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O TEATRO COMO RECURSO DE COMPREENSÃO SOCIOCOGNITIVA NA LEITURA ESCOLAR

Por:   •  27/9/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.161 Palavras (13 Páginas)  •  249 Visualizações

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O TEATRO COMO RECURSO DE COMPREENSÃO SOCIOCOGNITIVA NA LEITURA ESCOLAR

Maria Helena Rogério Brandolin

Yuri dos Reis Pimentel

RESUMO: O presente trabalho abordará a falta de interesse dos jovens alunos em relação a literatura e a dificuldade do professor em fazer o ensino da língua e, ao mesmo tempo, despertar no aluno o gosto pela leitura. Com base em pesquisas e debates feitos em sala de aula, apresentaremos como solução a inserção de outras linguagens para a eficácia do ensino e para que literatura possa ensinar mas principalmente ser tratada como arte. Nesta pesquisa a linguagem a ser abordada será a teatral, que será levada para a aula por meio de jogos dinâmicos e adaptação e apresentações de peças feitas pelos alunos. Também será abordado nesta pesquisa a história do teatro e o desenvolvimento dessa prática, onde e como começou sua relação com a educação mostrando duas vertentes abordadas, a artística e a pedagógica, e qual será a melhor forma de trabalhar o teatro em sala de aula. Ao final do trabalho foi elaborado um plano de aula, estimando o tempo e metodologia para o uso da linguagem teatral nas aulas de português/literatura e qual os benefícios do teatro na formação do jovem não apenas como aluno mas também, e mais importante, como cidadão.

Palavras-chave: literatura, linguagem teatral, didática, recursos pedagógicos, educação.

1. INTRODUÇÃO

Com a evolução da tecnologia, o hábito da leitura situado na faixa etária infanto-juvenil tem sido cada vez menos presente e, em um momento em que a leitura se afirma como uma necessidade imprescindível, o medo e a resistência à literatura é uma evidente consequência. Michèle Petit (2008) expôs em sua pesquisa o relato de vários jovens afirmando que a obrigatoriedade da leitura é desestimulante. Os mesmos tinham de dissecar textos que, na maioria das vezes, não lhe diziam nada. Diante da importância da leitura como arte, o desinteresse é motivo de preocupação.

“Compreendemos que por meio da leitura, mesmo esporádica, podem estar mais preparados para resistir aos processos de marginalização, a leitura nos ajuda a se construir, a imaginar outras possibilidades, a sonhar a encontrar um sentido. A encontrar mobilidade no tabuleiro social. A encontrar a distância que dá sentido ao humor. E a pensar, nesses tempos em que o pensamento se faz raro”. (Petit, 2008)

Entendendo que o hábito da leitura sofre influência não apenas do círculo familiar, mas também de um contexto mais amplo, sendo instigado por um ambiente que convida ou desestimula a leitura, o professor torna-se um mediador, como afirma a mesma autora, um conhecimento, um patrimônio cultural, ou até mesmo uma biblioteca “podem se tornar letra morta se ninguém lhes der vida”.
        Do professor exige-se a função de ensinar as crianças a decifrar textos, a analisar e a ler com certo distanciamento, e ao mesmo tempo em que deve iniciar seus alunos ao “prazer de ler”. Mas, está sim ao alcance do professor transmitir sua paixão pela leitura, sendo possível incorporar os seus alunos em uma relação com os livros que não seja obrigatória.
        Pensando nessas dificuldades e funções do professor, juntamente com debates em sala de aula, discutiremos a inserção de outras linguagens no ensino da literatura, tornando-a mais atraente, propondo-se a extinguir o monótono ensino utilizando-se apenas do livro impresso e preconizando um ensino de forma lúdica, onde a leitura precisa ser considerada como uma espécie de jogo, exigindo o engajamento cognitivo.
        Será objeto desta pesquisa o teatro como a linguagem abordada em aula. Segundo
Bárbara Vasconcelos de Carvalho (1968), o teatro contribui para o desenvolvimento da leitura, da pronúncia, memória e senso artístico e crítico, além de proporcionar a socialização. A dramatização permite a atividade coletiva, levando a criança a reconhecer seu próprio trabalho, o trabalho do outro e a emitir julgamento de ambos, visto que é preciso um trabalho de equipe interligando as cenas apresentadas para que a peça como um todo faça sentido. O teatro também contribui com a formação do cidadão, promovendo o questionamento de crianças e adolescentes diante das mais sortidas situações e estabelecendo o contato com diversas regiões e classes sociais.
        A dramatização de obras estimula sentimentos e pensamentos, improvisação e prontidão como exercício de adaptação em situações novas e inesperadas, e o desenvolvimento da imaginação e criatividade que favorece a comunicação. Acredita-se na dramatização como materialização das obras, ou ainda uma tradução desta, visto que as crianças se aproximam mais da obra ao encená-la e um contato mais próximo pode ser estabelecido na relação de construção de sentido (leitor-texto).
        A linguagem teatral aborda a intertextualidade de gêneros textuais quando adaptamos um conto para o drama. Quando o professor faz a leitura de um conto para a sala e sugere a encenação e a adaptação deste como atividade, espera-se que o aluno entenda o contexto, leia o texto nas entrelinhas e interprete-o afundo para que possa encená-lo adequadamente. Dessa forma, o professor pode avaliar o desenvolvimento de leitura, escrita e a capacidade de interpretação do aluno de acordo com o seu desempenho.

Na visão de Vicente Concílio, professor da UDESC, "os processos colaborativos são muito fortes na arte contemporânea e o professor precisa ser parceiro do aluno para criar o diálogo artístico". Ele acredita que o docente precisa desenvolver um pensamento artístico. "A verdadeira formação é um equilíbrio entre a reflexão pedagógica e a reflexão artística".

Nesta pesquisa, será usado como exemplo o conto “O tesouro do Baobá”, recriação de Henri Gougaud e tradução de Maria do Rosário Pedreira. O conto será adaptado e a dramatização da história será seguida por um debate entre os alunos, estimulando dessa forma a argumentação e o questionamento juntamente com a representação do conto, para que possamos exemplificar a importância de outras linguagens, em especial o teatro, no ensino da literatura que deve ser tratada primeiramente como arte e depois como instrumento para o ensino pedagógico.

2. BREVE HISTÓRIA DO TEATRO

A origem etimológica da palavra teatro vem do grego, theatron, que significa “espaço de onde se vê”. Porém, podemos considerar esta definição como subjetiva se compará-la ao termo odeion, que definia o edifício onde se representava. O teatro surgiu da necessidade intrínseca do homem de expressar os seus sentimentos, expor suas inquietudes primitivas, representar a realidade e até mesmo sobrepujá-la. Não é mera coincidência que a prática teatral tenha surgido como um culto ao deus Dionísio, associado ao vinho e as festividades no aval da mitologia grega.

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