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Concepção de Leitura

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Por:   •  12/6/2013  •  Pesquisas Acadêmicas  •  4.982 Palavras (20 Páginas)  •  605 Visualizações

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Introdução

A leitura de um texto exige muito mais que um simples conhecimento linguístico. Escrever um texto parece ser sempre a maior dificuldade enfrentada nas salas de aula de todos os níveis de ensino. Estudantes dos ensinos fundamental e médio não se cansam de repetir o quanto lhes é difícil o exercício da produção escrita. Professores, por sua vez, também se queixam da qualidade dos textos de seus alunos. No entanto, mais importante que a simples constatação desses problemas parece-nos ser a identificação de suas raízes e descobrir o que elas revelam. Daí se pode pensar em buscar soluções.

Para nós, colocam-se, como ponto de partida para esse trabalho, respostas às perguntas para que escrevemos? E para quem escrevemos? Essas respostas muito provavelmente definirão o que escrever e como escrever. É claro que essa relação entre questionamentos, respostas e orientação da produção escrita não é assim tão automática, como pode parecer. Alguns aspectos apresentam-se como relevantes nessa análise, tais como a presença do interlocutor na imagem daquele que escreve as condições de produção do texto e as relações entre leitura e produção escrita.

Desenvolvimento

2.1 Concepção de Leitura

Frequentemente ouvimos falar-e também falamos-sobre a importância da leitura na nossa vida, sobre a necessidade de se cultivar o habito de leitura entre crianças e jovens, sobre o papel da escola na formação de leitores competentes, com o que concordamos prontamente.

Mas, no bojo dessa discussão, destacam-se questões como: Oque é ler? Para que ler? Como ler? Evidentemente, as perguntas poderão ser respondidas de diferentes modos, os quais revelarão uma concepção de leitura decorrente da concepção de sujeito, de língua, de texto e de sentido que se adote.

2.2 Foco no Autor

Sobre essa questão, KOCH (2002) afirma que à concepção de língua como representação do pensamento corresponde à, de sujeito psicológico, individual, dono de sua vontade e de suas ações. Trata-se de um sujeito visto como um ego que constrói uma representação mental e deseja que esta seja “captada” pelo interlocutor da maneira como foi mentalizada.

Nessa concepção de língua como representação do pensamento e de sujeito como senhor absoluto de suas ações e de seu dizer, o texto é visto como um produto – logico - do pensamento (representação mental) do autor, nada mais cabendo ao leitor senão “captar” essa representação mental, juntamente com as intenções (psicológicas) do produtor, exercendo, pois, um papel passivo.

A leitura, assim, é entendida como a atividade de captação de ideias ddo autor, sem se levar em conta as experiências e os conhecimentos do leitor, a interação autor – texto-leitor com propósitos constituídos sociocognitivo-interacionalmente. O foco de atenção é, pois, o autor e suas intenções, e o sentido esta centrado no autor, bastando tão-somente ao leitor captar essas intenções.

2.3 Foco no texto

Por sua vez, à concepção de língua como estrutura corresponde a de sujeito determinado, “assujeitado” pelo sistema, caracterizado por uma espécie de “não consciência”. O principio explicativo de todo e qualquer fenômeno e de todo e qualquer comportamento individual repousa sobre a consideração do sistema, quer linguístico, quer social.

Nessa concepção de língua como código – portanto, como mero instrumento de comunicação - e de comunicação – e de sujeito como (pre) determinado pelo sistema, o texto é visto como simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código utilizado.

Consequentemente, a leitura é uma atividade que exige do leitor o foco no texto, em sua linearidade, uma vez que “tudo está dito”. Se, na concepção anterior, ao leitor cabia o reconhecimento das intenções do autor, nesta concepção, cabe-lhe o reconhecimento do sentido das palavras e estruturas do texto. Em ambas, porem, o leitor é caracterizado por realizar uma atividade de reconhecimento, de reprodução.

2.4 Foco na Interação autor - texto-leitor

Diferentemente das concepções anteriores, na concepção interacional (dialógica) da língua, os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que – dialogicamente - se constroem e são construídos no texto, considerando o próprio lugar da interação e da constituição dos interlocutores. Desse modo, há lugar, no texto, para toda uma gama de implícitos, dos mais variados tipos somente detectáveis quando se tem, como pano de fundo, o contexto sociocognitivo dos participantes da interação.

2.5 A interação: autor-texto-leitor

Nas considerações anteriores, explicitamos a concepção de leitura como uma atividade de produção de sentido. Pela consonância com nossa posição aqui assumida, merece destaque o trecho a seguir sobre leitura, extraído dos Parâmetros curriculares de língua portuguesa.

A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas.

In: Parâmetros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos de ensino fundamentais:

Língua portuguesa/secretaria de educação fundamental – Brasília: Mec/sef, 1998,pp.66-70.

Como vemos nesse trecho,

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