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A ESCRITA À MÃO SOB AMEAÇAS DA TECNOLOGIA

Por:   •  11/6/2020  •  Trabalho acadêmico  •  4.642 Palavras (19 Páginas)  •  240 Visualizações

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A ESCRITA À MÃO SOB AMEAÇAS DA TECNOLOGIA[1]

GOMES, Francieli Alves[2]

RESUMO

A manutenção do ensino da escrita à mão será analisada no presente artigo, evidenciando possíveis convergências e/ou conflitos entre conceitos, e identificando as vantagens e desvantagens em fazer o uso do tablet ou computador, em vez de escrever à mão. Nesse contexto, o problema de pesquisa se caracteriza em como incentivar as crianças do mundo virtual a prática da escrita à mão livre? No mundo digital, com crescente integração de dispositivos eletrônicos em nossas atividades diárias, as crianças ainda precisam aprender a escrever à mão, pois ler e escrever são aptidões essenciais em nossa cultura e são importantes para o sucesso na vida escolar e profissional. O educador precisa trabalhar cotidianamente a ludicidade, utilizando jogos, e a brincadeira é a oportunidade de desenvolvimento onde a criança experimenta, descobre, exercita e ainda confere suas habilidades.

Palavras-chave:  Escrita. Psicomotricidade. Tecnologia.


1 INTRODUÇÃO

        

O presente trabalho tem a finalidade de discutir a importância da manutenção do ensino da escrita à mão. O interesse por este tema surgiu a partir da preocupação de que, desde muito cedo, a criança tem contato com algum tipo de aparelho eletrônico: celular, tablet, computador, videogame.

A utilização da tecnologia está cada vez mais precoce. Muitas vezes, a linguagem escrita usada na internet pode atrapalhar o desenvolvimento da escrita do aluno dentro da sala de aula. Dessa forma, as crianças acabam substituindo o seu caderno e o seu lápis por um tablet ou computador, preferindo se divertir no mundo virtual. No lugar de aprenderem a técnica de segurar o lápis entre os dedos e desenhar as letras no papel, as crianças passaram a ter que aprimorar a digitação.

O presente artigo tem como objetivo geral analisar a importância da manutenção do ensino da escrita à mão. Em conformidade com essa finalidade, articulou-se a revisão da literatura através dos objetivos específicos: analisar o ponto de vista teórico, evidenciando possíveis convergências e/ou conflitos entre os conceitos; identificar quais as vantagens e desvantagens em fazer o uso do tablet ou computador em vez de escrever “à moda antiga”.

Com o aumento do número de computadores nas salas de aula e da presença da tecnologia no dia a dia, entregar trabalhos escritos à mão, copiar o que o professor escreve do quadro e desenvolver ideias com o lápis entre os dedos está se tornando cada vez mais raro.

A disponibilidade de novas tecnologias, o aumento do conhecimento sobre os processos cognitivos, e a facilidade recente da manipulação da informação, estão abrindo inúmeras perspectivas para a educação. A utilização da internet é uma realidade dos brasileiros, e é cada vez mais frequente nos espaços escolares, sendo muito atraente devido à facilidade de acesso.

O trabalho foi estruturado em seções: a primeira seção trata do surgimento da escrita; a segunda seção aborda a escrita e a alfabetização; a terceira seção apresenta a relação da escrita com o desenvolvimento psicomotor; a quarta seção fala da escrita e a tecnologia. Por fim, seguem as considerações finais obtidas por meio dessa pesquisa.

O levantamento das informações da revisão da literatura foi realizado com auxílio de livros, revistas e sites.

2 A ESCRITA: SEU SURGIMENTO

A escrita surgiu por volta do século 4 a.C, na antiga Mesopotâmia; proporcionou ao homem o avanço para civilização. Ela se desenvolveu de forma independente em várias regiões do planeta, incluindo o Oriente Médio, o Japão, Paquistão, a América Central, e a bacia oriental do mar Mediterrâneo. Outra característica significativa é que a informação escrita foi registrada em diferentes meios, como pedra, madeira, papiro, pergaminho. Sempre de acordo com a evolução da época (RAFFA,  2019). 

O surgimento da escrita contribuiu para uma nova organização dentro das civilizações: a lei passou a ser escrita e a tradição e a cultura oral perderam sua centralidade. Além disso, é importante lembrar que, antes da escrita, a humanidade utilizou diversos meios de comunicação, como a linguagem dos gestos, os sinais de tambor, o envio das flechas e objetos, o envio de mensageiros entre outros.

É importante refletir ainda a respeito de uma relevante questão para o desenvolvimento da escrita. Diferentes materiais já foram utilizados para o ato da escrita, como: ardósia, pedras, osso, vidro, ferro, e também os que proporcionam movimentos mais leves, tais como: cascas de árvores, folhas de palmeira, seda, lâminas de bambu.

O papiro e o pergaminho foram suportes tecnológicos criados com o avanço das civilizações. O que marca a questão do suporte é que o uso do giz, carvão, pincel ou pedra como instrumentos de escrita influenciaram no traçado e na apresentação do material escrito.

Barbosa (2013, p. 13 ) afirma que: “a escrita é considerada um marco de passagem da pré-história para a história”. O processo da escrita e, consequentemente, da leitura,  evoluiu, desenvolvendo a comunicação entre os homens, permitindo-lhes derrubar barreiras que serviam de distanciamento entre sociedades e grupos, facilitando a troca de informações, além de favorecer o intelecto humano. Com isso, se pode afirmar que a escrita é muito mais do que instrumento, ela não apenas expressa o pensamento, ela o organiza. A escrita permanece e atravessa o tempo, ela comunica e também tem seu desenvolvimento atrelado a inúmeros avanços da história das civilizações.

Como afirma Mortatti (2000, p.330), no Brasil, a preocupação com a aprendizagem sistemática da leitura e da escrita, de forma escolarizada, coincide com o surgimento da República. No entanto, é importante frisar que as formas de organização dessa escolarização era uma parcela muito pequena da população.

A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 marcam o cenário das políticas educacionais por processos de grande flexibilização, seja administrativo, técnico, pedagógico, e ainda, no que diz respeito aos processos de avaliação sistemática das instituições e do próprio sistema federal, estadual e municipal. Ainda, ocasionando um ritmo acelerado e com fortes influências no surgimento de políticas e programas, com forte participação das instâncias normativas, de interpretação e aplicação das leis.  Analisando a história da educação brasileira, é possível constatar que a ideia de um sistema nacional, dedicado à formação do cidadão brasileiro, é muito recente.

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