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A Visita Aldeia Indígena

Por:   •  17/5/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.663 Palavras (7 Páginas)  •  177 Visualizações

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Acadêmico: Luciano Romais

RELATÓRIO DA VISITA

À COMUNIDADE INDÍGENA

" RONDON TERENA"

Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia - 6º Semestre B da  Faculdade de Guarantã do Norte – UNIFAMA, como requisito para obtenção de nota na disciplina Educação Indígena, sob a orientação da Professora  Cleize Maria de Barros Tavares.

Guarantã do Norte-MT

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        No dia 05 de Outubro de 2019 a Turma do 6º Semestre B do Curso de Pedagogia da Faculdade de Guarantã do Norte UNIFAMA, junto com outras turmas da mesma Faculdade, e acompanhados pela Professora Valdicéia Bernardo Souza Lima, visitou  a Escola Estadual Indígena "Élio Turi" da Comunidade Rondon Terena, em União do Norte, Município de Peixoto de Azevedo MT. Essa visita teve a finalidade de conhecer uma Escola Indígena, conforme previsto pela Disciplina de Educação Indígena, e desenvolver atividades culturais e sócio educativas com os alunos dessa escola. Esse relatório é resultado do entendimento do que foi presenciado no decorrer da visita.

        A chegada à comunidade foi em torno das dez horas da manhã, os acadêmicos e professora foram recebidos pelo Cacique José Carlos Firmo e o Professor Eliel Rondon, que deram boas vindas, agradeceram por essa visita, dizendo-se felizes em receber os alunos e a professora desta Faculdade. Depois que todos se acomodaram nas dependências da escola, houve uma apresentação cultural pelas crianças da comunidade através de uma dança da tradição Terena, cujo significado foi explicado logo em seguida.

        A professora Valdicéia agradeceu pela acolhida e pela bela apresentação cultural das crianças, disse estar maravilhada em poder presenciar algo dessa natureza pela primeira vez. Perguntou então sobre o sentido dessa dança e das cores usadas nas vestimentas, pinturas do corpo e adereços. O cacique explicou que a dança apresentada pela crianças, todas meninas, representa uma tradição muito antiga do povo Terena, quando guerreiros retornavam à aldeia de alguma atividade de guerra ou de caça, sendo assim recepcionados e homenageados pelas mulheres dessa forma. Quanto às cores, foi explicado que branco representa a paz, vermelho representa a vitória e preto representa o luto pelos que pereceram. As penas usadas nos cocares são da Ema, considerada uma ave sagrada, evitando-se também com isso a matança de araras, como acontecia em tempos passados.

        Foi então aberto o espaço para todos que quisessem perguntar algo aos responsáveis pela comunidade, assim surgiram várias perguntas por parte dos acadêmicos, referentes à vida na comunidade indígena, sobre o que se espera da parte do governo e da sociedade em geral em relação aos índios; de que maneira os indígenas buscam preservar a sua cultura e tradições; como é o uso a língua materna, se conseguem comunicar-se  com outras etnias; sobre a religiosidade; sobre leis e regras indígenas; se ainda acontece a eliminação de crianças deficientes; sobre casamento entre índios e brancos, entre outras. Todas as perguntas foram respondidas, ora pelo Cacique, ora pelo professor.

        Foi explicado que a Comunidade Rondon Terena faz parte da Reserva do Iriri, e que a mesma conta com aproximadamente 170 pessoas, entre adultos e crianças. Há outras comunidades nesta mesma reserva. Os índios Terena dessa comunidade vieram do Mato Grosso do Sul na década de 1990. Permaneceram na Aldeia do Iriri por um tempo, até receberem a área demarcada no Distrito União do Norte, onde, inseridos em região de sítios e fazendas no entorno, enfrentam grandes dificuldades, por estarem em ainda em período de transição. Faltam projetos e meios necessários para o cultivo da terra, e dessa forma  garantir a sustentabilidade da vida e cultura. Atualmente os índios não sobrevivem mais da caça e da pesca, como acontecia no passado. A sede da FUNAI - Fundação Nacional do Índio - mais próxima é a de Colíder MT, esta representa juridicamente a comunidade, mas os recursos materiais do Governo Federal e de ONGs, na maioria das vezes, são insuficientes, e há também ainda muito preconceito. Também sentem falta de uma maior participação na política local, estadual e nacional, para poderem fazer suas reivindicações junto aos órgãos governamentais, e assim manter os hábitos e costumes, modos de vida, relação com a natureza e também da língua materna. Nesse sentido a Escola Indígena Élio Turi representa uma conquista importante, pois, além de ser o elo de ligação com a sociedade, traz  a possibilidade de resgate da língua materna,  suas culturas e tradições, e ainda ser espaço para que os conhecimentos do povo possam ser ensinados.

        Quando à sociedade em geral em relação aos índios, espera-se uma maior aproximação. Uma visita de acadêmicos de uma faculdade, para conhecimento e pesquisas, é muito importante e bem vinda, mas é preciso buscar formas de maior integração com a sociedade em geral, uma vez que os indígenas também vivem nela, e dela dependem.

        Quando foi perguntado de como os indígenas buscam preservar suas culturas e tradições, foi explicado que tudo começa na própria família. Foi destacado que entre os indígenas, a família é da maior importância, sendo que os valores familiares, a educação dos filhos, o respeito, a dignidade, o cuidado de uns com os outros, são ensinados desde a infância através dela. Outra coisa é a valorização do idoso, que representa a sabedoria. Foi colocado que entre os índios é inconcebível, por exemplo, um idoso viver em um asilo, o que é comum acontecer entre os brancos. Pois, assim como não pode faltar a alegria da criança e do jovem no meio do povo, também não pode faltar ali a sabedoria do idoso.        

        Quanto à comunicação entre diferentes povos indígenas através da língua, foi dito que a Língua Portuguesa, desde a chegadas dos portugueses, é a língua dominante, mas cada etnia indígena tem a sua própria língua materna. Fora algumas semelhanças, essas línguas dificilmente se cruzam, por serem muito diferentes entre si. Para uma tribo poder entender e falar a língua de outra, é preciso aprender a mesma primeiro.

        Sobre a religiosidade, cada povo tem sua forma particular de entender Deus, sendo que entre os índios há adeptos de mais diferentes crenças e denominações, como o catolicismo, o espiritismo, o protestantismo. Entre o povo Terena nesta região, uma grande maioria são adeptos da UNIEDAS (União das Igrejas Evangélicas da América do Sul), que tem alguma semelhança com a Igreja Batista.

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