Relaçao de Dom Quixote e Quincas Borba

Pode-se dizer que Quincas Borba e Rubião poderiam ser apenas Dom Quixote, em vez de, por exemplo, ser Dom Quixote e Sancho. Além disso, é plausível afirmar que Quincas Borba partilha características de Dom Quixote como a natureza de sua loucura ser resultado das leituras de romances e também é um resultado da inexistência de fronteiras entre a vida e o texto.

Com relação à loucura nos dois enredos, primeiramente, os dois personagens – Rubião e Dom Quixote são movidos por um desejo. Dom Quixote teria o desejo de tornar-se um cavalheiro ideal e o Romance de Cavalaria vem para mediar esse desejo, ou seja, um desejo mimético que parte da mediação de algo.

Já na parte de Rubião, o desejo é Sofia e o mediador para esse desejo seria o personagem Cristiano Palha, de modo que Rubião deseja ser Palha. Rubião deseja imitar a relação dos dois, por isso Sofia seria o objeto desejado visto que Palha se tornaria o obstáculo para esse amor.

Em ambas as obras ocorre uma tragédia em que o herói é excluído do grupo social a que pertence. Ambos os personagens, Dom Quixote e Rubião, iniciam esse desejo a partir de obras romanescas. Como é certo, em todo romance para o amor surgir é inevitável que haja um obstáculo criando o mecanismo do desejo. O amor em Dom Quixote, idealização do cavalheiro ideal e o seu obstáculo seria a sociedade. E em Rubião o seu desejo/amor é Sofia e seu obstáculo é Cristiano Palha.

De modo que Machado de Assis cria o personagem Rubião como um romântico sentimental, doentio e obsessivo, sendo transformado numa voz que critica o Romantismo, ao apresentar Rubião como um homem que investe na relação amorosa.