UMA VISÃO POETICA NARRATIVA DO SAMBA DE CACETE EM CAMETÁ: MÚSICA, DANÇA E CULTURA
Por: Robson Alves • 23/12/2018 • Trabalho acadêmico • 2.285 Palavras (10 Páginas) • 854 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO TOCANTINS/CAMETÁ
FACULDADE DE LINGUAGEM
LETRAS LÍNGUA INGLESA
DISCIPLINA: FILOSOFIA DA LINGUAGEM
DOCENTE: JESSÉ CAMPOS
DISCENTES: ADRIANA DOS SANTOS
ALINE ALVES
RAIANA DO CARMO
UMA VISÃO POETICA NARRATIVA DO SAMBA DE CACETE EM CAMETÁ: MÚSICA, DANÇA E CULTURA
Cametá - PA
2017
SAMBA DE CACETE
Trabalho para obtenção de nota na disciplina Filosofia da Linguagem, do curso de Licenciatura Plena em Letras com habilitação em Língua Inglesa da Universidade Federal do Pará – UFPA no Campus Universitário do Tocantins/Cametá, ministrada pelo Prof. Jessé Campos
Cametá – PA
2017
1- INTRODUÇÃO
O samba de cacete é fortemente presente na cultura cametaense por também contar com memórias antigas de quilombos, da história sofrida dos escravos, mulheres da roça, início das comunidades, importantes para o desenvolvimento histórico como cidade se tratando de contexto. Porém, muito dos moradores da região não conhece a história de origem do “Samba”, inclusive é uma manifestação bastante antiga que hoje, discretamente, vem perdendo os seus valores, tanto que não se observa jovens com o interesse em participar dos grupos, até mesmo valorizar essa cultura, por isso os integrantes são homens e mulheres idosos.
A princípio, nós não nos questionamos de perguntar como se originou ou qual a história por trás, qual a motivação para continuar a ser manifestado. Crescemos em uma cidade com esses traços marcantes culturais, musicais e de danças, vendo e aprendendo, era como se fosse natural, assim como outras manifestações presentes até hoje, como o Banguê, Síria, o carnaval conhecido pelo fofó, entre outros.
Nas festas de comunidades são apresentadas as danças, e remete-nos à lembrança de quando criança em que grupos, como sobre o qual iremos tratar, dançavam e mostravam sua alegria, suas roupas nitidamente coloridas, suas crianças já embaladas no ritmo de manter a tradição, as músicas com tons em vozes altas alternando em escala maior e menor de histórias contadas e encenadas, ao redor o olhar do povo contagiado a admirar, às vezes, muitos entravam na brincadeira, afinal não tem mistério quanto aos movimentos da dança, é divertido; os instrumentos um tanto curiosos e seus sons mais ainda.
As viagens de círio dos padroeiros realizadas, os comunitários convidavam os grupos para apresentar nos barracões das vilas e interiores, como forma de entretenimento e valorização da cultura. No trajeto até o destino, as senhoras já estavam todas arrumadas com seus assessórios e roupas floridas, uma espécie de tiara nas cabeças toda trabalhada nas cores vivas como o azul, vermelho, amarelo. Os instrumentistas, a maioria também com certa idade, ensaiavam suas músicas e animavam o translado, fazendo a festa do padroeiro nos barcos e/ou ônibus.
2- CONHECENDO SUA HISTÓRIA
É dança, batuque, cantoria, poesia, festança e divertimento de toda a comunidade dessa cidade e do interior, os sentimentos se afloram em um ritmo dançante, que fazem o corpo não ficar parado, o “Samba” é uma dança que envolve gingado e sensualidade tanto do home, quanto da mulher
O samba-de-cacete é dançado em roda por crianças, jovens, homens e mulheres com graça e ginga, em ritmo e corporeidade que remetem a “um carimbo, porém mais lento e/ou lundum mais rápido”, com destaque para a “caiana” – desafio entre parceiros, com a dama tentando cobrir o cavalheiro com a sua saia rodada, e o cavalheiro equilibrando-se entre o esquivar-se e chegar junto. O ritmo é marcado por dois “tambores”, tocados por dois homens na frente (que cantam o verso-pergunta das músicas do samba), e dois atrás (que tocam com dois cacetes-matracas no corpo dos tambores); as cantigas são curtas e repetidas várias vezes, compostas por um verso-pergunta e outro resposta (este cantado pelos dançantes – principalmente pelas mulheres mais velhas), poéticas recorrentes também em outras manifestações afro-brasileiras, todo esse jogo de musicalidade, gira em torno do som do cacete e das rimas feitas muitas vezes improvisadas, ao ouvir o canto em forma de perguntas, mulheres giram cantando a resposta que vira rima e uma linda história em torno da música.
O samba de cacete é muitas vezes confundido com a “Síria”, mas de acordo com as entrevistas verificamos que o Síria é apenas uma melodia do Samba de cacete, esse também é música do Carimbó.
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“O SAMBA É UMA BRINCADEIRA QUE VEM DESDE OS NOSSOS PAIS
A GENTE VEM MANTENDO ESSA TRADIÇÃO PORQUE ACHA DIVERTIDO. “ (DONA IOLANDA DO PILÃO)
Os toques dos tambores e cacetes marcam o ritmo de nossa identidade ancestral nos cantos africanos, e é nessa sonoridade e ritmo que busco chamar o entendimento dessa história. Conversamos com o grupo de Samba de Cacete de Dona Iolanda do Pilão e descobrimos muitos segredos que envolvem esse ritmo. “O Samba é uma brincadeira pra gente, Que vem desde os nossos pais, A gente vem mantendo essa tradição, Porque acha divertido”. (Dona Iolanda do Pilão Organizadora, cantadora e batedora de tambor e cacete).
Dona Iolanda do Pilão, desde os cinco anos de idade dança o Samba de Cacete que aprendera através de sua mãe. Dirige um grupo de Samba de Cacete denominado Iolanda do Pilão formado hoje por quatorze pessoas. Com sua simpatia e grandeza nos conta: Eu me entendi conhecendo o Samba, então não tinha grupo, quando iam plantar roça, aqueles que queriam, olha hoje é aniversário do Fulano! Vamos bater o Samba! Vum bora, ai iam pra lá tinha bebida batiam o Samba. Então o nosso grupo começou assim a gente brincava, a gente fazia bem aqui numa casa, também faziam aqui em casa, mamãe festejava São Raimundo Nonato, brincava como diz o pessoá até amanhecer o dia. Então não era Grupo, quem quisesse brincar do jeito que se metesse, desse jeito ia prú samba, só não dançava nú. Já em 70 a modo, o Eduardo Mocbel foi o prefeito, já ele que nos fez o grupo, ele nos levar pra Belém pra dançar o Samba, quando ele veio já trouxe o pano, mandou preparar a roupa, ai que nós fomos dançar em Belém, nós nunca tinha saído daqui, ai nós fomos pra lá, já fomos muitas vezes pra Belém dançar. E ai nós ficamos brincando! Comecei a dançar o Samba com cinco anos, quando minha mãe ia dançar, aí agora, onde antigamente era colônia que se falava, na Padre Antônio franco, praíp’ra essas bandas onde é hoje a universidade, tinha muito mato, tinha uma casa lá, onde eles fazia muito samba. A minha mãe já me levava, eu já começava a dançar, aí eu fui crescendo, crescendo, gostei do samba. Eu bato no tambor, eu canto e danço! (Dona Iolanda do Pilão).
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