EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Por: Laísla Bielça • 15/6/2016 • Relatório de pesquisa • 1.621 Palavras (7 Páginas) • 279 Visualizações
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Este trabalho tem por finalidade analisar, os aspectos referentes ao conhecimento e a aprendizagem do grupo de alunos que compõe a EJÁ. Sendo jovens, que num determinado período pararam de estudar e posteriormente decidiram retornar, e adultos que não tiveram acesso à educação em um período regulamentar de ensino. Este grupo apresenta uma característica comum que é a exclusão.
Durante as entrevistas pude observar que confere com o texto de Kohl o seguinte: O que se faz presente no grupo de adultos é o desejo de se alfabetizar para obter qualificação profissional. Á maioria é migrante vindo de áreas rurais. E confere com o texto suas situações de senso comum, possui segurança em determinados aspectos pela própria vivência, e insegurança relativa à aprendizagem. Apresentam dificuldades em se adequarem ao currículo escolar assim como seu contexto, o desconhecimento das atividades específicas também se tornam obstáculos para tais alunos.
A situação de exclusão além de afetar efetivamente o aluno influenciando a aprendizagem, também o coloca em uma posição de insegurança quanto à sua capacidade de aprender.
A autora pretende analisar em seu texto, a qual grupo social e cultural pertence os alunos da EJA. Estudar especificamente se há diferenças no funcionamento psicológico e em geral, e no funcionamento do cognitivo em particular, de sujeitos pertencentes a grupos culturais diferentes.
A tentativa de estabelecer um grupo social a estes alunos, por não pertencerem a um grupo social dominante, ainda dificulta que seja realizada a adequação da escola. O ensino, seu conteúdo e o planejamento e especificidades escolares da EJÁ necessitam de programas elaborados para eles. Para Kohl, a falta de adequação das escolas, a linguagem, que é própria para o ensino infantil, o fato de os adultos não se encaixam em linguagem infantilizadas e histórias elaboradas para crianças, assim como a dificuldade de abstração, são quesitos que devem ser estudados e planejados com uma forma de ensino que se identifique melhor com esses alunos peculiares.
DEPOIMENTOS DOS ALUNOS DA EJA
Entrevista com um jovem ou adulto sobre as dificuldades de não saber ler.
Jobson José da Silva 23 anos nasceu em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, e até os dezesseis anos trabalhou com a família na lavoura. Devido à dificuldade de aprendizagem e as constantes reprovas, abandonou a escola antes mesmo que tivesse se alfabetizado.
Enquanto morava no sítio com a família, ele não sentia necessidade de ler - “Em casa eu não precisava da leitura para nada, e quando eu ia a cidade, já sabia de cor a forma das letras que formavam o destino da linha do ônibus que eu tinha que pegar” - comenta Jobson.
Aos dezessete anos seus pais se separaram, e ele foi obrigado a vir para Jundiaí com a mãe, que tinha parentes na cidade. Ao chegar, sentiu a drástica diferença cultural, educacional e do mercado de trabalho. Ele se viu em um lugar desconhecido, com linhas de ônibus demais para serem decoradas! Foi então que a necessidade do trabalho falou mais alto, ele já havia completado 18 anos e os parentes cobravam-lhe uma ajuda financeira. Sem condições para pagar o supletivo, procurou a EJA.
Hoje, após cinco anos, Jobson está trabalhando em uma empresa que terceiriza serviços, já tirou sua habilitação e comprou uma moto, além de ler os destinos dos ônibus, lê também placas, livros e revistas.
Entrevista com uma senhora de aproximadamente 35 anos sobre seu retorno à escola (EJA), suas dificuldades e sucessos.
Cleide S. T. 38 anos, conta que aos 15, cursava a sexta – série do ensino fundamental, quando teve que interromper o curso devido a uma gravidez inesperada. Casou-se, engravidou outras vezes e ajudava na renda familiar trabalhando como babá.
Após alguns anos, com os filhos já maiores, resolveu retomar os estudos e procurou a EJA em seu município. Segundo Cleide, o retorno foi muito difícil, principalmente por causa da metodologia de ensino. Em sua mente, tudo seria como há 23 anos, porém, já na primeira aula, ela já percebeu como tudo havia mudado.
O choque de realidade foi tão forte, que a hipótese de desistência tornou-se fixa na mente de Cleide, mas o apoio da família, em especial o do marido, foi fundamental.
Hoje, Cleide já se sente a vontade com o ambiente escolar a até já tem suas matérias e professores favoritos. No futuro, pretende cursar o curso técnico em enfermagem ou até mesmo o superior, já que se identifica muito com a matéria de ciências, principalmente no que diz respeito ao corpo humano.
“Hoje me sinto muito mais capaz para fazer qualquer coisa, a educação ampliou meus horizontes, me sinto muito mais reflexiva a respeito de tudo”; afirma.
Entrevista com um senhor com mais de 50 anos sobre seu retorno à escola (EJA), suas dificuldades e sucessos.
O Sr. José Santos Henrique, 53 anos, nasceu e cresceu na cidade de Rio Claro, interior de São Paulo, onde cursou o 1° ciclo do ensino fundamental. Durante muitos anos, José dizia que o estudo não lhe fizera e nuca lhe faria falta, trabalhava como vendedor de roupas e enxovais, realizando suas vendas porta a porta com seu carro em Rio Claro e nas cidades vizinhas. Por muitas vezes, disse ter se vangloriado dos demais colegas que haviam terminado os estudos: “eu só aprendi o básico e estou ganhando muito mais dinheiro do que muitas pessoas por aí que já são graduadas”, dizia ele.
Mas com o passar dos anos e com a grande expansão do comércio, José acabou perdendo boa parte da freguesia e passou a enfrentar dificuldades financeiras. Foi nessa mesma época em que ele encontrou um colega que costumava exercer a mesma profissão que a sua, porém este havia passado em um concurso público para Escriturário na prefeitura de Limeira, e estava muito satisfeito com seu emprego.
Segundo José, naquele momento ele foi abatido por uma grande angústia, foi como se ele tivesse de engolir todas as vantagens que ele havia contado. Sem contar a maneira em como ele se sentiu inferiorizado pelo colega.
Apesar da decepção, foi somente após seis meses que José resolveu procurar a EJA - “Eu já havia pensado no supletivo, mas as escolas da minha cidade cobram muito caro e eu não tinha certeza de sua idoneidade” - afirma ele. Quem o indicou a EJA foi uma professora aposentada, cliente antiga, com que ele fez um desabafo.
O primeiro dia foi surpreendente, pois José não estava realmente certo de que levaria aquela decisão a sério, pelo contrário, se sentia mal consigo mesmo, tinha preconceito, não se sentia bem por freqüentar o que ele chamava de “Mobral”. Mas pra sua própria surpresa, a turma e a professora foram muito acolhedoras e ele logo se sentiu mais confiante vendo que teria um bom desempenho.
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