EDUCAÇÃO JOVENS E ADULTOS HOJE
Por: luanamineiro • 5/4/2015 • Artigo • 3.827 Palavras (16 Páginas) • 478 Visualizações
A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS HOJE
Adelson Vilhena
Andréa Oliveira
Ellen Rorigues
Luana Mineiro
Mª Júlia Pontes
Otto Cavalcante
RESUMO: Neste artigo busca-se para melhor entendimento e avaliação do objetivo da EJA, retomar a história da Educação de Jovens e Adultos e sua política educacional, desde a colonização do Brasil até os dias atuais, os entraves encontrados para sua eficácia e o descaso por parte do governo em relação a essa modalidade de educar, assim como seu reconhecimento posteriormente, como ferramenta educacional transformadora do cidadão e, sua importância dentro do contexto social e de mercado de trabalho, ressalta-se também a competência do professor que atenderá esse público, observando o perfil que constitui o mesmo, buscando uma linguagem apropriada, que possa atender as especificidades desses alunos da EJA, pois apesar das dificuldades ainda apresentadas na Educação de Jovens e Adultos, sabe-se que esta educação diferenciada é um novo despertar para as pessoas que não tiveram acesso a escola na idade apropriada, dando a estas uma possibilidade real, para a construção de uma nova vida com respeito, igualdade e dignidade.
PALAVRAS-CHAVES: História da EJA no Brasil, Perfil do Aluno e Professor, Perspectiva do Aluno, EJA como Educação Transformadora.
As políticas de educação do Brasil estão inseridas no decorrer de sua história desde sua colonização pelos portugueses. Observa-se durante esse tempo a falta de solidez das mesmas para a Educação de Jovens e Adultos, sendo que estas políticas tornaram-se emergencial, direcionadas principalmente aos processos de alfabetização. Entretanto seu reconhecimento e definição como modalidade política de educação pública de acesso e continuidade a escolarização básica, foi conquistada só recentemente. Segundo Sauner, “numa análise das preocupações dos diversos períodos educacionais no Brasil, pode-se perceber uma educação elitista sob o domínio da cultura branca, Cristã, masculina e alfabetizada sobre as outras culturas indígenas, negros, mulheres e analfabetos” (2003- pág.49), observando-se assim, o desenvolvimento de uma educação discriminatória e excludente.
Na intenção de aumentar o contingente eleitoral, são aprovados no final do século XlX e início do século XX, projetos de leis que enfatizam a obrigatoriedade da Educação de Jovens e Adultos, principalmente no primeiro período republicano. Nesse período o Brasil vivia um cenário de emergente desenvolvimento urbano e industrial e sob a influência da cultura europeia, portanto essa medida consequentemente atenderia principalmente os interesses da elite. Dessa forma a escolarização é fator importante para a ascensão social referendada pela Lei Saraiva de 1882 e, depois incorporada à Constituição Federal de 1981, tornando-se vetado os votos ao analfabeto, podendo votar só os que dominassem a escrita e a leitura.
No ano de 1925, na intenção de beneficiar a classe dominante (elite), ficou estabelecido o ensino noturno para jovens e adultos, através da Reforma João Alves. Já no ano de 1930, organizações sociais e civis mobilizaram um movimento contra o analfabetismo, objetivando também aumentar o contingente eleitoral. Sendo assim, a educação passa a ser considerada a base para o desenvolvimento e progresso da nação. O analfabetismo passa ser considerado como “uma doença nacional” e o analfabeto visto como “inculto, preguiçoso, ignorante e incapaz”, tornando necessário dominar a leitura e escrita para o entendimento e execução de técnicas de produção industrial emergente atendendo a demanda de urbanização do país.
“O analfabetismo é o cancro que aniquila o nosso organismo, com suas múltiplas metástases, aqui a ociosidade, ali o vício, além o crime. Exilado dentro de si mesmo como em um mundo desabitado, quase repelido para fora da espécie pela sua inferioridade, o analfabeto é digno de pena e a nossa desídia indigna de perdão enquanto não lhe acudirmos com o remédio do ensino obrigatório”.(Couto,1933 pág.190).
O discurso do médico Miguel Couto, onde culpa o analfabetismo, e não a desigualdade social, pelo atraso do Brasil, é uma resposta ao jornalista Casper Líbero, que também de forma preconceituosa não é a favor da Educação de Jovens e Adultos do campo, pois estes migrariam para o centro urbano, tornando-se entraves para a Educação de Jovens e Adultos. Julgar que o pobre é pobre porque não quer aprender e lhe “concedendo” aprendizagem, “qualquer coisa serve”, “qualquer um pode ensinar esse matuto”, são preconceitos a serem enfrentados pelas políticas públicas da Educação de Jovens e Adultos e na ampliação para a Educação Profissional, nas políticas públicas do PROEJA.
A obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário para todos, foi instituída de acordo com a Constituição Federal no ano de 1934. Porém sua oferta inicial não atendia a todos, devido o grande índice de analfabetismo do país, entretanto viu-se um declínio no número de analfabetos entre os anos de 1920 e 1940.
Após a Segunda Guerra Mundial, foram realizadas campanhas nacionais de alfabetização em massa, organizada pelo governo federal de forma centralizada, assistemática, descontínua e assistencialista, objetivando atender a população do meio rural. As demais ofertas de escolarização de jovens e adultos deste período limitaram-se apenas ao ensino primário e na década de 60, estendeu-se ao curso ginasial.
No final da década de 50 e início da década de 60, as ideias e experiências de Paulo Freire fundamenta a emergência de uma nova perspectiva na educação brasileira. A visão de Paulo Freire estava voltada para as demandas e necessidades das camadas populares, o qual idealizou e vivenciou uma pedagogia para esse objetivo, com a participação efetiva, a história e a realidade da população. Esta perspectiva assenta a Educação de Jovens e Adultos a partir de princípios da educação popular. Esta nova perspectiva também está associada a um contexto de efervescência de movimentos sociais, políticos e culturais.
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