Analise do Filme Sociedade dos Poetas Mortos.
Por: DENYRO • 9/10/2019 • Resenha • 1.434 Palavras (6 Páginas) • 322 Visualizações
Análise crítica sobre o Filme: “Sociedade dos Poetas Mortos”.
Denys Ribeiro
Sociedade dos Poetas Mortos, é um filme norte-americano da década de noventa que tece uma severa crítica ao sistema de ensino tradicional do final da década de 50, nos Estados Unidos, numa instituição de ensino tradicional chamada Academia Welton. O filme é contado através de uma ordem cronológica, onde a sociedade da época apostava em lá inscreverem seus filhos, por considerarem uma instituição de excelência, capaz de prover um futuro acadêmico e profissional garantido. A imagem feminina é submetida a razão masculina e tratada como inferior e os pais definiam a carreira dos filhos.
A Academia Welton é uma escola de ensino médio, de classe alta, centenária e que tem como ideal didático o ensino rígido e inflexível. Sua filosofia de ensino está baseada em quatro pilares: a tradição, a honra, a disciplina e a excelência. Um ambiente repleto de regras, extremamente fechado e conservador. O uniforme dos alunos já demonstra essa realidade: são fardas repletas de brasões e formalidades.
A escola não apresenta uma gestão democrática, onde gestores e professores devem possibilitar um espaço de participação e diálogo, amparado no trabalho coletivo, em que as diferenças sociais, culturais e de pensamento não sejam negativas do exercício educativo coerente, e a ênfase para isso se dá principalmente na figura de seu orgulhoso diretor, Sr. Nolan, que representa claramente valores conservadores e repressores, uma caricatura de uma educação tradicional. É impressionante ver a cobrança e pressão feita aos jovens, pela comparação do histórico familiar, para que sejam ainda melhores no mesmo sistema oferecido. Uma cena que caracteriza o padrão do ensino severo e doutrinador da instituição, foi quando um aluno é punido com o uso de palmatória, pelo superior do colégio, com um exemplar castigo físico como forma de punição contra todos que se opusessem ao sistema educacional. Além disto, sofriam uma enorme cobrança por parte de seus pais para que cumprissem estas normas para tornarem-se grandes profissionais e bem-sucedidos.
Essa percepção é reforçada quando no filme observamos 3 de seus professores, de disciplinas diferentes. Um deles diz de forma enfática aos seus alunos: “Escolham 3 experiências de laboratório e façam relatórios a cada cinco semanas. As primeiras 20 perguntas do fim do primeiro capítulo são para amanhã”. O segundo educador aparece trabalhando o método de repetição/fixação: “Agricolam, Agricola, Agricolae, Agricolarum, Agricolis, Agricolas… Outra vez… Agricolam…” Os alunos repetiam tudo o que o professor falava em voz alta. O terceiro professor fala sobre a exigência dos trabalhos e ainda ameaça: “Quem não apresentar os trabalhos feitos terá menos 1 ponto na nota final”. Ou seja, mesmo sendo na década de 50, ainda encontramos atitudes semelhantes em sala de aula, hoje em dia.
Dourado (2001, p. 24), ressalta que “gestão democrática implica compartilhar o poder, descentralizando-o”, para tanto os novos administradores precisam respeitar as pessoas e suas opiniões, incentivar à participação, ajudar a promover saberes básicos relevantes à participação (saber ouvir, saber comunicar suas ideias) atualizar-se e compartilhar seus conhecimentos com a equipe, pois estes, se colocados em prática como modelo de uma gestão democrática e participativa, tornam-se uma ferramenta para otimizar a educação. Professores devem refletir este entendimento.
Identificamos claramente no filme este entendimento, ao falar sobre o Sr. Keating (Robim Williams), quando sua turma de alunos está na sala de aula, aguardando pelo novo professor. Ele entra na sala assobiando, tranquilamente, com um alegre sorriso, e caminha por entre os alunos, convidando-os para que o sigam até um outro ambiente. Em uma outra sala faz a seguinte pergunta: “Oh Capitão, meu Capitão. Quem sabe de onde veio esta? ”. Percebendo o silêncio, ele diz: “É um poema sobre Abraham Lincoln”. Os alunos não estavam acostumados com abordagens feitas dessa forma, esperavam o tradicional, o básico, o ensino ‘top-down’. E é interessante como o professor se coloca na horizontal da seguinte forma: “Também estudei aqui e sobrevivi. Eu não era isso que vocês estão vendo, as pessoas jogavam livros na minha cara, era magro, um fracote intelectual…” Vale ressaltar que ele sempre chamava seus alunos pelo nome (ou sobrenome), agradecia a participação, mesmo quando os alunos não sabiam ou erravam a resposta.
Com aulas diferenciadas dos demais professores, ele não tinha a sala de aula como único local de conhecimento, levava os alunos a outros ambientes, como por exemplo, pátio, sala de fotos, campo de futebol e até mesmo em cima da mesa dele, fazia com que eles pudessem sentir, pensar, criar e sonhar, usando a poesia e sua filosofia “Carpem Diem”, que significa “aproveitem o dia”, mostrando que todos devem viver intensamente o hoje, pois não sabemos o que nos trará o amanhã, e ainda a sonhar pois um ser humano sem sonhos, sem pensar por si só, se torna morto, mesmo que vivo no corpo, mas morto na alma, onde se concentra toda nossa existência.
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