O filme “TROPA DE ELITE”
Tese: O filme “TROPA DE ELITE”. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ivanycrato • 28/9/2013 • Tese • 2.427 Palavras (10 Páginas) • 889 Visualizações
O filme apresenta inicialmente a polícia militar convencional carioca que está tomada pela corrupção. Dinheiro vindo do jogo do bicho ou das propinas que ganham pela venda de armas aos traficantes. Mas também mostra o BOPE, tropa de elite da polícia militar, que faz parte dela, mas que na prática é completamente diferente. Ele foi criado para intervir quando a polícia convencional, não consegue dar conta do serviço.
Este filme além de fazer uma crítica à corrupção da polícia carioca também mostra a hipocrisia da classe média, representada por estudantes universitários que fazem trabalhos em ONGs nas favelas. Eles criticam a violência policial, mas, no enredo do filme que não está longe da realidade da sociedade, estes mesmos estudantes, realizam o consumo e o tráfico de drogas nas festas e na própria universidade e assim favorecendo a violência urbana. Surge então uma linha tênue; A cultura cria o que é proibido socialmente (criminoso, louco) e o rejeita definindo uma fronteira para além da qual tudo é transgressão. Metodologicamente, nossa análise está baseada na “crítica diagnóstica da cultura”.
O que é cultura?
Cultura é um conjunto de manifestações artísticas, sociais lingüísticas e comportamentais de
um povo ou civilização. A música, o teatro, rituais religiosos, a língua falada e escrita, mitos, hábitos alimentares, danças, arquitetura, invenções, pensamentos, formas de organização social fazem parte da cultura de um povo. Uma das capacidades que diferenciam o ser humano dos animais irracionais é a capacidade de produção de cultura.
O filme “TROPA DE ELITE” traz uma crítica à corrupção da polícia carioca, mostra a hipocrisia da classe média, representada por estudantes universitários, que criticam a violência policial. Realidade da cultura da sociedade carioca, estes mesmos estudantes consomem drogas e participam do tráfico de drogas nas festas estudantis e até mesmo dentro da universidade, dessa maneira favorece a violência urbana carioca.
Manifestações culturais apresentadas no filme tropa de elite.
Tropa de Elite expõe manifestações culturais objetivando aproximar ao máximo as cenas com a realidade, o filme mostrou o cotidiano da periferia (pobreza extrema e violência), mostra a guerra urbana apresentada pelo BOPE, cuja preparação é para a guerra e pelos estudantes que fazem um trabalho em ONGs e reclamam da ação dos policiais e ao mesmo tempo usam e traficam drogas, favorecendo também a violência.
Numa das cenas em que soldados do Bope sobem o morro em uma ação para coibir o
tráfico, Nascimento e seus soldados dominam e interpelam com truculência alguns
traficantes e um usuário, a maioria consumindo drogas. Logo no início da ação, um dos
supostos traficantes é morto por um dos soldados. Nascimento agarra o usuário, que alegou
ser apenas um estudante, e esfrega sua cabeça no cadáver dizendo que o estudante é que de
fato matara aquele sujeito, uma vez que é graças a pessoas como ele que o tráfico, e a
violência ligada a essa atividade se mantém. Chama a atenção o fato de que o usuário
acusado por Nascimento é o mesmo universitário que aparece em outras cenas condenando
as ações da polícia durante uma aula em que o personagem Matias, já membro do Bope,
estava presente. Também aparece usando drogas com outros universitários ligados a uma
Organização Não-Governamental (ONG) que atuava numa favela. Essas cenas mostram uma
relação clara da classe média liberal com o narcotráfico – e de maneira direta, assim como as
incisivas falas em off do cap. Nascimento.
A certa altura do filme, Matias depara-se com uma manifestação pela paz. Em meio
ao grupo, reconhece colegas universitários, membros da classe média esclarecida. Matias
demonstra raiva pela morte recente de seu amigo e membro do Bope, Neto; com um olhar
agressivo, aborda e agride violentamente o universitário envolvido com o narcotráfico (o
mesmo rapaz abordado em cena anterior, no morro, pelo cap. Nascimento), que
indiretamente fora responsável pela morte de Neto (“Ele matou meu amigo!”). A mesma
classe média esclarecida da universidade sobe o morro tanto para comprar drogas como para trabalhos sociais em ONGs. Há, no filme, uma relação orgânica entre a classe média e o
narcotráfico. Para o capitão Nascimento, traficantes e usuários são igualmente perigosos
para a ordem pública, pois, segundo o próprio, “quem ajuda traficante é cúmplice”. Dessa
forma, procura-se derrubar a máscara da classe média “socialmente consciente” (que
participa de ONGs, faz passeatas pela paz) que contribui para a marginalidade ao mesmo
tempo em que procura exercer um papel social que, na visão do capitão Nascimento, não
passa de uma forma de cinismo, pois “ninguém faz protesto contra morte de policial;
protesto é pra morte de rico”. A brutalidade da realidade vivida pelo capitão Nascimento
reflete-se em sua fala, e a mesma realidade brutal provoca reação similar no antes tranqüilo
aspirante Matias.
Considerar o narcotráfico como forma natural e inevitável de se inserir essa
população, que vive onde o narcotráfico domina, no mercado, é conseqüência desse juízo.
Esquece-se, assim, a inclusão desses mesmos grupos nos modos de produção capitalistas (os
trabalhadores) e leva-se a segundo plano o fato de que o narcotráfico está imiscuído – ainda
que ilegalmente, mas de forma sólida – na sociedade de consumo, ou seja, que sua circulação
não se limita a áreas
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