Educação de Surdos
Artigo: Educação de Surdos. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: clasygi • 23/10/2014 • Artigo • 2.355 Palavras (10 Páginas) • 270 Visualizações
I. INTRODUÇÃO
1.1. Educação de Surdos
A educação com surdos é um assunto inquietante, desafiador envolve dificuldades e limitações. As propostas pedagógicas visam proporcionar ao aluno com necessidade educativa especial a mesma oportunidade de aprendizagem e socialização que as crianças sem deficiências têm.
Quando falamos de qualquer deficiência, ela pode ser diminuída ou dificultada pelo meio, pode-se ver que o aprendizado, a sociabilidade, a autonomia que uma pessoa precisa ter estão mais relacionados com o que o ambiente proporciona do que com a própria deficiência em si. A deficiência só existe em relação com um meio social. É o meio que mostrará se o indivíduo consegue se adequar às necessidades ou não, é ele quem facilitará ou dificultar a adaptação desse indivíduo. A deficiência não pode ser definida como puramente médica e nem puramente social (SÃO PAULO, 2011).
Na mesma linha de pensamento podemos afirmar que uma pessoa portadora de deficiência auditiva inserida num meio onde ele não é desafiado a buscar autonomia, que estuda numa escola onde não há recursos pedagógicos suficientes para seu aprendizado, o seu próprio meio social como família, amigos e sua comunidade o consideram como incapaz de aprender e o tratam conforme esse estigma que a sociedade produz, terá as suas deficiências exacerbadas, pois não tem nada do meio que lhe favoreça.
Em contrapartida essa pessoa com a mesma deficiência em um ambiente social onde lhe são assegurados e garantidos os seus direitos, como educação, saúde, trabalho, transporte entre outros, onde o meio que está inserido esteja preparado para atender suas necessidades, numa escola com recursos necessários, num ambiente familiar sem preconceitos e com mais informações, essa pessoa terá mais chances de exercer a sua cidadania, sua adaptação de maneira mais adequada e será mais autônoma, pois o meio lhe proporcionará isso. Uma sociedade inclusiva oferece oportunidades para a autonomia (FEBRABAN, 2006).
Durante a Antiguidade e por quase toda a Idade Média pensava-se que os surdos eram incapazes de serem educáveis e eram considerados imbecis. Somente no início do século XVI que se começa a admitir que os surdos possam aprender através de procedimentos pedagógicos sem que haja interferências sobrenaturais. Considerados incapazes, logo não freqüentavam escolas. Eram excluídos da sociedade, privados de seus direitos básicos como: casar, ter filhos, herdar bens, etc. Ficando assim com a própria sobrevivência comprometida (LACERDA, 1998).
Essa história foi modificada quando o Imperador Pedro II trouxe ao Brasil ainda colônia portuguesa o conde francês Ernest Huet o qual desembarcou na capital fluminense Rio de Janeiro, Ernest trouxe consigo o alfabeto manual francês e alguns sinais. Ernest era surdo, o material por ele trazido deu origem a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Surge, então, em 1857 na cidade do Rio de Janeiro, o primeiro órgão que desenvolveu trabalhos com surdos, o Instituto dos Surdos-Mudos e que nos dias de hoje passou a se chamar de Instituto de Educação de Surdos (INES), foi neste instituto que os principais divulgadores de Libras se destacaram. (FILHO, 2009).
Gatto e Tochetto (2007) ressaltam que a linguagem é fundamental para a estruturação das informações, para a organização perceptual e para as interações sociais dos seres humanos. Segundo as autoras, a audição é um pré-requisito para a aquisição e desenvolvimento da linguagem e a deficiência auditiva é um dos principais distúrbios que pode interferir nesse desenvolvimento.
Ainda segundo Gatto e Tochetto (2007) a linguagem tem um papel muito importante de organização perceptual, como na recepção, na estruturação de informações, na aprendizagem e nas interações sociais do sujeito, ressaltam que é importante ter um diagnóstico e uma intervenção precoce da surdez, pois sua ocorrência tardia provoca danos irreversíveis no desenvolvimento da criança.
Cárnio, Couto e Lichtig (2000) afirmam que a aquisição da linguagem ocorre de maneira diferente, entre crianças ouvintes e pais ouvintes, entre criança surda e pais ouvintes e entre criança e pais surdos. Nas crianças e pais ouvintes a aquisição de linguagem acontece de forma natural e logo as crianças entendem que as palavras comunicam algo. Para as crianças surdas filhas de pais surdos a aquisição de linguagem acontece de forma análoga ao dos ouvintes. Já os surdos filhos de pais ouvintes a comunicação é muito difícil; geralmente os pais não motivam a criança para se comunicar, causando frustração e interferindo no processo de aquisição de linguagem.
As autoras apontam a importância de se priorizar o uso da língua de sinais, pois é uma língua de modalidade visual, contém sinais simbólicos, podem ser utilizada pelos ouvintes e de fácil compreensão.
O que ocorre na maioria dos casos é a exposição à língua oral e não à língua de sinais. Há uma interferência do contexto educacional ao querer impor a oralidade como única forma de aprendizagem. As conseqüências são a língua escrita de maneira insatisfatória e inadequações lingüísticas (CÁRNIO, COUTO e LICHTIG, 2000).
Outro aspecto importante é a forma como são feitas as avaliações, como a escola avalia a produção da leitura e escrita e quais critérios são utilizados para avaliar o rendimento acadêmico. Cárnio, Couto e Lichtig (2000, p. 50) concluem que:
Ou os critérios existentes são extremamente rígidos, pois estão calcados na comparação do surdo com o ouvinte sem levar em conta suas especificidades e desta forma o surdo será sempre avaliado como defasado, ou tem-se a ausência de critérios, a qual resultará numa atitude protecionista.
Podemos pensar em educação como sendo um dos processos de socialização dos indivíduos, onde a partir das relações sociais é que se estabelece o desenvolvimento do psiquismo humano. A linguagem tem um papel importante nessa relação, pois é ela quem faz a mediação dessas relações, ela permite ao homem estruturar o seu pensamento, e interagir com o outro. Ela marca o ingresso do homem na cultura, dando a ele o “poder” de produzir transformações no mundo.
Vygotsky (1984) é apresentando como um dos autores que estudam a linguagem. Para ele a linguagem tem um papel decisivo na formação dos processos mentais. A linguagem não é apenas uma forma de comunicação, mas também é uma função reguladora do pensamento. Diante disso vemos um dos papeis importantes que a educação nos proporciona: o desenvolvimento da linguagem.
A linguagem de uma criança surda brasileira deve efetivar-se mediante ao aprendizado da língua portuguesa
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