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Eja- Principais Motivos

Por:   •  12/9/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.059 Palavras (5 Páginas)  •  320 Visualizações

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A guerra

Uma alma preguiçosa habita um pedaço de carne pesada de manhã. Se fosse poético, eu diria aurora. Talvez a poesia trouxesse um pouco de beleza para minha hemorragia. Se fosse só alma e corpo com dificuldade de viver poderia haver apenas sono, apatia. Mas trata-se de uma alma, um pedaço de carne e muito sangue. Foi declarada a guerra entre eles. E a guerra como pura expressão do caos violento e da opressão exclui a beleza e a poesia.

A alma vagueia pela ilusão de dias melhores, espera pela beleza sem saber onde ela se concretiza. Não raras vezes supõe ser livre, presume transcender a substância humana e flutuar com seu idealismo pelo cosmos. É adolescente porque ingênua e mimada. É mulher com todos seus destemperos, impulsos e inseguranças. É homem na covardia e na passividade. É cega em relação à podridão do corpo e à realidade que sangra.  É comunista e clama por poesia.

A matéria pesa e o sangue flui. O sangue é o alimento do corpo, o que poderia levar a crer que uma deficiência na condução dos nutrientes vitais seria a causa de um mal-estar corpóreo.

Ora, para quem vive no abismo entre antônimos, toda ordem pode ser subvertida. Quando todos parecem estar no encontro dos eixos do plano cartesiano, eu me situo em algum ponto desconhecido entre a abscissa e a ordenada cujo enigma das coordenadas equivale à pergunta mais primitiva, que sussurra: quem sou eu.

Meu corpo rejeita o alimento. Ele quer dormir. Não quer sonhar, quer só dormir. Não quer viver, nem morrer, quer dormir. A cabeça virou um joguete vulnerável aos devaneios da alma e das ambições do corpo. Ele é concreto, real, humano. É podre como a substância humana. É corruptível, é falho, é vaidoso, é ambicioso de bens. É fútil, é capitalista. É casca, pele, cabide de jóias e roupas de marcas, mas tbm é entranha, vísceras. Quer o prazer imediato do sexo, de uma barra de chocolate ou uma picanha gordurosa e sangrenta. Antes que se dê uma conotação religiosa a isso, ele não é pecador, é só humano. Alguma coisa alimentou a alma. E ela cresceu, ganhou espaço e corpo. Com tantos atrativos a cabeça se distrai e afasta a poesia. Invertebrado.

  Diante da inércia do corpo e da alma, a vida restou no sangue. O sangue berra, se desespera, é guerrilheiro, é agressivo. Sinceridade latente, esfrega a realidade. Lençóis freáticos.

As escolas formam só corpo e a sociedade atual é só corpo. Corpo de conteúdo. Corpo de conhecimento. Corpo de informações. Corpo de educação e boas maneiras. Corpo de relações. O concreto tomou conta das cidades. Solidificou-se o ar em cima das casas. O pensamento deve ser concreto.

A ponte entre a teoria e prática. Em algum canal, veia, osso, a idéia se perde da sua execução.

Sou apagada com uma efervescência de caos interno. Meu rosto transmite paz e doçura.  Se existe equilíbrio...

Me submeti a um exame. O que sabem os médicos?

Morte de conceitos e dogmas causa dor e

É assistir como mero espectador à sua intimidade. É conferir passividade e distanciamento.

Não há poesia no caos. Visita ao submundo do ser humano.

Os pensamentos e devaneios que nos ocorrem quando estamos com os olhos voltados para a realidade são filtrados pelo inconsciente, freios morais. Todos os pensamentos que nos ocorrem quando estamos focados na realidade passam por algum filtro, seja o inconsciente, seja nosso conjunto de valores. Sem nunca embrenhar-se nesse passeio pode-se passar a vida inteira acreditando ser alguém que não se é.

 Com os afazeres diários não olhamos para o caos. O nosso caos passa a ser marginalizado; é dele que vemos emergir o horror, o feio, o histérico reprimido na vida social.  Não há beleza nem poesia. A realidade nos ocupa muito.

Distraída? A realidade é que nos distrai de nós mesmos.

 Devo advertir que não se trata de uma experiência doce e poética. Visitar-se é deparar-se com a nudez profunda reveladora do horror e do caos.

 

Visito sempre meu submundo.

Ritual, oração.

E a realidade de só coexistir corre livre.

...

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