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RESUMO DE DOIS TEXTOS DE LUIZ CARLOS TRAVAGLIA

Por:   •  30/11/2017  •  Resenha  •  1.128 Palavras (5 Páginas)  •  1.155 Visualizações

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RESUMO DE DOIS TEXTOS DE LUIZ CARLOS TRAVAGLIA

        O ensino da Língua Materna tem, por objetivos, (1) desenvolver a competência comunicativa dos usuários da língua (falante; escritor/ouvinte; leitor), de modo que possam empregá-la, eficazmente, nas diversas situações de comunicação. Tal competência liga-se à do conceito de "criatividade linguística" de Chomsky: a de gerar número infinito de frases gramaticais. Para tornar estudantes comunicadores competentes, é preciso que a escola, consubstanciada com sua comunidade, converta-se no espaço da pluralidade dos discursos.

        Por sua vez, o segundo objetivo, (2) desenvolver a competência textual, faz uso das capacidades textuais básicas, que são, segundo Charolles (1979): a) formativa: capacita a produzir e compreender número potencialmente ilimitado de textos, bem como a avaliar a qualidade de sua formação; b) transformativa: capacita a reformular textos, e a julgar se o produto advindo dessas transformações é um equivalente sintático desejável; c) qualificativa: conectada à formativa, por pressupor a capacidade de escrever do (a) usuário (a) da língua, ela capacita a categorizar textos sob determinadas tipologias (por exemplo, romance, poesia ou outro).

        Nessa linha, e sendo o texto espaço intersubjetivo, o produto da interação maciça entre sujeitos da linguagem, na escola é preciso possibilitar o contato com textos escritos os mais variados, bem como fomentar discussões sobre os mesmos, assim fornecendo subsídios ricos para o estudo da língua.

        Adentrando uma arena nova, de tom sociológico, chega-se, então, ao terceiro objetivo: (3) fazer conhecer a instituição linguística e a social fundadas na língua, além de como esta se constituiu e opera. Finalmente, a última razão: (4) fazer perambular por terras de constituição mais metalinguística (as do modo de pensar científico), as quais deslocam o ensino da língua materna para dentro de universo consideravelmente mais amplo, marcado pela agudez e contundência de observações e argumentações "científicas", constituídas de (e "consumidas em") linguagem.

        Porém, não há como compreender, em plenitude, o ensino da Língua Materna sem compreender, conceitualmente, gramática. Em geral, ela é definida como manual normativo do bom uso da língua (gramática normativa); do falar e escrever bem. Nesse decalque limitador da suntuosidade selvagem inerente às línguas, ela demanda, com inflexibilidade violenta, obediência ardorosa por parte dos falantes, sob pena de, se se esquivarem, contribuírem com a "degenerescência" linguística de  seu país.

        Tal concepção é perigosa porque fundada sobre argumentações prescritivas, capazes de produzir preconceitos, em geral de natureza social e econômica. Esses argumentos podem ser: a) estéticos: pautam sobre a elegância, a beleza e a ausência de vícios, como o pleonasmo; b) elitistas: segregam, condenam e proscrevem as formas usadas pelo povo; c) políticos: ao zelar pela manutenção da língua como um dos modos de manutenção da soberania nacional, condenam, radicalmente, o uso de estrangeirismos; d) comunicacionais: nessa visão caolha, apenas a sintaxe e o léxico mais claros e concisos têm vez, e desconsideram-se todas as situações de interação comunicativa nas quais o hermetismo, o paradoxal e o prolixo produzem os efeitos mais desejáveis; e) históricos: perniciosos, compreendem a língua como organismo vivo, que nasce, cresce e, uma vez descuidada, degenera; um corpo deteriorável sob a égide do "erro", do "desvio".

        Concepção mais maleável da gramática é a chamada descritiva. Sob seus preceitos, e à luz de predeterminados método e teoria, o cientista distingue as categorias, funções e relações em que consistem as expressões de uma língua. Duas correntes básicas da gramática descritiva, a teoria gerativa-transformacional (que trabalha com enunciados ideais, produzidos por falante/ouvinte ideal) e as teorias estruturalistas (que privilegiam a descrição da língua oral) fazem, considerando a dicotomia langue/parole proposta por Saussure, uma "linguística da langue", do sistema formal e abstrato da língua, visto como algo homogêneo que regula as variações da parole (fala, uso).

        A década de 60 em diante assiste ao advento de diversas correntes de estudo da língua, por exemplo Linguística Textual, Análise do Discurso e Semântica Argumentativa, as quais já prefiguram o corpo da linguística da enunciação ou do discurso, interessada pela plenitude da língua: seu sistema formal, a linguística da fala que considera a variação linguística, e a relação da língua com a situação de comunicação como um todo e com cada componente. Outros tipos de gramática são:

        Gramática internalizada, objeto de estudo das gramáticas normativa e descritiva: conjunto de regras, dominado pelos falantes, que lhes permite o uso normal da língua

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