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A Criança Contemporaneamente

Por:   •  27/4/2020  •  Ensaio  •  925 Palavras (4 Páginas)  •  170 Visualizações

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Nem ricas, nem pobres, apenas crianças

Por (Ana Lúcia Vieira dos Anjos Ciqueira)

Quando falamos da infância nos dias atuais, podemos falar que as crianças são supervalorizadas ou que são obrigadas a serem adultos ainda quando pequenas, e as duas falas estão corretas, pois de fato existem duas infâncias, tudo depende de onde e em qual família essa criança vive. Podemos falar da infância idealizada e defendida por profissionais da educação e da saúde e das leis de instituições públicas, onde se defende o direito da criança de brincar, se alimentar, estudar, ser amada, e respeitada como indivíduo. Essa seria a infância ideal, uma criança que de fato só precisaria se preocupar qual seria a próxima brincadeira. Como diz Kell Smit (2017), dava pra ser o herói no mesmo dia em que escolhi ser vilão e tudo acabava em lanche, um banho quente e talvez um arranhão.

Mas a realidade é uma mescla do que se idealiza e do que a cultura e renda de cada família oferece à infância. Dermartini (2001) diz que não existe uma única, e sim, em mesmos espaços diferentes infâncias, resultado de realidades que estão em confronto.

De um lado temos famílias com boas condições financeiras, que oferecem a suas crianças os melhores brinquedos, aulas de natação, balé, equitação ou qualquer outra coisa que acharem importante para o desenvolvimento de seus filhos, além de comidas saudáveis (ou não), esses meninos e meninas sortudos tem tudo do melhor, a roupa, a escola particular, e provavelmente uma babá porque seus pais estão ocupados demais em ganhar dinheiro para manter os luxos dos pequenos príncipes e princesas. Uau! Que vida boa, diríamos nós! Mas será que é boa mesmo? Será que ter tudo que o dinheiro compra é o mais importante para a identidade infantil? Algumas dessas crianças não tem tempo para serem crianças porque tem uma agenda cheia de mais para ter um momento de ócio e criar suas próprias brincadeiras, outras quase não veem seus pais, mas por sorte encontram cuidado e afeto na “moça” que cuida delas.

De outro lado temos a infância, daqueles que tem pouco ou nenhum dinheiro, para esses pequenos faltam brinquedos modernos, roupas de marca, um curso extra para desenvolverem suas habilidades artísticas, não podem ir ao psicólogo para falar sobre seus traumas, alguns tem sua infância roubada pois precisam trabalhar para poder terem o que comer. Brincam com qualquer coisa, precisam usar a imaginação para transformar qualquer objeto em brinquedo, quando vão à escola não tem tanto apoio material em sala de aula, e a comida nem sempre pode ser a escolha da criança, em alguns dias terão que comer o que tiver e se tiver. Alguns assim como as crianças “sortudas” também lidam com a ausência dos pais que precisam trabalhar para pagar as contas e por comida em casa, outros tem a presença só da mãe porque o pai foi embora e não tem dinheiro nem para mandar a pensão. Puxa, tadinhos, como sofrem, diria você não é mesmo?! Sofrem sim, mas também podem ter momentos estupendos de bom.

Ser criança não tem nada a ver com o que o dinheiro compra ou deixa de comprar. Para se ter de fato uma boa infância, é preciso que haja adultos que respeitem seus pequenos, que os deixem brincar, que os deixem criar, que lhes dê alimento (não precisa ser o mais caro, mas sim feito com amor), que lhes prepare uma cama quentinha ao fim do dia e lhes ensine o que é correto e o que não é, adultos que com sabedoria possam pôr os limites necessários para não termos mini adultos mandões e egoístas. Sabemos que o dinheiro é necessário sim, mas uma criança não é feliz simplesmente por ser rica daquilo que o dinheiro compra, uma criança é feliz apenas por poder ser criança e ter respeitada suas peculiaridades. As diferenças de classe sociais criam infâncias extremamente diferentes, porém as crianças ainda são iguais em suas idades e necessidades, e se as colocarmos juntas certamente vão interagir sem preconceitos.

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