A Sociologia de um Gênio
Por: anapaulaalfa • 24/3/2019 • Resenha • 1.496 Palavras (6 Páginas) • 280 Visualizações
ELIAS, N. (1991). Mozart. Sociología de un genio. Barcelona: Península.
O livro é muito interessante. As aflições de Mozart quanto a fazer arte, ser espontâneo e não querer se encaixar numa fórmula da época, se é que tenho o direito de comparar, não eram distantes das que passamos agora.
A obra está dividida em duas partes a Parte I intitulada reflexões sociológicas sobre Mozart, subdividida em 7 partes (ele simplesmente desistiu, músicos burgueses na sociedade de corte, Mozart se torna artista autônomo, arte de artesão e arte de artista, o artista no ser humano, os anos de formação de um gênio, a juventude de Mozart – entre dois mundos sociais), a parte II do livro tem quatro subdivisões (a revolta de Mozart: de Salzburgo a Viena, completa-se a emancipação: o casamento de Mozart, o drama da vida de Mozart, uma cronologia sob a forma de notas), além de conter Duas notas do organizador, o posfácio do organizador e o índice.
O livro se inicia com a biografia de Mozart e como seus anseios começam a surgir, Elias sugere que os desejos de Mozart são responsáveis, em grande medida, pelo curso trágico de sua vida. Mozart morreu com sensação de que sua existência foi um fracasso. Sem o amor de sua mulher e o amor do público vienense ele perdeu a autoestima. A fama em vida significava tudo para ele, a fama póstuma, nada. Ele era uma pessoa que sentia uma insaciável necessidade de amor físico e emocional. Tudo indica que no fim ele vivia em estado de solidão e desespero.- Mozart viveu numa época em que grupos burgueses eram dominados pela aristocracia de corte e o equilíbrio das forças era muito favorável a corte. Contra isso ele lutou com coragem e se libertou dos aristocratas com seus próprios recursos, em prol de sua dignidade pessoal e de sua obra musical.
Mozart era um desses serviçais, era um burguês da corte, que não tinha seu reconhecimento pleno como músico, foi um homem acostumado com a subordinação. Elias aponta como Mozart não consegue se enquadrar no padrão até então estabelecido, Mozart “antecipou as atitudes e os sentimentos de um tipo posterior de artista”, não assumiu a posição de artista autônomo apenas porque assim quis e isso aconteceu porque ele, simplesmente, não suportava mais o trabalho na corte de Salzburgo.
Nos campos da literatura e da filosofia era possível liberar-se do padrão de gosto aristocráticos. As pessoas podiam chegar ao seu público através dos livros. Formas culturais específicas do gosto burguês expressavam a crescente confiança face ao estabelecimento dominante. Com respeito à música, a situação ainda era muito diferente: quem trabalhava nesse campo ainda era muito dependente do patronato e dos gostos da corte e dos círculos aristocráticos.
Mozart era uma pessoa que necessitava de amor, tanto fisíco como emocional. Já no final de sua vida, a sua imaginação musical foi diminuindo devido à falta de amor, nomeadamente, ao amor de uma mulher em quem pudesse confiar e também ao amor do público vienense pela sua música. Ele queria ter tido fama em vida, não depois da morte.
Os valores se confundem com o conflito de classes. Conceitos de uma época que se perpetuam pra outras mesmo perdendo seu contexto impedem que aparece por todo o livro o desejo de Mozart querer ser um artista “emancipado”, porém numa sociedade que ainda não estava pronta para artistas autônomos. Junto dessa problemática está o desenvolvimento da vida de Wolfgang e da influência que do pai sobre ele.
O livro aparentemente deseja mostrar que as dificuldades enfrentadas por Mozart podem ser explicadas por meio da análise das relações sociais existentes na sua época. Dificuldades que não foram enfrentadas por Beethoven, algumas décadas depois, justamente porque essas configurações sociais haviam se transformado.
BEZERRA, A. BRANDÃO, C. As paixões, as pulsões e as emoções humanas em Aristóteles, Freud e Norbert Elias: uma reflexão para a educação contemporânea. Revista Comunicações Unimep, 2017.
O texto trata da questão da violência na escola e dos processos, inclusive afetivos, que estão envolvidos nessas condutas.
Na escola, muitas vezes nos esquecemos que antes dos sujeitos serem alunos ou professores, são pessoas, movidos por emoções que se refletem em seus comportamentos cotidianos. Cada vez está mais comum notícias de violência de todos os tipos no ambiente escolar envolvendo professores e alunos e Correio (2017) aborda em seu artigo recorrendo à reflexões embasado nos grandes pensadores Aristóteles, Freud e Elias, os quais destacam aspectos e dimensões filosóficas, psicológica e sociológica, visto que se não reconhecermos essas dimensões, torna- se difícil olhar o ser humano na sua totalidade e em sua singularidade.
Os pensadores consideravam que as paixões, pulsões e as emoções podem indicar o caráter de um sujeito e um grupo, sendo uma estratégia considerar esses aspectos para influenciá-lo.
Segundo Correia (2017), Aristóteles e Platão foram os primeiros pensadores que abordam e descrevem o papel das paixões na constituição humana, inclusive considerando-as empecilhos para a obtenção do conhecimento verdadeiro e em relação ao domínio psicológico-psicanalítico moderno tem Freud um dos seus maiores representantes.
A atenção aos estados afetivos é um importante recurso para a compreensão de determinada formação social e a conduta individual, fazendo parte do processo de formação, constituição e ação humana, especialmente em sala de aula.
Para Aristóteles, se quisermos bem agir eticamente, é necessário levar em consideração a presença das paixões, e estas são respostas afetivas normais que damos nas circunstâncias que nos chegam, fenômenos humanos, nos dão a possibilidade de nos governarmos, ou seja, cabe a cada um o bom ou mau uso delas. Normalmente queremos que os alunos cumpram as regras do jeito que são e porque são assim ou assado
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