ANÁLISE DO FILME “AO MESTRE COM CARINHO”
Por: Paulo Sérgio • 13/12/2018 • Dissertação • 1.240 Palavras (5 Páginas) • 1.069 Visualizações
ANÁLISE DO FILME “AO MESTRE COM CARINHO”
Dirigido e produzido por Jame Clavell, o filme “Ao Mestre Com Carinho”, conta a história de um jovem engenheiro negro chamado Mark Thackeray que, desempregado, resolve aceitar o desafio de trabalhar como professor. A narrativa se passa em uma escola de um bairro operário de Londres e traz profundas reflexões sobre preconceito e discriminação racial, desigualdade social e as diversas inseguranças ocorridas na transição da adolescência para a vida adulta.
Assim que chega à escola, Thackeray, como é chamado por todos, se surpreende ao ser-lhe atribuída uma turma de jovens extremamente hostis e sem perspectivas para o futuro. Este estão ainda dispostos a todo o empenho para que Thackeray desista do seu intento de dar aulas.
Vale ressaltar que Thackeray não tem uma formação de professor e, quando o mesmo é questionado sobre o motivo de trabalhar como professor, ele responde: “-É bom ter algum emprego.”
Ao conhecer Weston, um professor resmungão e extremamente cético quanto ao valor dado aos profissionais da educação na sociedade, este lhe pergunta: “-Então você é o novo cordeiro para o matadouro, ou devo dizer, a nova ovelha negra?” E Thackeray responde: “-Não... apenas um professor, Sr.”
Thackeray, porém, se esforçará para reverter a opinião de Weston: “-Educação é uma desvantagem nos dias de hoje.”
O exercício da docência faz com que Thackeray perceba que “ensinar exige reflexão crítica sobre a prática”.
“Por isso é que, na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.” (FREIRE, 1996, 39)
A escola se refere aos alunos como “garotos”. Mas, certo dia, quando os alunos ateiam fogo numa lixeira dentro da sala, com o intuito de tirar o professor do eixo, Thackeray enfurecido, procura a professora Gillian para desabafar. Enquanto conversam, ele se refere várias vezes aos alunos como “garotos”, até que percebe que estava tratando seus alunos de forma equivocada, que os mesmos não são garotos e garotas, mas que estão prestes a entrar para a vida adulta.
Thackeray volta à sala e, ao invés de condená-los, muda completamente seus métodos. O processo de identificação pode ser notado inúmeras vezes: quando o professor deixa de representar “autoridade” e passa a servir de modelo para os alunos. Ensina-os que a higiene pessoal e educação são fundamentais, que devem tratar a moças de forma adequada e as mesmas devem tratar os homens da mesma forma. Ensina-os que aprender a cozinhar é muito importante caso eles tenham que se virar sozinhos. A identificação passa ser positiva, os alunos trazem inconscientemente para o professor a relação de afetos originais e o professor investiga a relação pedagógica constantemente. Ele pede inclusive um favor a professora Gillian, se ela poderia ensinar as garotas a se maquiarem, pois, a figura feminina é importante no processo.
Pede aos seus alunos que tenham postura e explica que os mesmos precisam ser responsáveis por seus atos. Aos poucos o professor conquista a confiança e consideração dos seus alunos. Thackeray com sua mudança de postura, demonstra claramente aquilo que, de acordo com Freire (1996, 34) mostra que “ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo.”
O jovem professor estimula os seus alunos a pensarem de forma crítica quando lhe é perguntado por um dos alunos sobre o significado de “rebelião”. Thackeray então expõe suas convicções: “-Mudança.” Uma aluna continua com as interrogações: “-Acha errado mudar, ser diferente, mestre?” Thackeray responde: “-É dever de vocês mudar o mundo, se puderem.”
Thackeray procura mostrar a seus alunos que o mundo é um cenário perfeito para aprender. Sugere então uma visita ao museu, o que suscita desconfiança por parte da escola que cria empecilhos por meio da necessidade da autorização do Conselho de Escola ou outro órgão superior na educação e que deposita todo o peso do fracasso nos alunos. O jovem professor, porém, acredita no potencial dos alunos, insiste e consegue realizar o passeio ao museu.
Um exemplo muito significativo no avanço dos alunos e admiração ao mestre ocorre na cena a qual a aluna Pamela, incomodada com o comentário de outro aluno, quando o professor se fere e sangra: “-Puxa, sangue vermelho!”, desfere sua ira ao preconceito dirigido ao professor.
O jovem mestre aparece como alguém que está lá para incentivar os sonhos de seus aprendizes. Observa e valoriza a superação dos alunos em torno da vida escolar, por isso articula a festa de formatura: “-Devemos lutar por aquilo que acreditamos, uma vez que tenhamos certeza de estarmos certos.”
A turma acolhe no seu dia a dia o sentimento de trabalho coletivo e o cuidado para com todos do grupo. Isso é perceptível nas cenas que seguem a morte e o funeral da mãe de Seales, um dos seus. Conforme Freire (1996, 142) “é digna de nota a capacidade que tem a experiência pedagógica para despertar, estimular e desenvolver em nós o gosto de querer bem (...)”
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