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Resenha do livro Aquisição da Escrita

Por:   •  11/6/2018  •  Resenha  •  1.467 Palavras (6 Páginas)  •  957 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

 CURSO DE LETRAS

DEBORAH GOMES DA CUNHA COELHO

RESENHA CRÍTICA

AQUISCAO DA ESCRITA

GOIANIA

2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE LETRAS

DISCIPLINA: FONOLOGIA DO PORTUGUÊS

DOCENTE: ALINE DA CRUZ

DISCENTE: DEBORAH GOMES DA CUNHA COELHO

FAYOL, Michel. Aquisição da escrita. 1. ed. São Paulo: Parábola, 2014.Trad. Marcos Bagno.

 Michel Fayol é um pesquisador francês, professor emérito em psicologia do desenvolvimento, especializado na aquisição de leitura e escrita das crianças em francês, e na aquisição de habilidades numéricas também em francês. Autor do livro Aquisição da escrita, da editora Parábola, traduzido por Marcos Bagno, que possui 107 páginas ao todo.

   No livro Aquisição da Escrita, o autor aborda as dificuldades da aquisição da linguagem escrita e da leitura, algo que para ele é bem mais complexo que a da oralidade. Para o autor, a escrita é uma convenção cultural humana e, portanto, não ocorre de forma natural, deve ser adquirida e praticada, diferentemente da oralidade. A oralidade, por sua vez, é adquirida pela criança em seu cotidiano, por isso é considerada por ele um aprendizado com um nível de complexidade maior. É importante ressaltar que exatamente por ter que ser adquirida, e geralmente é aprendida em ambiente formal, a aquisição da escrita e a leitura está diretamente ligada a fatores sociais.  

  O teórico, no capítulo I, discorre sobre como ocorre os processamentos das palavras por parte dos adultos, o que é, em geral, comparado com o das crianças durante o decorrer do capítulo. Para tanto, ele pontua que em todos os sistemas de escrita existem uma interação direta entre o som e o sentido das palavras, sendo que o objetivo da leitura é a compreensão. Os leitores experientes são capazes de compreender mais rapidamente as palavras já conhecidas por ele, esse processamento ocorre pela ativação a partir de determinadas sequências de letras, das configurações que combinam unidades de tamanho inferior à palavra.  

A compreensão de um texto consiste no estabelecimento de uma relação entre os dados presentes no mesmo e os conhecimentos prévios do leitor para preencher as lacunas do próprio texto, configurando o que seria o entendimento do que se está implícito. Um leitor experiente é capaz de decodificar de forma rápida e automática um grande número de palavras se apoiando em seu conhecimento ortográfico, e simultaneamente buscar em sua memória relações com as descrições e implicações feitas no texto.

Também é ressaltado pelo autor que existe uma grande diferença entre a linguagem oral cotidiana e a escrita. Fato que fica mais claro quando são feitas comparações entre uma conversa informal pessoalmente com alguém e um trabalho formal para a faculdade, utilizando-se de duas formas diferentes de linguagem nos dois casos. Entretanto, há também diferenças entre uma conversa pessoalmente e uma conversa feita por intermédio de redes sociais, mesmo que ambas sejam informais, uma é oral e a outra é escrita e, sendo assim, são linguagens diferentes, já que no caso da conversa por redes sociais as pessoas conseguem repensar e, por conseguinte, reescrever o que querem dizer, o que não acontece na oralidade.  

Fayol conclui o primeiro capítulo apontando a existência de uma população de adultos iletrados ou escassamente letrados nos países, mesmo com a existência de uma prolongada alfabetização sistemática nesses mesmos países. Ele aponta que esse problema é decorrente das diferenças socioeconômicas.

Já no capitulo II ocorre a focalização em como a criança adquire a leitura e a escrita. A escrita é uma ferramenta que permite a comunicação e a descrição de fatos, entre tantas outras funções, a criança as descobre e depois se apropria delas, isso ocorre em geral durante o seu processo de alfabetização. As crianças que são expostas mais cedo a estímulos que estão relacionados com a escrita, como desenhar, escutar histórias lidas por seus pais, entre outros, têm mais facilidade no processo de aquisição da escrita, portanto, desde esse período as diferenças socioculturais têm suma interferência.

Durante a primeira infância, até os 3 anos de idade, a criança não consegue diferenciar quando é pedido para que elas escrevam e quando é para desenharem, não conseguem distinguir as duas tarefas. Porém, a partir dos 5 anos,  por mais confusas que pareçam as produções infantis, é perceptível uma nítida distinção entre estas duas tarefas, quando desenham fica claro que estavam se atentando às questões visuais. É por volta dessa idade que elas assimilam algumas características da escrita, como o fato de ela ser linear e comportar letras separadas por espaço. O descobrimento e a compreensão de fato das noções de palavra, frase e texto dependem do acesso ao letramento que elas terão, que é um processo bem longo.

Ainda no segundo capítulo o autor dá exemplos de vários autores, como o Chomsky, que defendem que a escrita deve anteceder a leitura, pois isso está relacionado ao princípio alfabético, quando as crianças compreendem que a escrita traduz a fala por meio da junção das letras, as quais elas conheceram antes, formando os sons correspondentes. Através dessa ordem de apresentação do conteúdo é facilitado o processo de aquisição da escrita, pois a partir do estudo dos nomes das letras e diferenciação de cada uma delas, as crianças já pré-estabelecem relações com os sons de cada letra, já que algumas delas possuem no começo ou no final do seu nome o equivalente a seu fone, facilitando na hora da leitura o reconhecimento das palavras.

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