UMA LEITURA SOBRE A CIDADE: A IMPORTÂNCIA DO MERCADO CENTRAL CHRISTO RAEFF

UMA LEITURA SOBRE A CIDADE: A IMPORTÂNCIA DO MERCADO CENTRAL CHRISTO RAEFF        

Anne Caroline Lima Fernandes1

Danielly Mendes de Souza2

Irwing Adriano Cerqueira Ribeiro e Souza3

Maria Luana de Souza Ferreira4

Maria Regina da Cruz5

RESUMO: No presente ensaio abordamos as mais diversas características do Mercado Central Christo Raeff, analisando sua importância para a cidade de Montes Claros, em um estudo sobre seus aspectos sociais e culturais. O Mercado representa, em um ambiente heterogêneo, a verdadeira identidade desta que é a maior cidade do norte de Minas Gerais. Sendo assim, para que se compreenda a dinâmica local, é imprescindível a análise das suas diferentes facetas. Para tanto, utilizamos como base a pesquisa de campo, aliada à pesquisa bibliográfica pertinente ao assunto.

INTRODUÇÃO

Dentre as estruturas urbanas, que se inserem num contexto de resistência ao longo do processo de modernização e transformação da cidade de Montes Claros, merece destaque o Mercado Central Christo Raeff (Mercado Municipal de Montes Claros), localizado em uma área estratégica e central da cidade, mais precisamente na movimentada Avenida Deputado Esteves Rodrigues, popularmente conhecida como Avenida Sanitária, expandindo-se até a Rua Marechal Deodoro.

A história do Mercado remete a 1899 (ANEXO V, Figura 1), ano em que fora inaugurado, funcionando, àquela época, no local em que hoje está edificado o Shopping Popular, na Praça Dr. Carlos Versiani. Em sua atual localização, a inauguração ocorreu em dezembro de 1992 (ANEXO V, Figura 2), sofrendo várias reformas ao longo do tempo, com fito de se adequar ao crescente fluxo de pessoas e produtos.

Existem nas cidades determinados espaços privilegiados, carregados de simbolismo e de centralidade no que diz respeito à organização e à representação da vida pública. Estes espaços não são permanentes: acompanham a vida e a evolução da cidade, sua dinâmica social e sua organização espacial – diríamos até que acompanham sua própria identidade. (GOMES, 2001)

O Mercado Municipal, além de ser um lugar apropriado ao desenvolvimento de atividades comerciais, constitui um importante e consolidado ponto de encontro e socialização de Montes Claros, em que se pode observar a prática regular de interações interpessoais. Os cheiros típicos do norte de Minas, as cores das hortaliças e temperos, os sons da movimentação constante, atividades culturais e artísticas, pessoas de diferentes estratos sociais (ANEXO II), diálogos sobre questões diversas da vida, diversão, entre outros, caracterizam o local, são aspectos que favorecem a sua condição de espaço público, à medida que ele é diariamente arrogado, usado e vivenciado pela coletividade de indivíduos das mais diversas regiões da cidade (ANEXO III).

O MERCADO

Estruturalmente, o Mercado Central Christo Raeff, comporta cerca de 290 boxes, entre bares, restaurantes, lojas de artesanato e mercearias, além de bancas de temperos, legumes, verduras, açougues, peixarias e a Farmácia Popular. São 633 comerciantes, entre os operadores dos boxes e os produtores que trazem seus produtos para serem comercializados no Mercado. (JORNAL O NORTE, 2016)

Com fito de se adequar às exigências da população e comerciantes, em 2015 foi efetuada uma reforma de grande vulto, tendo o Mercado passado por uma profunda transformação. O piso e as telhas foram trocados, o que deu mais claridade para o local. Corrimões foram instalados nas escadarias e os banheiros foram revitalizados. Além disso, foi totalmente pintado e, por último, exaustores foram instalados para tentar conter o forte calor. Ocorre que, com estas mudanças, especificamente no que diz respeito ao teto, houve ainda mais dor de cabeça para quem passa o dia todo trabalhando no local. Isso porque parte do telhado colocado é transparente e facilita a entrada de raios solares, o que contribui para que as mercadorias se percam antes do tempo. Outrossim, os exaustores não vêm desempenhando seu papel a contento.

Cabe salientar que outros problemas são recorrentes naquele ambiente. A presença de moradores de rua, que circulam livremente pelo local, incomodando os frequentadores, pedindo dinheiro e muitas vezes até furtando, o piso sempre sujo e os banheiros sem manutenção, a existência de flanelinhas, que criaram um sistema de negócio ilegal no estacionamento, onde o cliente se vê obrigado a pagar a mais para usar o espaço, são as maiores dificuldades a serem enfrentadas pela administração do Mercado.

A solução para estes obstáculos encontra-se principalmente nas mãos da municipalidade. No tocante aos problemas estruturais, de acordo com a prefeitura de Montes Claros, já existe um projeto concluído desde maio de 2018, o qual prevê uma revitalização do Mercado Municipal orçada em R$ 1.919.000,00 (um milhão e novecentos e dezenove mil reais). O plano estabelece a reestruturação completa da parte elétrica, reforma dos banheiros, climatização, instalação de telhado e pintura, o que ocorrerá num prazo de até 8 (oito) meses, contados da conclusão do projeto. Já no que diz respeito à presença de pessoas em situação de rua, criminosos e flanelinhas, a resposta encontra-se em disponibilizar um maior efetivo da Guarda Municipal e Polícia Militar, para que se coíba qualquer conduta que contrarie os ditames do código penal, além da instalação de sistemas eletrônicos de vigilância e da implantação de programas sociais que acolham e deem novas oportunidades aos desabrigados.

Em que se pesem as adversidades supracitadas, o Mercado pode ser considerado um dos poucos ambientes na cidade de Montes Claros no qual as pessoas não apenas se cruzam, mas dialogam, despem-se de seus status e falam a mesma língua. Além disso, um dos principais atrativos do Mercado Central é a incrível variedade de itens que são disponibilizados para os clientes, a preços bastante competitivos.

Por sua diversidade e complexidade, o lugar requer atenção para todo o seu interior, garantindo, deste modo, legitimidade nas observações. Assim, durante as entrevistas, houve sempre a preocupação de ouvir usuários nas mais diversas partes: nos bares, nas bancas de frutas, nas lojas de artesanato, açougue, no estacionamento, etc. Com inúmeras opções de afazeres, o Mercado acolhe pessoas com os mais diversos interesses, daí a necessidade de estar atento e aplicar o questionário em tantos locais diferentes, para captar opiniões de todos os públicos nas mais variadas situações.