdadeiro dínamo do movimento modernista: catalisador de alianças; usina de idéias. Muito em breve, porém, passou a ser visto como o eterno "adolescente", sempre disposto a perder amigos para não sacrificar a boutade da ocasião.”
Por vezes o autor queixava-se de suas obras não serem lidas, por causa de suas ideias que na maioria das vezes não eram aceitas pelo público. Sua filha, Marília de Andrade, chega a dizer que o poeta “sentia-se abandonado e sem grandes esperanças”. O próprio Oswald faz algumas autocríticas, e no prefácio de um livro da sua vasta obra chamado “Serafim Ponte Grande”, ele discorre:
"Fui (...) um palhaço de classe. (...) Eu prefiro simplesmente me declarar enojado de tudo. E possuído de uma única vontade. Ser, pelo menos, casaca de ferro na Revolução Proletária".
É importante ressaltar que mesmo sendo recordadas por sua antropofagia, as obras oswaldianas foram consumidas após um momento sem um grande aproveitamento, acabando assim por não ser assimilada criticamente.
Vale remarcar o que Luciana Stegagno-Picchio em sua obra intitulada “História da Literatura Brasileira” ressalta:
“É possível que Oswald tenha exercido conscientemente a mistificação na sua obra desmistificatória, radical e destrutiva; mas não há dúvida de que essa obra represente o núcleo criativo do Modernismo brasileiro, ou ao menos do Modernismo da primeira fase, autoral e literário, individualista e vanguardista.”
Majoritariamente as obras do autor são consideradas inovadoras para a época, mesmo que por vezes fosse rejeitada pelo público. Entretanto, a produção de Oswald ainda não é muito estudada, e por diversas vezes foi utilizada como meio de comparação com as obras de Mário de Andrade.
Ainda sobre o poeta, Antônio Cândido tendo sido contemporâneo a ele demonstra um grande aprofundamento quando critica o modernista. Em um ensaio publicado em 1977 no livro “Vários Escritos”, ressaltando a personalidade complexa de Oswald, o crítico relata:
“De um homem assim, pode-se dizer que a existência é tão importante quanto a obra. Pelo menos a nós isto parecia evidente, porque o víamos intervir, vituperar, louvar até as nuvens, xingar até o inferno, aclamar e depois destruir, remexendo sempre com paixão em brasa pela literatura. ‘Admito ofensa pessoal’, dizia, ‘mas não admito burrice em relação à minha obra’. De fato, só o vi brigar por divergências literárias e, nalguns casos, políticas. É nesta chave que sua integridade deve ser definida. Quanto ao resto, mandava as normas e os princípios para o devido lugar”.
Com uma obra desbravadora, Oswald de Andrade sempre evidenciou a busca pela liberdade. Mesmo sendo conhecido como debochado e irônico, o autor guardava em si as características do Modernismo.
Não deixando o olhar crítico de lado, suas análises a realidade brasileira sempre reivindicavam algo. Geralmente, propunha coisas novas e revia suas próprias ideias. Suas contribuições foram fundamentais para a literatura nacional pois ressalta fragmentos de fatos e valores.
E até mesmo Carlos Drummond de Andrade não deixaria de comentar quem em sua época não houve figura mais essencialmente modernista que o Oswald de Andrade.
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