Semana de Arte Moderna

SUMÁRIO

I. Introdução......................................................................................................4

II. O Tema............................................................................................................5

III. Semana da Arte Moderna..............................................................................6

IV. Paulicéia Desvairada...................................................................................13

V. Sangue em Copacabana.............................................................................15

VI. A Revolução Paulista de 1924....................................................................19

VII. As Colunas da Morte...................................................................................29

VIII. Bibliografia...................................................................................................33

INTRODUÇÃO

Assim ficaram conhecidos os anos 20. Em 1918 terminara a I Guerra Mundial, começada em 1914, e o mundo, com exceção da Alemanha, derrotada, podia enfim respirar aliviado. Expandiu-se então por toda a parte uma euforia assinalada pelo desejo incontido de aproveitar a vida. Enquanto se comemorava a paz, ao mesmo tempo enterravam-se velhos preconceitos.

Eram os primeiros anos dourados do século. Os progressos da tecnologia certamente tiveram muito a ver com o fascínio daqueles anos. Inventado no começo do século, o cinema popularizava-se, tendo já astros famosos, ídolos, todos belos e extravagantes. Só lhes faltava falar... e, no final da década falaram.

Surgiu depois o rádio, outra maravilha, que logo serviu à divulgação dos novos ritmos musicais, como o samba, o tango e o foxtrote, para alegria dos que ainda não possuíam gramofone, aparelho movido à corda, para ouvir discos.

A aviação, que provara ser eficiente arma de guerra, e não apenas um esporte perigoso, passava a ter utilidade prática também na paz, principalmente como correio, ligando cidades, países e até continentes.

O automóvel passou a ser fabricado em série, ao alcance do bolso de um número maior de consumidores, e em modelos variados, especialmente o conversível, aqui chamado de baratinha.

Definitivamente desapareciam os coches, as vitórias, os tílburis – veículos, alguns luxuosos, de tração animal.

No Brasil, precisamos em São Paulo, logo em 1922, tivemos uma revolução, não sangrenta, mas que marcou e modificou a vida da nação. Aconteceu em três noites alternadas, dentro do Teatro Municipal – a Semana da Arte Moderna. Uma batalha feroz na qual poetas, escritores, pintores, escultores, músicos e conferencistas foram alvos constantes de vaias, xingos, tomates e ovos podres. Apesar de tudo, saíram vitoriosos.

Houve, porém, outras revoluções, estas sangrentas. A dos 18 do Forte de Copacabana foi um massacre.

A de 1924 desenvolveu-se dentro da cidade de São Paulo, rua a rua, bairro a bairro. Seguiu-se a Coluna da Morte, que pôs em ação a tática das guerrilhas. E mais tarde, outra, a Coluna Prestes, mais numerosa e bem armada, que durante os anos desafiaria o governo federal, tornando-se lendária e imortalizada em livros.

Nessa década, nem sempre feliz, a luta também se desenvolveu no terreno das idéias políticas. Além dos anarquistas, idealistas um tanto vagos, surgiram os comunistas, que já dominavam a Rússia desde 1917, e os fascistas, a Itália, liderados por Mussolini, que ameaçava o mundo com gestos e caretas. O povo brasileiro, que não contava com nenhuma proteção trabalhista, como férias, aposentadoria, assistência hospitalar, hesitava, confuso, entre as diversas tendências. Qual delas mais o beneficiaria?

Mas pelo menos nos fins de semana procurava divertir-se. O futebol já se tornara uma paixão nacional e ver Friedenreich jogar, talvez o maior atacante do mundo, era uma felicidade. O cinema firmava-se como grande diversão, embora as famílias mais conservadoras não aceitassem que artistas se beijassem. Que fosse na testa, sim, mas na boca... Freqüentar a praia, antes condenado, já se fazia rotina nos anos 20. Passava a ser chique. Mas os almofadinhas e as melindrosas, os elegantes da década, certamente preferiam o footing, passeio na rua principal do bairro, e dançar nos clubes. Aliás, outro ritmo surgira, melhor que qualquer outro para dançar, o charleston...

O povo era no geral trabalhador e ordeiro. Porém recomendava-se o máximo cuidado com portas e janelas abertas. Gino Anleto Meneghetti, o ladrão, ágil como um gato, podia estar próximo. Os jornais viviam se ocupando dele. Apenas o esqueceram um pouco quando estourou nas manchetes o apavorante mistério do Crime da Mala.

Eram anos de risos, extravagâncias, inventos, paixões e sangue.

O TEMA

Justificativa – Escolhi esse tema devido às informações obtidas da época. Me interessei e resolvi desenvolvê-lo.

Objetivos – Obter todas as informações possíveis da época e a coragem que tiveram nossos artistas para mudarem a história do nosso País.

A SEMANA DE ARTE MODERNA

Gabriel precisava de dinheiro: doze mil e quinhentos réis, preço de um ingresso no balcão do Teatro Municipal para a primeira récita da Semana de Arte Moderna. Pelo menos o espetáculo inicial, do dia 13, não poderia perder. Alguns companheiros da Pensão República já haviam reservado ingresso para os três dias, 13, 15 e 17, mas eram quase todos filhinhos de papai, endinheirados, de família de fazendeiros, que na maioria estudavam Direito na capital. A Pensão República, numa esquina da praça, não era para qualquer um. Tinha até telefone. Ele, Gabriel, era o único entre os rapazes que não cursava faculdade nem recebia mesada. Trabalhava, à espera de que os pais e irmãos menores viessem de Campinas.

- Essa pensão é cara – ponderou o pai de Gabriel quando o acompanhou a São Paulo. – Se não arranjar emprego num mês ...

Mas era lá mesmo que o inquieto Gabriel queria