A importância do trabalho de intervenção psicopedagógica
Por: mar7 • 10/6/2015 • Trabalho acadêmico • 1.814 Palavras (8 Páginas) • 385 Visualizações
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS - UEMG
CAMPUS BELO HORIZONTE – CBH
[pic 1]FACULDADE DE EDUCAÇÃO [pic 2]
NUCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
CURSO DE PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL
CURSO | PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL | |
DISCIPLINA | Intervenção Psicopedagógica Clínica: Métodos e Processos | |
PROFESSOR (A) | Ana Catharina Mesquita de Noronha | TURMA XXX |
ALUNO: | MARILIA DIAS |
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A importância do trabalho de intervenção psicopedagógica
[pic 3]
Quando se fala em aprendizagem, não podemos relacionar o problema simplesmente com o aluno, pois a aprendizagem não é um processo individual, ou seja, não depende só do esforço de quem aprende, mas sim de um processo coletivo. Alicia Fernández (2001) narra que todo sujeito tem sua modalidade de aprendizagem e os seus meios para construir o próprio conhecimento, e isso significa uma maneira muito pessoal para se dirigir e construir o saber.
Já Piaget (1976) busca auxílio na linha cognitivista para desenvolver uma caracterização do processo de aprendizagem. Ele afirma que a aprendizagem é um processo necessariamente equilibrante, pois faz com que o sistema cognitivo busque novas formas de interpretar e compreender a realidade enquanto o aluno aprende. A aprendizagem é um fruto da história de cada sujeito e das relações que ele consegue estabelecer com o conhecimento ao longo da vida, afirma Bossa (2000). É o que ainda nos apresenta Fernández (2001) a importância da família, que por sua vez, também é a responsável pela aprendizagem da criança, já que os pais são os primeiros ensinantes e os mesmos determinam algumas modalidades de aprendizagem dos filhos. Esta consideração também nos remete a relação professor-aluno, para essa mesma autora, “quando aprendemos, aprendemos com alguém, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar.” Almeida (1993), também considera que a aprendizagem ocorre no vínculo com outra pessoa, a que ensina, “aprender, pois, é aprender com alguém”. É no campo das relações que se estabelecem entre professor e o aluno que se criam às condições para o aprendizado, seja quais forem os objetos de conhecimentos trabalhados.
A intervenção psicopedagógica é um meio eficaz como forma de prevenção do fracasso escolar. Seu trabalho orientado por recursos cognitivos e emocionais permite não apenas o sucesso na aprendizagem, mas possibilita o resgate da autoestima e autonomia individual tornando assim mais fácil a socialização do sujeito com os demais colegas. Para que todo este processo ocorra, sabemos que há uma grande necessidade de participação da família e da instituição escolar com vistas a juntos constituir meios afetivos e de estimulação cognitiva de forma que estas intervenções tornem-se eficazes e alcancem seus reais objetivos que é o resgate e o gosto por aprender.
O processo de intervenção atua diretamente no indivíduo seja ele criança, adolescente ou adulto e procura diagnosticar suas dificuldades, intervindo para a superação das mesmas. Essa intervenção inclui a anamnese realizada com os pais ou responsáveis, a análise do material escolar observando a criança em situação de aprendizagem, o uso de técnicas e instrumentos específicos e quando necessário o encaminhamento para profissionais de outras áreas como a neurologia, fonoaudiologia ou psicologia.
A intervenção do psicopedagogo busca proporcionar na maioria dos tratamentos, um espaço onde se possa devolver ao sujeito, algo de reconhecimento de sua autoria. Situar-se como o
autor de seu pensar. Deixar de ser objeto do desejo do outro para ser sujeito do seu próprio desejo. Reconhecer-se pensante e ao mesmo tempo, desejante, pois o pensamento não pode definir suas próprias normas desvinculadas do desejo.
Autoria de pensamento e autonomia, estão intimamente ligadas. A autoria de pensamento é condição para a autonomia da pessoa e por sua vez, a autonomia favorece a autoria de pensar. À medida que alguém se torna autor, poderá conseguir o mínimo de autonomia.
Assim sendo, deve-se trabalhar para que os alunos possam encontrar nas escolas, um lugar de reflexão, onde professores precisam reconhecer em si próprios e em seus alunos, a capacidade pensante não só quando produzem algo visível, mas também quando permanecem em silêncio. A intervenção psicopedagógica está direcionada a abrir espaços de autoria de pensamento não só para as crianças a quem atende, mas também para os adultos (pais e professores) que têm funções ensinantes. Está dirigida a desbloquear as condições perturbadoras da autoria de pensamento.
Pensar supõe responsabilizar-se pelo pensado. Para poder pensar, as situações devem ser plausíveis de serem pensadas, ou seja, pensáveis. Um não-pensável estabelece-se a partir de um quantum importante de angústia que pode cobrir, inibir ou perturbar o desejo de conhecer. Certas questões podem permanecer tanto para uma pessoa quanto para uma cultura fora da possibilidade de serem pensadas. Um não pensável não é o mesmo que um impensável. Os impensáveis possibilitam o pensar. Os não-pensáveis dificultam o pensar. Eles recobrem-se de mitos em cada pessoa. Quando estendem-se e congelam-se em um sujeito, podem produzir um sintoma ou uma inibição cognitiva. Os impensáveis são possibilitadores e os não-pensáveis atuam como obstáculos.
Associado à estes conceitos, temos o conceito de modalidade de aprendizagem-modalidade de ensino. O conhecimento dessas modalidades nos dão ferramentas importantes para as intervenções psicopedagógicas tanto ao nível terapêutico quanto preventivo. Buscar entendê-las nos permite conhecer como o sujeito interage com o objeto de conhecimento, como aprende e como não aprende. Como o organismo, corpo, inteligência e desejo estão funcionando na construção do conhecimento.
Entendo que a modalidade de aprendizagem é o modo como uma pessoa se relaciona com o conhecimento, consigo mesmo como autor e com o outro como ensinante.. Se repete e muda ao longo de toda a sua vida nas diferentes áreas e vai sendo utilizada nas diferentes situações de aprendizagem. Portanto, se transforma com o uso e está em permanente reconstrução, sendo transformada à medida em que se incluem à ela, novas aprendizagens. Se constrói a partir do modo como os ensinantes conseguiram reconhecer e querer a criança como sujeito aprendente e como sujeito ensinante e a significação que o próprio grupo familiar de origem, tenha dado ao conhecer: a existência de não-ditos, segredos, perigo e culpa por conhecer...ou se lhe ofereceram um espaço saudável onde o conhecer apareça como desafio possibilitador.
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