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A Teoria desenvolvida médica

Por:   •  9/6/2018  •  Resenha  •  4.790 Palavras (20 Páginas)  •  199 Visualizações

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A teoria desenvolvida médica italiana Maria Montessori insere-se no movimento das Escolas Novas, uma oposição aos métodos tradicionais que não respeitam as necessidades e o desenvolvimento específico da criança. Montessori ocupa um papel de destaque neste movimento pelas novas técnicas que apresentou para os jardins de infância e para as primeiras séries do ensino formal. A autora construiu um método e materiais pedagógicos primeiramente para crianças com deficiências intelectuais, sendo depois utilizado para o público sem nenhuma patologia a partir da criação da "A casa de Bambini", em 1907, uma instituição localizada em um contexto de extrema vulnerabilidade na cidade de Roma. Foi nesta instituição onde Montessori realizou suas primeiras pesquisas e aprimorou sua metodologia que em seguida aplicou às escolas de pré-escolares que, hoje se espalham em todo o mundo, as escolas Montessorianas, que possuem métodos e materiais próprios (VARELA, 1999).

Montessori (1967) compreende que a aprendizagem deve começar desde o momento do nascimento da criança. A criança recém-nascida é chamada pela médica de embrião espiritual. Para ela, o homem difere dos demais animais por ter duas fases embrionárias, uma pré e outra pós-natal. Na fase pós-natal, na qual a criança é um embrião espiritual, a criança não somente adquire as características do homem, mas também constrói condições para se adaptar ao mundo ao seu redor.

Segundo a perspectiva de Montessori (1967), a vida humana possui três estágios diferentes de crescimento:

  • 0 a 6 anos - é subdividido em outros dois sub-estágios. Uma é do nascimento aos três anos, na qual a criança tem um tipo de mente em que o adulto não pode exercer influência direta. No outro sub-estágio, dos três aos seis anos, o tipo de mente é o mesmo, mas em alguns aspectos as crianças passam a ser suscetíveis à influência adulta.
  • 6 a 12 anos – Período que, mentalmente, a criança está num estado saudável, forte e estabilidade assegurada.
  • 12 aos 18 anos - Também é subdividido em dois sub-estágios. Um vai dos doze aos quinze e o outro dos quinze aos dezoito. Depois desses estágios o Ser Humano só cresce em idade.

Ao nascer o indivíduo possui uma mente absorvente, assimilando o tudo que encontra ao seu redor. Nesse contexto, a linguagem surge na infância num processo natural e inconsciente, diferente de quando o adulto e quer aprender uma segunda língua. Os pais não precisam ensinar a falar, mas a criança aprende mesmo assim. É uma necessidade do ser humano de se expressar que diferencia dos animais (MONTESSORI, 1967).

A teoria Montessoriana acredita que, para uma criança aprender, o ambiente de aprendizado deverá propiciar, entre outras coisas, a satisfação da criança em aprender sozinha. Para que isso aconteça é necessário que o professor observe atentamente as preferências e necessidades de cada criança para proporcionar-lhe as apresentações das atividades de interesse e que estejam dentro de sua capacidade de aprendizagem naquele momento.

Um dos fundamentos centrais do pensamento montessoriano são os chamados períodos sensíveis, inspirado pelas preposições teóricas do cientista holandês, Hugo de Vries. Um período uma sequência, organizada biologicamente, de despertares da consciência da criança para o mundo que a rodeia em direção ao desenvolvimento ideal do ser humano. Por meio de observações, Montessori (1967) descobriu os períodos sensíveis típicos de cada idade da criança, e percebeu que eles costumam ser regulares em diversas sociedades, sem que haja influência de culturas ou hábitos familiares na ocorrência destes períodos, mas somente sobre o desencadeamento de cada um deles. Os períodos precisam ser trabalhados e estimulados nas épocas em que aparecem. A exploração daquilo que chama a atenção da criança em um determinado período possui importância singular para seu desenvolvimento, não sendo possível recuperar o desenvolvimento depois que o período passou, embora o aprendizado possa ser desenvolvido por pressão externa ou força de vontade interna da criança. Assim, se a criança não tiver acesso às experiências que permitam seu desenvolvimento de acordo com seu período sensível, no tempo certo, sofrerá um déficit no seu desenvolvimento. Pontua-se que a sequência de períodos pode parecer caóticas, contudo, para o bom desenvolvimento de um do período é preciso o desenvolvimento perfeito de outros.

Vejamos o quadro a seguir:

Figura 1- Períodos sensíveis para Montessori.

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Fonte: Site Lar Montessori.

Montessori (1967) destaca o protagonismo da criança no seu processo de desenvolvimento, aprendizagem e busca por independência. Ela fará tudo que estiver ao seu alcance para se desenvolver, cabendo ao adulto/educador auxiliá-la. Caso a criança seja impedida, ou não receba suporte, no seu intento em busca de realizar algo em prol de seu desenvolvimento, é comum manifestações que costumam ser interpretadas como mau comportamento, como: irritação e choro diante de suas poucas possibilidades. Por isso, para Montessori, é importante conhecer o desenvolvimento da criança a fundo e compreender seus períodos sensíveis.

Os Períodos Sensíveis são, segundo Montessori (1967) divididos em:

  • O período do movimento (do nascimento a um ano de idade) – As mãos são entendidas como instrumentos da inteligência humana, sendo que por meio delas que a civilização se desenvolveu com a experimentação científica, a prática da medicina, na arte, na fabricação de bens de consumo e na agricultura. Assim, segundo a autora, é preciso observar a evolução da utilização das mãos desde o nascimento da criança. O recém-nascido mexe os braços, ainda não é capaz de pegar, nem de utilizar seus movimentos para nenhum propósito específico, apenas instintivos para se alimentar. Os reflexos mais comuns são os de segurar aquilo que lhes toca. Neste momento do desenvolvimento, tudo que a criança consegue é sentir, e por isso propiciar-lhe texturas e temperaturas diferentes e temperaturas distintas para sentir pode ser interessante. É uma forma de exploração do mundo, mas sem controle sobre ele. Logo desenvolve movimentos voluntários aos três ou quatro meses a criança já é capaz de alcançar objetos próximos voluntariamente e aprende a segurá-los, embora sem muita firmeza. Nisso também não há outro propósito que não seja o desenvolvimento em si. Contudo, trata-se somente da necessidade de pegar. Entre os cinco e os sete meses de idade a criança aprende a sentar, e assim consegue focar sua atenção em suas mãos, sem depender tanto de um adulto que a segure. Neste período, ela também se torna capaz de escolher o que pegará, agindo intencionalmente com suas mãos. Entre os seis e os oito meses a criança consegue passar objetos de uma mão para outra, pegar-e-soltar coisas e mais para o final deste período, controlar seus dedos separadamente.  Aos nove ou dez meses, a criança consegue desenvolver o movimento de pinça. Logo depois, a criança se torna capaz de segurar objetos com os braços. Dos dez meses até o primeiro ano de idade, movimentos precisos com as mãos se desenvolverão, seguidos pela utilização das duas mãos por um só objetivo, como: abrir e fechar gavetas e transportar objetos maiores. Finalmente, a partir do primeiro ano de idade, a criança está pronta para utilizar suas mãos para o trabalho, com a finalidade não de desenvolver a elas mesmas, mas de utilizá-las para desenvolver sua inteligência, compreensão de mundo, apreensão da realidade de forma a obter cada vez maior controle e maior independência (LAR MONTESSORI, 2013a).
  • O período da linguagem (do nascimento aos 6 anos) – Do nascimento até os seis anos de idade a criança desenvolve sua linguagem com considerável rapidez e eficiência, tendo mais velocidade nos quatro primeiros anos de vida. A partir do fim do quarto ano, muito do que virá a ser a linguagem da criança já está formado e então lhe basta aprender especificidades da gramática de sua língua e descobrir o mundo por meio de novas palavras. Ainda no útero, a criança escuta vozes humanas, especialmente da genitora e ao nascer é a mãe da mãe que ela reconhece com maior facilidade. Nos primeiros meses a criança não sabe que língua se fala à sua volta, e tanto lhe o idioma, pois ela aprenderá qualquer língua nos três primeiros anos. Esta flexibilidade linguística, devido a imensa plasticidade neuronal, diminui por volta dos quatro anos de idade, quando os sons da língua que a criança mais ouve começam a ter lugares específicos em seu cérebro e a introdução de sons novos fica, assim, mais difícil. Antes de quatro meses se completarem, lá pelos dois meses de idade, a criança já se arrisca a balbuciar alguns sons, como vogais longas e outras variantes. Entre os cinco meses e o primeiro ano de vida a criança arrisca suas sílabas iniciais. A maior parte destas primeiras sílabas é composta de consoantes labiais ou nasais seguidas de vogais. Isto acontece porque os lábios são fortes na criança pequena, que os treinou ao ser amamentada. Até quase o décimo mês nenhuma das sílabas articuladas tem um significado específico para a criança. A partir dos 11 meses a criança descobre que há relação entre som e significado. A partir deste momento, a criança começará a tentar usar o que nós finalmente podemos chamar de “palavras” ela vai produzir “oi”, “tau” (para tchau) e “mama”, “papa”. A partir daí ela começa a aprender palavras e mais palavras, o tempo todo. Quando completa dois anos de vida, a criança já tem um vocabulário de cerca de 50 palavras. Do primeiro até o sexto ano de vida, o bebê aprende em média uma palavra a cada duas horas que fica acordado. Mesmo com esta explosão de vocabulário, no entanto, a língua não está completa sendo necessário o trabalho da gramática, principalmente a respeito dos tempos verbais, plural, singular, conjugações de número e pessoa, preposições e conjunções adequadas. A teoria Montessoriana destaca a importância na forma como conversar com a criança nesse período sensível: falar perto, de forma clara e sem alterar a voz, especialmente evitar infantilizar-se (LAR MONTESSORI, 2013b).
  • O período dos pequenos detalhes (1 a 4 anos) – No período de desenvolvimento das mãos conforme os olhos percebem vão percebendo melhor os objetos e a coordenação motora fina se desenvolve, a criança começa a ter prazer em pegar objetos pequenos. Sendo as ações exteriores da criança reflexos e manifestações de suas necessidades interiores e do amadurecimento psico-biológico, quando observamos o comportamento da criança não devemos julgá-lo por seus efeitos exteriores, mas pelas consequências internas que geram. Por isso, a repetição de uma mesma atividade por parte da criança não deve ser compreendida como a perseguição repetida de um mesmo objetivo. São muitos trabalhos de uma só vez, e é necessário repetir, não para que a atividade realizada melhore, mas para que o desempenho interno da criança se aperfeiçoe. Dessa forma, na atração por objetos pequenos objetos a paixão da criança por algo que auxilia seu desenvolvimento interior em um determinado período de sua vida. Este intervalo vai do nascimento até o quarto ano de vida da criança, com diferentes intensidades (LAR MONTESSORI, 2013c).
  • O período da ordem (2 a 4 anos) – A criança necessita da ordem, principalmente, durante os seis primeiros anos, mas dos dois aos quatro anos ocorre a transformação da mente absorvente inconsciente em mente absorvente consciente, e esta fase é especialmente frágil, por isso um mundo organizado é fundamental. Nessa transição, ela deixa de absorver tudo o que vê para começar a compreender ativamente e interferir na realidade, e um mundo no qual as coisas fiquem sempre no mesmo lugar, as pessoas se comportem mais ou menos da mesma maneira e haja uma rotina razoavelmente fixa é um mundo agradável para o desenvolvimento da cognição infantil. A ordem do ambiente físico deve ser garantida por um adulto até os dois ou três anos. A partir dessa idade, quando a criança já consegue carregar suas coisas, pode ajudar o seu cuidador, sempre guardando o que pegar. A ordem no ambiente não físico, desde a rotina até o comportamento dos pais é importantíssima. Dá segurança para a criança saber que ela tem – ou não tem – tempo para algo. Aos poucos, horários de comer, escovar os dentes, dormir, pegar a mochila para a escola, tudo fica mais claro. O mesmo acontece com a descoberta de o que é e o que não é permitido. Se algumas ações só são proibidas de vez em quando, mas liberadas quando os responsáveis estão cansados de disputar poder com os filhos, eles ficam confusos e não sabem quando é possível desobedecer (LAR MONTESSORI, 2013c).
  • O período da música (2 a 6 anos) - A música existe em todas as culturas e em todos os tempos, se trata de um dos grandes pilares da humanidade e, portanto, uma das bases para a construção do humano individual, na criança. A criança aprende a cantar, batucar e ouvir música sozinha em uma aprendizagem autônoma e natural. A música também é uma forma de linguagem e devemos estar atentos ao tipo de música que expomos às crianças, pois até os seis anos elas estão em um período de formação cerebral que não se repetirá por toda a vida. A criança pode, por exemplo, falar pouco, mas cantar tudo. Pode ser silenciosa ou estar ainda adquirindo a habilidade para falar, mas estar sempre sussurrando melodias, ou mesmo cantando-as.  A habilidade de perceber a melodia de uma canção, seus instrumentos, e decorar estruturas musicais ouvidas repetidamente é algo que dá um imenso prazer à criança e que ela extrapola para outras áreas de sua vida e, assim, se concentra melhor, decora mais facilmente, compreende estruturas e aprende com mais tranquilidade. Indica-se usar músicas (sempre iguais) para o banho, para a hora de acordar, a hora de dormir pode ser muito eficiente na criação de uma rotina saudável, amena e tranquila para a criança. A música avisa de forma tranquila e com antecedência razoável que algo vai acontecer. Vale a pena sempre ter instrumentos disponíveis para a criança. Instrumentos reais, de qualidade e até mesmo fabricada por elas (LAR MONTESSORI, 2014).

O período da graça e cortesia (2 a 6 anos) - Aos dois anos, a criança já percebeu que existe gente além dela no mundo, e começa a desejar desenvolver-se de forma independente e a interagir com os que estão por perto. O aprendizado da convivência é difícil e importante, por isso, merecem uma atenção especial. Não se pode esperar que a criança aprenda sozinha a se comportar. Diferente do inatismo da linguagem, por exemplo, que permite o desenvolvimento autônomo da língua, os comportamentos sociais são absolutamente culturais, e precisam ser aprendidos. A criança quer aprender, quer ser agradável, ela deseja ser mais perfeita possível. Mas precisa da ajuda de pais e educadores preparados e que, eles mesmos, sejam modelos de comportamento todo o tempo. Quando quiser ensinar uma forma de comportamento adequada à sua criança, tendo observado que ele se comportou inadequadamente ou sem tê-lo, reserve um momento com tempo para a lição. A criança não vai aprender a se comportar do jeito certo pela proibição do jeito errado. Na hora talvez resolva, mas o comportamento se repetirá depois. A única maneira de garantir que a criança se comportará da forma certa é ensinar a forma certa de se comportar. Para ensinar a forma certa, então, chame sua criança e os cinco passos breves a seguir, com clareza, tranquilidade, objetividade total: Chame a criança para o local mais adequado à lição; explique a situação sobre a qual tratará a lição; diga o que deve ser feito; demonstre e convide a criança a fazer e observe. Até os seis anos, as lições devem ser sobre os comos, e não sobre os porquês. Deve-se simplificar a lição ao máximo, focando nos comos, isso vai ajudar sua criança a entender o que ela deve fazer (LAR MONTESSORI, 2013d).

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