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Aquisição da lingua portuguesa

Por:   •  2/11/2016  •  Resenha  •  1.382 Palavras (6 Páginas)  •  853 Visualizações

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AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

No Capítulo 1 do livro Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, de Maria Lúcia de Castro Gomes, intitulado de Aquisição da Linguagem, a autora traz importantes considerações aos agentes do ensino da Linguagem. Segundo ela, a linguagem é o mecanismo que nos possibilita expressar-nos, compreender o outro e também o mundo em que vivemos através das habilidades de escrita, leitura e principalmente da fala, que adquirida ainda quando criança, concretiza essa expressão.

Desde a Antiguidade, época em que filósofos, médicos e estudiosos perguntavam se onde estaria a linguagem, buscavam respostas sobre o conhecimento, o funcionamento do cérebro, passando pela descoberta da bala cônica que marcou o fim do racionalismo após possibilitar descobrir que uma lesão em certas regiões do cérebro provocava perda do poder da fala pela escrita ou sinalização ou ainda da compreensão mesmo sem alteração das cordas vocais, entendeu-se que a linguagem está no cérebro e que este é a mente.

Vinte anos depois, surgiu o Behavorismo, através do qual afirmou-se que o individuo desenvolve-se a partir de respostas que dá a estímulos recebidos, sendo assim passível de ter seu comportamento condicionado pela experiência, sendo facilmente manipulado.

Após os feitos de Adolf Hitler e Yosef Stalin, essa visão foi perdendo força e em 1948 Burrhus Frederic Skinner separou de vez o Behavorismo dos ditadores evidenciando que todo individuo podia ser educado à perfeição, independente de raça, cor, credo ou genética.

Em 1959, Chomsky publicou uma crítica a essa teoria, dizendo que a genética exercia grande influência, o que diferenciava o ritmo e modos de aprendizado de indivíduos expostos a uma mesma educação. Colocou a língua não como uma habilidade desenvolvida apenas através de estímulos e respostas, mas como um módulo da mente, inato ao ser humano. Daí o fato da criança adquirir a língua de sua comunidade sem esforço, mesmo sem ser ensinada, como se ela já estivesse inscrita e desabrochasse. Desenvolveu a teoria de uma gramática universal, que é a ideia de que todas as línguas compartilham conjuntos universais de regras gramaticais.

Steven Arthur Pinker, influenciado pelas idéias de Chomsky, descreve essa gramática universal como parte de um instinto inato, como é para a aranha produzir teia. Então, o falar e compreender se desenvolvem naturalmente na criança sem esforço ou instrução sistematizada, como sendo um recurso cerebral e não um produto cultural.

De acordo com essas teorias, há duas formas de se pensar a aquisição da linguagem: uma como dotação genética e outra como processo que se adquire através do contato com o ambiente.

Skinner, defensor do Behavorismo, dizia que a linguagem seria um hábito obtido como resposta a estímulos recebidos do ambiente, um comportamento adquirido, como dançar por exemplo.

Chomsky critica essa teoria e sustenta que a linguagem é inata e que o ambiente apenas propicia o desenvolvimento dessa habilidade que já estaria inscrita no cérebro através da genética.

Jean Piaget, epistemólogo suíço, em meados de 1920, que organizou o desenvolvimento da criança em estágios, associou a aquisição da linguagemn ao desenvolvimento da inteligencia, dada como resultado da interação entre o ambiente e o organismo, através de assimilações e acomodações.

Lev Semenovich Vygotsky, psicólogo bielorusso, colocou a criança como sujeito e não aprendiz passivo da aquisição da linguagem. O desenvolvimento histórico, social e cultural determina o pensamento expresso através da fala que conduz a criança a construir sua visão de mundo e comportamento através de sua interação com o outro.

As teorias apresentadas podem, ora se completar, ora se rebater, Chomsky que a linguagem era inata e superior a qualquer outra habilidade. Para Piaget, o que prevalecia era  a inteligência, a capacidade de adquirir habilidades. Além disso, Chomsky descreve o ambiente como uma alavanca para desabrochar a linguagem que já está no cérebro e Piaget o considera essencial pois é através da interação da interação do individuo com o meio que se adquire as habilidades.

Comparando Piaget e Vygotsky, ambos concordam que a aquisição da linguagem faz parte do desenvolvimento das operações mentais, mas não veem a fala  como superior as outras habilidades. A diferença entre os dois é que Vygotsky considera essencial a interação não só com o meio, mas também com o outro.

Analisando essas teorias, acredito que a genética pode influenciar no ritmo de aquisição da linguagem, uma vez que nenhum individuo é igual ao outro e já nascemos com características como rapidez de raciocínio por exemplo. Mas reconheço que a influência das interações com o meio e, principalmente, com o outro são capazes de modificar o peso do código genético. Tomemos por base uma criança portadora de síndrome de down que seja estimulada, que receba amor e carinho, apresenta um desenvolvimento consideravelmente maior em relação à outra que não teve o mesmo tratamento.

Trazendo esses estudos para o cotidiano escolar, é preciso considerar que o aluno já chega com a língua materna adquirida. Cabe aos professores apresentar-lhes a língua padrão, ajuda-los a compreender a linguagem que já conhecem e utilizá-las nos diferentes contextos sociais, através da fala e da escrita.

Através da Linguistica, ciência que estuda os fenômenos da linguagem verbal, podemos entender um pouco melhor o processo de aquisição e desenvolvimento ocorrido em todo o mundo.  Divide-se em diversas áreas:

Fonética é o estudo dos sons ou dos fonemas, entendendo-se por fonemas os sons emitidos pela voz humana.

Fonologia:estuda os fonemas do ponto de vista de sua função na língua (pares opositivos, variantes posicionais, neutralização e arquifonema, possibilidades de combinações etc.).

Morfologia: é o estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras isoladamente e não dentro da sua participação na frase ou período. 

Sintaxe: estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no discurso, bem como a relação lógica das frases entre si.

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