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Análise do Poema Contrabando de Oswald de Andrade

Por:   •  5/12/2018  •  Trabalho acadêmico  •  845 Palavras (4 Páginas)  •  1.284 Visualizações

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CONTRABANDO

Os alfandegueiros de Santos

Examinaram minhas malas

Minhas roupas

Mas se esqueceram de ver

Que eu trazia no coração

Uma saudade feliz

De Paris.

Oswald de Andrade

José Oswald de Sousa Andrade nasceu em São Paulo e apesar de graduar-se em direito, não exerceu a profissão, preferiu a carreira jornalística, que era sua real vocação. Oswald era polêmico, irônico, gozador e irreverente. Com o seu senso inovador, foi o idealizador dos principais movimentos modernistas do Brasil e autor dos dois mais importantes manifestos modernistas: o “Manifesto Pau-Brasil”, cujo nome surgiu da ideia de criar uma poesia de exportação, fazendo analogia com a árvore pau-brasil, pois foi a primeira riqueza brasileira a ser exportada, e o “Manifesto Antropofágico”, a exemplo dos rituais antropofágicos dos índios que devoravam seus inimigos para absorver suas melhores qualidades, o autor propõe a deglutição autônoma da cultura estrangeira para criar uma cultura revolucionária própria, não copiando, mas aproveitando as melhores referências, rompendo com o estrangeirismo e valorizando a cultura nacionalista.

Oswald foi um poeta da primeira geração do modernismo (1922-1930), também conhecida como Fase Heroica, que teve como suas principais características o nacionalismo crítico e ufanista, o resgate das raízes culturais brasileiras, as críticas à realidade brasileira, a renovação da linguagem através da oposição ao parnasianismo e ao academicismo, abolindo as rimas convencionais e as métricas rígidas com o uso dos versos livres e brancos, utilizando o humor, as paródias, a ironia, o sarcasmo, a irreverência, as experimentações estéticas, as renovações artísticas e o caráter anárquico e destruidor. Todas essas características modernistas são facilmente notadas nos poemas de Oswald de Andrade, em que a linguagem coloquial e espontânea é mais predominante, sem muita preocupação com a sintaxe, sendo irreverente e desafiadora, pois instiga a inteligência do leitor a participar de seu processo criativo através de sua escrita elíptica e telegráfica. Um apelo ao nível de compreensão crítica do leitor ao que está implícito.

O poema “Contrabando” é o último do livro “Pau-Brasil” (1925), fechando a obra ao estilo zombador e até mesmo inconsequente do autor, relatando sua chegada de Paris ao desembarcar no Porto de Santos. O título do poema já nos remete à ilegalidade, ao ato de importar (ou exportar, o que não é o caso) algo proibido, de forma criminosa e escondida. Apesar de ser um poema modernista, livre de diversos paradigmas, nota-se que se trata de uma septilha. A falta de pontuação ressalta ainda mais a influência Futurista e a ideia das palavras em liberdade.

O ritmo inicial é marcado pela aliteração das fricativas, podendo ser percebido o som do “s” juntamente com a assonância da vogal “o”, que em conjunto, remetem à uma sonoridade debochada e irônica, pois o som fechado e sibilante reporta uma reação descontente e nada simpatizante com “os alfandegueiros” (funcionários da alfândega), subentendendo que na ocasião o autor tenha sido submetido à revista alfandegária (uma situação nada agradável). Já no segundo verso, o uso das consoantes oclusivas nasais em conjunto com a assonância das vogais abertas demonstram um

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