“O PERIGO DE UMA ÚNICA HISTÓRIA”
Por: Larissa Cara • 27/8/2015 • Artigo • 741 Palavras (3 Páginas) • 392 Visualizações
“O PERIGO DE UMA ÚNICA HISTÓRIA”
Chimamanda Adichie é uma romancista nascida na Nigéria, leitora e escritora precoce. Durante sua infância, teve sempre como base literária, histórias infantis de autores americanos e britânicos e isso a fez perceber um mundo fora de sua realidade e cultura, tudo que era apresentado pelos personagens dos livros era arbitrário ao que ela vivenciava.
Quando começou a produzir suas próprias histórias, Adichie escrevia e ilustrava seus livros com personagens do mundo dos americanos e britânicos, e por ser criança não se dava conta de não estar inserida nelas, sua identidade de menina nigeriana não era conhecida, ela mesma não conhecia a própria história. Somente mais tarde, consciente de sua realidade e com ajuda dos poucos escritores africanos que existiam, seus personagens reais passaram a existir e faziam parte do seu cotidiano e não do seu imaginário literário.
Ao se mudar para os Estados Unidos para cursar uma Universidade, ela se deparou com muitos conceitos pré-estabelecidos do lugar onde vivia. Todos queriam saber o quão horrível era seu país e como teria sido sua difícil infância, cheia de fome e misérias. Mas, a realidade era que sua família era unida e amorosa e sempre a incentivou durante a vida toda a perseguir seus sonhos e chegar ao máximo de seu potencial. Apesar dos vários problemas que seu país enfrentava, havia inúmeros exemplos de superações e conquistas que eram simplesmente esquecidas e não anunciadas pelos meios de comunicação exteriores.
Ela se sentiu frustrada diante de toda essa generalização e elaborou um termo chamado “uma única história”, que significa ter somente uma visão sobre determinada cultura ou assunto e se deixar influenciar por um único lado.
Este tipo de situação é muito recorrente na sociedade brasileira, onde temos uma avaliação negativa dos outros países, que julgam que todos os habitantes gostam de carnaval, todas as mulheres sambam e tem grandes curvas mulatas, os trabalhadores saem de suas casas sendo alvejados por tiros chutando uma bola de futebol e a cada esquina existe uma favela com crianças segurando fuzis. Este tipo de imagem é apresentado a todos que “do lado de fora” não estão verdadeiramente inteirados com a real cultura do país. A Copa do Mundo de 2014, apesar de ser um evento que divide opiniões no mundo todo, serviu, pelo menos, para mostrar ao mundo o que verdadeiramente é o Brasil, pois um levantamento feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostrou que 83% dos turistas internacionais consideraram que a visita ao Brasil durante a Copa do Mundo atendeu plenamente ou superou as expectativas e, além disso, 95% desses turistas disseram ter a intenção de voltar ao país.
Esta situação foi muito bem exemplificada por Adichie quando ela contou uma experiência que teve ao visitar a cidade de Guadalajara, no México. Depois de ouvir e ver somente notícias sobre imigrantes mexicanos ilegais tentando ultrapassar a fronteira dos Estados Unidos, ela assumiu que todos eles estavam infelizes com a vida que levavam e que seu país não era um lugar bom para permanecer, mas, ao chegar lá, ela viu muitas pessoas sorrindo, tomando cervejas e conversando com seus vizinhos, mostrando toda a sua hospitalidade e calor.
A intenção de Adichie é mostrar a todos que existe
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