Inquietação

1 DA INQUIETAÇÃO À INTERROGAÇÃO

Minhas inquietações quanto ao ensino e à aprendizagem da matemática e principalmente quanto ao conteúdo da geometria acompanharam minha trajetória escolar e profissional, gerando sempre dúvidas e questionamentos quanto ao seu ensino. O conhecimento matemático e seu ensino passaram por diversas transformações até os dias atuais. Na intenção de modificar esse quadro, de vivenciar experiências e novas possibilidades elaborei um projeto de trabalho para construir miniaturas de casas de papelão como ambiente ao Cenário para Investigação.

2 O ENSINO DA GEOMETRIA

As formas e estruturas geométricas sempre estiveram presentes na vida do homem. A geometria pode ser entendida como o estudo do espaço em que se vive, respira e movimenta. Sendo assim, a vivência concreta e a experimentação se mostram como passos importantes para a construção real de conceitos.

Durante muito tempo, os processos de ensino e aprendizagem da geometria não se constituíram de forma clara para que fossem bem conduzidos nas escolas de Ensino Básico. A partir do final da década de 80 e início da década de 90, o conteúdo geométrico passou a ser melhor estruturado e colocado ao longo dos textos nos livros didáticos pois, antes disso, eles apareciam, pouco como se fossem apêndice dos livros.

Percebe-se que os processos de ensino e de aprendizagem da geometria nem sempre proporcionam ao educando um estudo prático e contextualizado e, o professor da educação básica, principalmente das series iniciais, as vezes não está preparado para contextualizá-la.

3 OS CENÁRIOS PARA INVESTIGAÇÃO

Os cenários para investigação são colocados enquanto ambientes para o estudo da Matemática. Para eles, promover o ensino por meio dos cenários evidencia a perspectiva de sua utilização de forma característica, ou seja, usar algo ou um espaço que seja conhecido de todos para o ensino e a aprendizagem. Nesse sentido, o trabalho com projetos faz referência ao mundo real, oferecendo assim, meios para se fazerem investigações, aspecto diferente de uma aula convencional, pois possibilita novos desafios aos alunos.

O ambiente proposto para a investigação, nesse trabalho com a Geometria, foi a construção de casas em miniaturas. Optamos por essa metodologia de ensino por considerá-la um ambiente em que se pode explorar, investigar, manipular e experimentar fatos que podem promover descobertas de regularidades do campo da geometria, de forma lúdica e prazerosa.

4 O PORQUÊ DE CASAS EM MINIATURAS

A brincadeira propicia o viver em comunidade com todas as alegrias e sensações possibilitadas pela ludicidade desse ato. Por meio da brincadeira, as crianças se comunicam e interagem umas com as outras, compreendem melhor aquilo que vivem e experimentam. Ao propor a construção de mini casas como cenário para investigação, considerei válida a possibilidade de trabalhar com a imaginação, envolvida na brincadeira, de forma que a criança manipulasse o real dentro do imaginário.Com as atividades desenvolvidas pelas crianças podem se constituir como possibilidade pedagógica, uma vez que buscam a valorização do afetivo, do real, do natural daquilo que se vive. Dessa forma, podemos buscar a compreensão de mundo por meio da própria identidade em suas raízes naturais.

5 A ABORDAGEM FENOMENOLÓGICA: O CAMINHO DA INVESTIGAÇÃO

Diante de minhas inquietações, e de meu questionamento, optei pela abordagem fenomenológica para a pesquisa, por compreender que ela se mostra apropriada à educação, pois ela não traz consigo a imposição de uma verdade teórica ou ideológica preestabelecida, mas trabalha no real vivido.

6 O AMBIENTE DE INVESTIGAÇÃO

A presente pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal Santa Helena que é uma escola pertencente à rede municipal de Goiânia. Para a realização da pesquisa, escolhemos uma turma de 27 alunos com idades entre 10 e 12 anos. Para o registro e a análise dos dados, foram escolhidos, pela professora regente de sala, quatro duplas as quais eram mais assíduas, para que pudéssemos colocar os gravadores de voz.