Texto sobre a gramática
Por: 2324Ari • 10/6/2016 • Artigo • 1.062 Palavras (5 Páginas) • 2.156 Visualizações
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Pós-Graduação em Letras
Ariadne M. L. Patriota Bomfim
Matrícula: 071102744
A linguagem na crônica:
Ai, Gramática. Ai, vida.
[pic 1]
São Paulo
2011
A gramática e a vida
Será que a gramática é mesmo um conjunto de regras a serem decoradas, e portanto, algo chato de se aprender, e, porque não dizer, de si ensinar? Qual, afinal, a relação gramática e a prática da linguagem ?. Como se pensar o ensino da gramática voltado para a vida, ou seja focalizando os recursos disponíveis para a produção de sentido?
Na crônica Ai, Gramática. Ai, Vida., Moacyr Scliar discute a relação da gramática com a vida, ou seja, os conteúdos gramaticais, especificamente a pontuação, vistos sob um enfoque prático, a serviço da linguagem, do interesse do falante. A questão não é a relevância ou não do ensino da gramática, mas a abordagem de um conteúdo gramatical voltado para e comprometido com o uso da língua. Nesse sentido, a gramática é vida, pois não existe falante sem o conhecimento da gramática. Gramática é um negócio importante e gramática se ensina na escola – mas quem, professores, nos ensina a viver?... É preciso aprender não para a escola, mas para a vida.
Com esse propósito, o texto associa, de uma forma bem humorada, as várias etapas da vida a um sinal de pontuação, produzindo um sentido específico relacionado à cada fase da vida de acordo com um sinal de pontuação empregado. A ideia é que a gramática está presente o tempo todo no cotidiano do falante de uma língua.. Daí a afirmação: “A vida de uma pessoa é balisada por sinais ortográficos... Podemos acompanhar a vida de uma criatura... marcando as diferentes etapas por sinais de pontuação.” A crônica divide a biografia de uma pessoa em três grandes momento e os relaciona a determinados sinais de pontuação.
I - AS FASES DA VIDA E OS SINAIS DE PONTUAÇÃO
1. A infância: a permanente exclamação
Na crônica, a exclamação está associada às grandes emoções que se vive nos primeiros anos de vida, desde à surpresa do sexo da criança, à emoção das primeiras descobertas e aprendizagem. Além desse aspecto, a exclamação contribui para marcar uma ênfase de uma ordem, de uma conversa, de um pedido.
Percebe-se a função da exclamação na escrita de um determinado texto. Ela é o recurso que a língua oferece para marcar um enunciado com emoção, como também para expressar uma ênfase no que está sendo dito. Isso é determinado pela intenção de quem usa a língua.
Nesse aspecto, a infância é uma permanente exclamação porque é uma fase de descoberta e para expressar o sentimento vivido, a intensidade das emoções experimentadas, o sinal de exclamação é um recurso, gramatical, capaz de marcar a entonação desses enunciados.
2. A puberdade: a travessia (ou o travessão).
Nessa fase, são destacadas as intercalações para mostrar as dúvidas e/ou as outras possibilidades de pensamentos que vêm ao se afirmar algo na fase da puberdade. É uma forma de marcar as incertezas existentes em cada declaração, mas também um recurso para revelar o próprio pensamento do locutor ou expressar um enunciado.
No texto, outra forma de uso do travessão é na construção de enunciados soltos, mas que expressão uma certa continuidade de ideias, que são emitidos na naturalidade do pensamento, sem passar por censuras, tão espontâneos nessa fase da vida.
3. Juventude: a interrogação
O sinal de interrogação por si só já traz o sentido de pergunta. Isso é bem explorado ao ser associado à fase da juventude, uma vez que é uma fase de definições, escolhas. O sinal é um recurso para caracterizar uma fase cheia de interrogações, de busca por respostas.
4. As pausas receosas (receosas, vírgula, cautelosas) do jovem adulto
A vírgula é usada no texto como um recurso lingüístico para expressar uma sequência coordenativa de explicações, de enunciados curtos, principalmente em uma contexto de oralidade. Isso prova que a gramática está em uso constante pelo falante, sem necessariamente, ele ter consciência das regras que está seguindo. Isso faz parte de sua gramática internalizada.
O título “pausas receosas” associa a vírgula a uma pausa dentro de uma situação comunicativa e atribui-lhe uma qualidade “receosas”. Essa característica do uso da vírgula está relacionada à atitude de falante de se explicar e coordenar seus enunciados em uma comunicação.
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