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Educação Psicomotora na Idade Pré-Escolar

Por:   •  29/5/2015  •  Resenha  •  5.725 Palavras (23 Páginas)  •  396 Visualizações

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Educação Psicomotora na Idade Pré-Escolar

A educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de tudo uma experiência ativa de confrontação com o meio. A ajuda educativa dos pais e do meio escolar, tem a finalidade não de ensinar a criança comportamentos motores, mais sim permitir-lhe mediante o jogo, exercer uma função de ajustamento, individualmente ou com outras crianças. No estágio escolar, a primeira prioridade constitui a atividade motora lúdica, fonte de prazer, permitindo a criança prosseguir a organização de sua "imagem do corpo" ao nível do vivido e de servir de ponto de partida na sua organização práxica em relação com o desenvolvimentos das atitudes de análise perceptiva.

Embora numerosos autores tenham desenvolvido este tema, a maioria dos educadores e muitos pais não tem compreendido que se poderá tolher a criança e travar seu desenvolvimento e seus progressos escolares se abandonando este aspecto essencial do comportamento. Os mais audaciosos dos professores concedem um certo lugar, sempre insuficiente à atividade de explorar o ambiente, à atividade lúdica e ao que eles chamam de "expressão livre", mas estas atividades com muita freqüência são associadas a exercícios "educativos" de tipo analítico, que correm o risco, para aquelas crianças menos desenvolvidas, de questionar os benefícios deste exercícios, aumentando sua insegurança e sua inibição. Esta formulação é atenuada se todas as crianças que entram na escola maternal tenham alcançado a idade psicomotora de 3 anos, estando ávidas de explorar o ambiente e inquietas de exercer sua influência no ambiente. Entretanto, os problemas afetivos que a criança encontra no seu meio familiar, ou simplesmente uma inabilidade educativa, ou o pouco tempo consagrado pelos pais a participarem com os jogos da criança, a exiguidade do meio da criança, podem conjugar-se diminuindo a espontaneidade criadora que se traduz com um empobrecimento gestual e mímico. A repercussão desta experiência desvalorizante do corpo no equilíbrio afetivo da criança é de tal magnitude que se traduz por dificuldades de estabelecer um contato com os adultos e outras crianças. A expressão gestual, como a expressão verbal, mantém-se pobre e limitada. Conclui-se a necessidade de uma reeducação psicomotora ou ortofônica. Tememos que as tendências atuais da escola onde a ansiedade da inadaptação potencial de quase a metade das crianças leve a diagnosticar precocemente as pseudo inadaptações, que são só simples retardos do desenvolvimento, a maioria das vezes educáveis. É necessário uma atitude educativa apoiando-se no conhecimento dos rítmos do desenvolvimento da criança mais do que uma medicalização ou uma psiquiatrização da escola, criando as condições do progresso real no plano da prevenção das inadaptações escolares. Esta observação condena uma política escolar que consiste em separar precocemente o bom grão do ruim, os superdotados dos inadaptados, apoiando-se na convicção de que o peso da bagagem hereditária é tal que já tem a sorte marcada desde a escola maternal.

É necessário propiciar a cada criança a chance de poder desenvolver da melhor forma suas próprias potencialidades. Isto é possível num ambiente onde se beneficiará no contato com as crianças da mesma idade e com a possibilidade de crescer junto a elas através das atividades coletivas alternadas com tarefas mais individuais, neste estágio, a atividade motora, em relação com o adulto ou com outras crianças, traduz a expressão de uma necessidade fundamental do movimento, de investigação e de expressão que deve ser satisfeita. Esta experiência expressiva do corpo vivido, carregada de todo um conteúdo emocional, organiza-se a um nível de comportamento sensório-motor global favorável à emergência da função de ajustamento. Esta concepção confere uma importância capital ao equilíbrio da pessoa, do exercício de uma motricidade espontânea de domínio subcortical. A espontaneidade criadora e a disponibilidade traduzem a possibilidade que o organismo assim educado tem de reagir globalmente a uma situação de urgência em função de sua vivência anterior. Se esta criatividade se expressa inicialmente a um nível dos comportamentos motores e afetivos, ela se traduzirá mais tarde pela afetividade do organismo de efetuar sínteses novas e explorar no plano mental o que tem experimentado na vivência corporal.

A necessidade de expressar-se e de comunicar-se, isto é, de intercâmbios com o ambiente, manifesta-se precocemente no recém nascido. Se o ambiente favorece a expressão desta necessidade, ele vai desenvolver-se no plano da comunicação gestual, aparecendo gritos, onomatopéias e depois a linguagem. A linguagem aparece e desenvolve-se sob o efeito de um dinamismo afetivo ligado à necessidade do intercâmbio com a outra pessoa. Este intercâmbio, primeiro, é corporal e progressivamente se transforma em corporal e verbal, mostrando as relações estreitas entre linguagem e motricidade. A qualidade expressiva e a afetiva da linguagem antes de ser o vetor de uma mensagem racional, põe em evidência o desejo que a criança tem de "falar" antes de ter assimilado os rudimentos de uma língua que é exterior. Através de uma situação real de intercâmbio é que a criança fala e tem vontade de falar. As crianças mais inibidas, que não tiveram uma experiência corporal eficaz, apresentam prejuízo na linguagem. Uma comunicação gestual e verbal estabelece-se entre as crianças e entre elas e a professora. Isto constitui uma atividade normal da criança ; no plano da linguagem tem o mesmo significado que o desempenho motor nas praxias. Confrontando-se com o desejo e a necessidade de expressar-se para poder participar da vida em grupo, a criança vai pôr em prática e improvisar suas próprias formas de expressão verbal. Trata-se da função de ajustamento que tem sido primeiro experimentada no plano motor e que é necessário transportar ao plano da linguagem expressiva.

Os problemas reais ou aparentes decorrente da lateralização são, com freqüência, fonte de ansiedade nos pais e em muitos professores da escola maternal. Se é verdade que um certo número de dificuldades escolares estão relacionadas a problemas na lateralidade, a atitude mais correta a este respeito, a fim de ajudar a criança a conquistar e consolidar sua lateralidade, é uma ação educativa facilitadora permitindo-lhe exercer sua motricidade global. A lateralidade é antes de tudo uma assimetria funcional que incide na prevalência motora de um lado do corpo. O suporte anatômico desta prevalência é a dominância hemisférica. Os trabalhos sobre a afasia têm permitido concluir que o hemisfério esquerdo é dominante para as funções simbólicas na pessoa destra. Até o fim do período que descrevemos, é desejável que as pressões sociais ou educativas sejam exercidas ao mínimo. É preciso que o adulto ajude a criança a afirmar sua própria lateralidade, permitindolhe realizar livremente suas experiências motoras. Em particular, nas primeiras atividades gráficas é fundamental não exercer nenhuma pressão na criança no sentido de incitá-la a usar a mão direita, a fim de que a coordenação óculo manual - aspecto particular do ajustamento motor global - corresponda, verdadeiramente, a uma auto organização . Toda intervenção intempestiva exterior só acarretará dificuldades à criança, constituindo uma agressão a seu esquema corporal. Do mesmo modo, é precipitado associar a dominância lateral com a verbalização das noções "direita" e "esquerda" . Essa etapa só poderá ser alcançada no momento que a estabilização da dominância lateral tenha sido adquirida. As ações reeducativas específicas neste domínio devem exercer-se no fim deste período, depois que a própria criança tenha suas experiências em um bom clima afetivo. A melhor ação preventiva para eventuais problemas de escolarização será garantida através de uma educação psicomotora seguindo passo a passo as leis do desenvolvimento.

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