Resenha do livro: O que é linguística
Por: Camila Montalvão • 10/4/2018 • Resenha • 1.380 Palavras (6 Páginas) • 643 Visualizações
Resenha crítica do livro O que é linguística
Resenha feita por: Camila Montalvão e Fhilype Rodrigo
Letras – Inglês
Turno: Manhã
Eni Orlandi, nascida em São Paulo, é pesquisadora e professora universitária. Graduada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara em 1964, mestra em Linguística pela Universidade de São Paulo em 1970, doutora em Linguística pela Universidade de São Paulo e pela Universidade de Paris/Vincennes em 1976. Se dedicou a Teoria e Análise do Discurso, do qual foi a introdutora no Brasil. Orlandi publicou diversos livros, entre eles, “O que é linguística”.
A obra aborda os estudos em torno da linguagem, a história e a visão científica dos estudiosos sobre a língua. A autora começa tratando do poder e necessidade do homem em estudar a linguagem, define o que é ou não linguística, passa pela ótica de Saussure e descreve como funciona as diversas correntes linguísticas (estruturalismo, funcionalismo, gerativismo). Eni Orlandi ainda levanta questões relacionadas à sociolinguística, pragmatismo, teoria da enunciação e analise do discurso.
Nos dois primeiros capítulos, Saber e poder e O que é e o que não é linguística, a autora afirma que o ser humano sente necessidade em obter conhecimento a fim de ter controle sobre o mundo e isso se daria a partir da linguagem. É retratado, através da história, como a curiosidade pela linguagem é antiga, porém apenas com a criação da linguística é que esse interesse toma a forma de ciência, com método e objeto próprios. Em seguida, Orlandi diferencia o que é e o que não é linguística, distinguindo esta da gramática normativa. Ressalta dois momentos precursores do desenvolvimento da Linguística que foram o século XVII, que é o século das gramáticas gerais, e o século XIX, com suas gramáticas comparadas. E “nessa trama histórica que enreda o pensamento linguístico”(ORLANDI, 1986), a autora aponta duas tendências conflitantes: o formalismo e o sociologismo.
No capítulo três, o enfoque está no Curso de Linguística Geral, obra póstuma de Ferdinand de Saussure, essa que deu início a linguística Moderna. A partir dos ensinamentos dele, foram estabelecidas quatro disciplinas que correspondem à quatro diferentes níveis de análise: a fonologia, sintaxe, morfologia e semântica. Saussure traz à linguística um objeto específico: a língua e elabora assim suas dicotomias. Dessa maneira, com os conceitos de língua, valor e sincronia, ele corrobora com o título de ciência dado a linguística. Saussure chama essa organização interna de sistema, conceito que será renomeado estrutura pelos seus sucessores. Dentro da corrente estruturalista, surgiu o funcionalismo, com seus aspectos: fônicos, gramaticais e semânticos. No entanto, os seguidores do pai da linguística moderna encontram dificuldades nas distinções dos aspectos fônicos e para contorná-las, passam a trabalhar com relações de contraste e oposição. Esses dois tipos de relação constituem os eixos: paradigmático e sintagmático, que segundo Orlandi (2009) , “[...]são o suporte da organização geral do sistema da língua”.
A escritora aponta, no capítulo 4, que há mais de um funcionalismo e entre eles, existe um que considera as funções constitutivas da natureza da linguagem. Essas funções vão ser caracterizadas segundo o papel de cada um dos elementos do esquema da comunicação e classificadas em: poética, expressiva, conotativa, referencial e metalinguística. Nos Estados Unidos, a partir dos ensinamentos de L. Bloomfield, é desenvolvido o distribucionalismo, uma outra forma oriunda do estruturalismo baseada no behaviorismo. Ligados ao desenvolvimento da linguística, surgiram os círculos linguísticos e os principais foram: o de Moscou (1915), o Circulo de Praga (1928) e o de Copenhague (1931).
No capítulo seguinte, Chomsky: uma teoria científica explicativa, é abordada a teoria gramatical do Gerativismo de Noam Chomsky, que foca na sintaxe, vista como autônoma. Segundo Chomsky, o linguista é responsável por descrever a competência (capacidade de produzir e compreender mensagens) em detrimento da performance (uso concreto da língua). Nessa teoria, prevalece as ideias do racionalismo, universalismo e inatismo em que o falante ideal possui uma gramática interna que será caracterizada pela gramática produto da linguística. Entretanto, esse princípio possui dissidências na relação semântica e sintática, que resultaram na reformulação do modelo gerativista por Chomsky.
Posteriormente, no capítulo 6: O social e cultural, a obra começa a destrinchar o estudo da relação entre a língua e sociedade. Dividindo em três variações: sociolinguistica (a linguagem é resultado social), etnolinguistica (o social é definido pela linguagem) e a sociologia da linguagem (ações sociais e linguísticas andam sempre em conjunto). Paralelo à etnolinguistica está a teoria de Sapir-Whorf que determina que no fundo os pensamentos serão diferentes em outras culturas. Além disso, Orlandi aborda a questão do Pragmatismo, que tem como objeto de análise: o signo e sua significação, mas dessa vez não de forma sintática ou semântica, mas de relação signo-usuário. Existem diferentes tipos de visões pragmáticas, algumas retratadas no livro são a referencial, a behaviorista e a “relação de interlocução”, tendo nesse tipo três setores: análise convencional, atos de linguagem e a teoria da enunciação.
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