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Resenha do Artigo de CASTRO, Marilda de Souza. Paisagens e vozes da história/histórias

Por:   •  23/6/2019  •  Resenha  •  501 Palavras (3 Páginas)  •  282 Visualizações

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Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Letras

Introdução à Literatura Portuguesa

Docente: Silvana

Aluna: Letícia Peres

CASTRO, Marilda de Souza. Paisagens e vozes da história/histórias. São Paulo, Revista do CESP - v.21, n 28-29 – jan./dez. 2001

Sinteticamente, o trabalho visa ao estabelecimento de uma relação entre Literatura e História, com base na obra Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Dessa forma, ocorre a secção de alguns tópicos fundamentais para configurar o processo de reminiscência abordado no texto. Sob esse viés, inicialmente, diante de uma paisagem de cacos e ruínas, apresenta-se o conceito de Benjamin acerca de “história e temporalidade”, no qual salienta-se que há a disposição de uma nova acepção da Inconfidência Mineira, em que a autora cria uma nova paisagem e dá voz a diversos personagens, a fim de que eles contem as suas próprias versões dos acontecimentos. Ademais, o fato de o leitor ser colocado frente a frente com o autor é um ponto enfatizado por Castro (2001), uma vez que isso facilita a compreensão textual. Tudo isso é feito com base na superposição dos tempos, isto é, a perda da linearidade (perspectiva benjaminiana), com o intuito de aproximar as épocas. É importante destacar, também, que há a defesa do ponto de vista que a autora da obra interfere em meio às falas dos personagens, a fim de exprimir o seu ponto de vista e fazer reflexões que contemplem aos marginalizados pela história, o que é comprovado diante de citações.

Tendo em vista a valorização da obra, propõe-se, também, um estudo sobre a polifonia de vozes que coexistem nos ensaios. Para tanto, utiliza-se o método dialógico de Bakhtin, inclinando a projeção textual para as vozes do povo, isto é, das “histórias que vêm de baixo”. Esse mecanismo é capaz de articular passado e presente, além de incitar novas visões a respeito da versão histórica original. De forma atenta, Castro (2001) analisa o trabalho da linguagem, que passa a ser realizado de forma artística. Assim, o leitor é colocado diante de um passado que, seguindo as intenções de Cecília Meireles, faz-se totalmente relacionado com o presente, uma vez que o primeiro se justapõe de forma repentina ao segundo, o que configura, por conseguinte, na apresentação descontínua dos fatos, onde cenas do passado, por exemplo, disputam lugar com cenas do presente.

Seguindo essa lógica, percebe-se, com a análise que, leitor e poeta encontram-se em uma relação íntima, visto que seguem por caminhos ora convergentes ora travando um embate com o próprio texto. Com isso, o leitor torna-se capaz de formular suas próprias concepções sobre a peça poética, na qual a produção de sentido dá-se pelo percurso orientado pelo poema, que abarca um campo semântico inesperado. Por conseguinte, pode-se concluir que, a hipótese criada pela autora do artigo demonstra-se corroborada pelos diversos aspectos que contrapõem passado e presente no texto ceciliano, de modo que a multiplicidade de vozes e de histórias conduzem o leitor a uma reflexão sobre essa convergência temporal que o mantém, ao passo que ele é captado sob a ênfase do presente.

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