A Escolas Famílias Agrícolas: investigações de práticas pedagógicas na alternância.
Por: Eduarda França França • 24/10/2017 • Relatório de pesquisa • 2.189 Palavras (9 Páginas) • 331 Visualizações
A 5ª série das Escolas Famílias Agrícolas: investigações de práticas pedagógicas na alternância.
Renata da Silva Carmezin1; Ludmila Oliveira Holanda Cavalcante 2.
1. Bolsista PROBIC, Graduanda em Pedagogia, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: rcarmezin@hotmail.com.
2. Orientadora, Departamento de Educação, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: ludmilaholanda@yahoo.com.
PALAVRAS-CHAVE: Escola Família Agrícola, Pedagogia da Alternância, Adolescência.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho é fruto do relatório final do Plano de Trabalho de Iniciação Científica que aborda a quinta séries nas Escolas Famílias Agrícolas (EFAs), vinculado à pesquisa Rede de Escolas Famílias Agrícolas Integradas do Semi-Árido: possibilidades de uma educação socioambiental do campo (CONSEPE - UEFS181/2008). Constitui o universo desta pesquisa dez escolas inseridas na rede durante o período compreendido entre 1997-2007, tais escolas encontram-se localizadas no campo, contexto do rural em movimento, que traz o referencial político pedagógico denominado de “educação do campo” (ARROYO, CALDART, MOLINA, 2004).
Dentre as alternativas historicamente construídas rumo a uma lógica “do campo”, podemos destacar as EFAs, que tem por princípio teórico metodológico a Pedagogia da Alternância (P.A.) que propõe um ensino integral e com regime de internato, com disciplinas teóricas, práticas e formação sócio política para o rural, nas modalidades de ensino fundamental e médio (CAVALCANTE, 2007).
No II Encontro de Formação Pedagógica da REFAISA na UEFS, promovido pelo grupo de estudos da pesquisa, os monitores relataram as dificuldades em realizar a Alternância com adolescentes, alegando a suposta falta de maturidade para adaptação e convivência com a rotina integral proposta pela Escola, em consonância com as mudanças ocorridas nesse período de transição da infância para idade adulta e o provável sentimento de insegurança que possa surgir da ausência de casa e dos familiares. Tal debate despertou a necessidade em investigar com mais propriedade, o trabalho desenvolvido com adolescentes nas Escolas Famílias Agrícolas.
A aprendizagem por alternância traz uma lógica de convivência escolar diferenciada para o estudante, visto que a aprendizagem é alternada em períodos na escola e comunidade. Durante duas semanas os alunos permanecem “morando” na escola, convivendo com estudantes de outras comunidades, participando de aulas teóricas e práticas das disciplinas (agricultura, zootecnia, engenharia rural, ciências, religião, matemática, geografia, português, história e artes), desenvolvendo tarefas: práticas (cuidados com horta, aves, suínos, caprinos, entre outros) e diárias (arrumação dos dormitórios, cozinha, banheiros, entre outros). O período na comunidade corresponde ao momento no qual o estudante transmitirá os saberes elaborados aos integrantes de sua comunidade e executará suas atividades escolares (BRASIL, 2006).
Vinculada a essa rotina os estudantes vivenciam a adolescência (transição entre a infância e a vida adulta), que é caracterizada por mudanças biológicas e psicossociais que influenciam na conquista da identidade do adolescente/jovem. Assim, a Escola Família, sua dinâmica de Alternância, as inquietações e transições da fase adolescente, passam a ser uma problemática de interesse investigativo para este trabalho. Para tanto esse estudo fundamenta-se nos autores Coll, Palácios e Marchesi (1996) e Erickson (1976), e tem como objetivo geral analisar a prática pedagógica com adolescentes nas EFAs. Os objetivos específicos almejam discutir o trabalho desenvolvido pelos monitores das EFAs; compreender o cenário de ensino/aprendizagem proposto pelas EFAs para os estudantes da 5ª série do Ensino Fundamental; averiguar o quanto as EFAs e a pedagogia da alternância podem contribuir para a construção da identidade dos adolescentes do Ensino Fundamental no rural.
MATERIAL, MÉTODOS OU METODOLOGIA (ou equivalente).
Esta pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte (ANDRÉ e LÜDKE, 1986) e o Estudo de Caso como abordagem metodológica. O Estudo de Caso possibilita uma investigação empírica que analisa fenômenos dentro de seu contexto real, onde o pesquisador não tem controle sobre eventos e variáveis, buscando apreender a totalidade de uma situação e, criativamente, descrever, compreender e interpretar a complexidade de um caso concreto (MARTINS, 2006). As técnicas utilizadas na coleta de dados foram à observação participante – que permite que o pesquisador observador torne-se parte integrante de uma estrutura social e na relação face a face com os sujeitos da pesquisa realiza a coleta de dados e informações – (MARTINS, 2006, p.25,) e entrevista semiestruturada. Pautando-se na proposta da abordagem metodológica, o trabalho foi dividido em fases, as quais consistem:
Fase preparatória: (encontros semanais para estudo e discussão sobre as linhas de pesquisa na temática de educação do campo; apoio na elaboração e participação nos Encontros de Formação de monitores organizados em parceria com a UEFS/REFAISA);
O início dos trabalhos desta pesquisa foi marcado pela participação nos Encontros de Formação dos monitores, no intuito de identificar juntamente com os monitores da REFAISA as dificuldades da prática pedagógica nas EFAs. Desse modo, os monitores relataram como “problema”, “a prática com as séries iniciais do Ensino Fundamental II”, mais especificamente, “a quinta série das EFAs”.
Posteriormente surgiu a necessidade de investigar quais as dificuldades específicas do trabalho com esta série, para tanto se tornou relevante aprofundar as leituras, discussão e produção de textos sobre as temáticas referentes à Adolescência, Educação do Campo e Pedagogia da Alternância. Bimestralmente tem sido realizado o acompanhamento pedagógico aos monitores nos processos formativos na sede da rede.
Fase de coleta de dados (acompanhamento pedagógico aos monitores nos processos formativos na REFAISA e visitas ao contexto para coleta de dados através de observação e entrevista).
Por se tratar de uma pesquisa naturalística, torna-se imprescindível a inserção no campo de coleta de dados para uma maior aproximação com os objetos de estudo. Para que as viagens de campo pudessem ocorrer, foi necessário o acompanhamento do cronograma de visitas do Projeto, dessa maneira no período de vigência do plano de trabalho aconteceram três visitas em Escolas
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