Simbolismo O Seu Significado E Efeito
Por: Raphael Soares Menten • 31/3/2019 • Bibliografia • 17.821 Palavras (72 Páginas) • 213 Visualizações
Simbolismo - o seu Significado e Efeito
Alfred North Witehead
Textos Filosóficos
Director da Colecção:
ARTUR MORÃO Licenciado em Filosofia; professor da Secção de Lisboa da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa
SIMBOLISMO
O SEU SIGNIFICADO
E EFEITO
Título original: Simbolisn, its meaning and effeci (@) 1927, by the Macmillan Company Copyright renewed, 1955, by Evelyn Whitehead Published under agreement with the Syndicate
of the Cambridge University Press
Tradução de Artur Morão
Capa de Jorge Machado Dias
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Alfred North WHITEHEAD
O SIMBOLISMO, O SEU SIGNIFICADO E EFEITO
edições 70
DEDICATÓRIA
Estes capítulos foram escritos antes de eu ter visto o monumento de Washington, em frente ao Capitólio na Cidade Washington, e antes de ter saboreado a experiência de atravessar as fronteiras do Estado de Virgínia - uma grande experiência para um inglês.
Virgínia, símbolo do idílio e da aventura em todo o mundo de língua inglesa: Virgínia, conquistada para esse mundo no período romântico da história inglesa por Sir Walter Raleigh, a sua mais romântica figura; Virgínia, que se manteve fiel à sua origem e impregnou de romanesco a sua história.
0 romanesco não trouxe uma felicidade ininterrupta: Sir Walter Raleigh sofreu por causa dele. 0 idílio e a aventura não rastejam pelo chão; como o monumento em memória de Washington, elevam-se ao alto - um fio de prata que une a terra ao azul dos céus.
18 de Abril de 1927
PREFÁCIO
De acordo com as condições da Barbour-Page Foundation, estas conferências são publicadas pela Universidade da Virgínia. 0 autor agradece às autoridades da universidade a cortesia que tiveram em aceder aos seus desejos em relação a alguns pormenores importantes da publicação. Com excepção de umas quantas alterações irrelevantes, as conferências imprimem-se como
foram pronunciadas.
Compreender-se-ão melhor pela referência a algumas partes do Essay Concerning Human Understandíng de Locke. 0 autor sente-se também em dívida com Locke's Theory of Knowledge and Its Historical Relations de Prof. James Gibson, Prolegomena to an Idealista Theory of Knowledge do Prof. Norman Kemp Smith, e Scepticism and Animal Faítb de George Santayana.
Universidade de Harvard, junho de 1927
A.N.W.
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CAPíTULO 1
1. Tipos de Simbolismo
A mais superficial inspecção das diferentes épocas da civilização revela grandes diferenças na sua atitude relativamente ao simbolismo. Por exemplo, durante o período medieval europeu, o simbolismo parecia dominar as imaginações dos homens. A arquitectura era
simbólica, o cerimonial era simbólico, e simbólica era também a heráldica. Com a reforma, surgiu uma
reacção. Os homens tentaram dispensar os símbolos como «coisas sem base, inutilmente inventadas», e concentraram-se na sua apreensão directa dos últimos factos.
Mas semelhante simbolismo encontra-se na franja da vida. Tem um elemento inessencial na sua constituição. 0 facto real de ele se poder adquirir numa época e de se pôr de lado noutra dá testemunho da sua natureza superficial.
Há tipos mais profundos de simbolismo, artificiais em certo sentido e, no entanto, tais que não os podemos dispensar. A linguagem escrita ou falada é um desses simbolismos. 0 simples som de uma palavra, ou a
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sua configuração no papel, é indiferente. A palavra é um símbolo e o seu significado é constituído pelas ideias, imagens e emoções que suscitam na mente do ouvinte.
Há urna outra espécie de linguagem, apenas uma linguagem escrita, que é constituída pelos símbolos matemáticos da ciência da álgebra. De certo modo, estes símbolos são diferentes dos da linguagem comum porque a manipulação dos símbolos algébricos faz o raciocínio em nossa vez, contanto que observemos as regras algébricas. Uma coisa assim não acontece com a linguagem comum. Nunca podemos esquecer o significado da linguagem e confiar na mera sintaxe para nos ajudarmos. De qualquer modo, a linguagem e a álgebra parecem exemplificar tipos de simbolismo mais fundamentais do que as catedrais da Europa medieval,
2. Simbolismo e Percepção
Há ainda um outro simbolismo mais básico do que o dos tipos precedentes. Levantamos o olhar e vemos unia forma colorida à nossa frente e dizemos - está aí uma cadeira. Mas o que vimos foi a simples forma colorida. Talvez um artista não tivesse saltado logo para a noção de uma cadeira. Podia ter-se detido na simples contemplação de uma bela cor e de uma bela forma. Mas, os que dentre nós não são artistas sentem-se muito inclinados, sobretudo se estão cansados, a passar imediatamente da percepção da forma colorida para a fruição da cadeira em alguma forma de uso, ou da emoção, ou do pensamento. Facilmente podemos explicar esta passagem pela referência a um encadeamento de difíceis diferenças lógicas, mediante as quais, tendo em consideração as nossas experiências prévias de formas várias e de cores diversas, tiramos a conclusão provável de que estamos na presença de uma cadeira. Sou muito céptico quanto ao carácter qualitativamente superior da mentalidade requerida para ir da forma colorida para
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