LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
Por: santin • 22/8/2017 • Resenha • 1.504 Palavras (7 Páginas) • 223 Visualizações
Atualmente, muito se tem discutido sobre a avalia��o no contexto escolar. Busca-se uma verdadeira defini��o para o seu significado, justamente porque esse tem sido um dos aspectos mais problem�ticos na pr�tica pedag�gica.
Apesar de ser a avalia��o uma pr�tica social ampla, pela pr�pria capacidade que o ser humano tem de observar, refletir e julgar, na escola sua dimens�o n�o tem sido muito clara. Ela vem sendo utilizada ao longo das d�cadas como atribui��o de notas, visando a promo��o ou reprova��o do aluno.
Sabe-se que a educa��o � um direito de todos os cidad�os, assegurando-se a igualdade de oportunidades (Constitui��o Brasileira). Inseridas neste contexto, ao estudarem, as pessoas passam muitas e muitas vezes pela avalia��o, cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atrav�s dos regimentos escolares. Assim, as avalia��es s�o tidas como obrigat�rias e, atrav�s delas, � expresso o "feedback" pelo qual se define o caminho para atingir os objetivos pessoais e sociais.
Hoje a avalia��o, conforme define Luckesi (1996, p. 33), "� como um julgamento de valor sobre manifesta��es relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decis�o". Ou seja, ela implica um ju�zo valorativo que expressa qualidade do objeto, obrigando, conseq�entemente, a um posicionamento efetivo sobre o mesmo.
A avalia��o no contexto educativo, quer se dirija ao sistema em seu conjunto quer a qualquer de seus componentes, corresponde a uma finalidade que, na maioria das vezes, implica tomar uma s�rie de decis�es relativas ao objeto avaliado.
A finalidade da avalia��o � um aspecto crucial, j� que determina, em grande parte, o tipo de informa��es consideradas pertinentes para analisar os crit�rios tomados como pontos de refer�ncia, os instrumentos utilizados no cotidiano da atividade avaliativa.
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcan�ar com seus alunos. Nesse sentido, a avalia��o muitas vezes tem sido utilizada mais como instrumento de poder nas m�os do professor, do que como feedback para os seus alunos e para o seu
pr�prio trabalho. Na realidade, � comum ouvir dos professores, os famosos "chav�es" sempre indicando o desempenho ruim de alguns alunos, esquecendo-se de que esse desempenho pode estar ligado a outros fatores que n�o s� o contexto escolar.
Segundo Sant'Anna (1995, p. 27), "h� professores radicais em suas opini�es, s� eles sabem, o aluno � imbecil, cuja presen�a s� serve para garantir o miser�vel sal�rio detentor do poder".
Nos dias de hoje, sabe-se que o professor tem "fortes concorrentes": a televis�o, videocassete, computador, e aquele, em contrapartida, na sala de aula, tem o quadro negro e o giz. N�o seria pertinente pensar na quest�o da utiliza��o dos recursos no dia-a-dia, explorando mais o que o aluno tem fora, em casa, n�o s� para as suas aulas, mas tamb�m para o processo de avalia��o? Ezpeleta & Rockwell (1986, p. 25) declaram que "o conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um grupo de crian�a, incorpora necessariamente elementos de outros dom�nios de sua vida".
Na realidade, muitos professores fazem uso da avalia��o, cobrando conte�dos aprendidos de formas mec�nicas, sem muito significado para o aluno. Chegam at� mesmo a utilizar a amea�a, vangloriam-se de reprovar a classe toda e/ou realizar vingan�a contra os alunos inquietos, desinteressados, desrespeitosos, levando estes e seus familiares ao desespero.
Enfatiza Hoffmann (1993) que geralmente os professores se utilizam da avalia��o para verificar o rendimento dos alunos, classificando-os como bons, ruins, aprovados e reprovados. Na avalia��o com fun��o simplesmente classificat�ria, todos os instrumentos s�o utilizados para aprovar ou reprovar o aluno, revelando um lado ruim da escola, a exclus�o. Segundo a autora, isso acontece pela falta de compreens�o de alguns professores sobre o sentido da avalia��o, reflexo de sua hist�ria de vida como aluno e professor.
De acordo com Moretto (1996, p. 1) a avalia��o tem sido um processo angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como recurso de repress�o e alunos que identificam a avalia��o como o "momento de acertos de contas", "a hora da verdade", "a hora da tortura".
Percebe-se que a avalia��o tem sido utilizada de forma equivocada pelos professores. Estes d�o sua senten�a final de acordo com o desempenho do aluno.
Luckesi (1996) alerta que a avalia��o com fun��o classificat�ria n�o auxilia em nada o avan�o e o crescimento do aluno e do professor, pois constitui-se num instrumento est�tico e frenador de todo o processo educativo. Segundo o autor, a avalia��o com fun��o diagn�stica, ao contr�rio da classificat�ria, constitui-se num momento dial�tico do processo de avan�ar no desenvolvimento da a��o e do crescimento da autonomia.
Essa problem�tica em torno da avalia��o ocorre n�o s� na educa��o infantil, mas no ensino regular, m�dio e superior. E a exig�ncia de um processo formal de avalia��o surge por press�es das fam�lias.
Exercendo a fun��o de avaliador, deve-se ter claro o desenvolvimento integral do aluno pois, segundo Jersild (apud Sant"Anna, 1995, p. 24, "a autocompreens�o e a auto aceita��o do professor constituem o requisito mais importante em todo o esfor�o destinado a ajudar os alunos a se compreenderem e forjar neles atitudes sadias de auto-aceita��o".
O professor deve ver seu aluno como um ser social e pol�tico, construtor do seu pr�prio conhecimento. Deve perceb�-lo como algu�m capaz de estabelecer uma rela��o cognitiva e afetiva com o seu meio, mantendo uma a��o interativa capaz de uma transforma��o libertadora e propiciando uma viv�ncia harmoniosa com a realidade pessoal e social que o envolve. O professor dever�, ainda, ser o "mediador" entre o aluno e o conhecimento, proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados. Assim, nessa vis�o, o professor deixa de ser considerado "o dono do saber" e o aluno, um mero receptor de informa��es.
O ato de avaliar n�o pode ser entendido como um momento final do processo em que se verifica o que o aluno alcan�ou. A quest�o n�o est�, portanto, em tentar uniformizar o comportamento do aluno, mas em criar condi��es de aprendizagem que permitam
a ele, qualquer que seja seu n�vel, evoluir na constru��o de seu conhecimento.
A avalia��o tem um significado muito profundo, � medida que oportuniza a todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflex�o sobre a pr�pria pr�tica. Atrav�s dela, direciona o trabalho, privilegiando o aluno como um todo, como um ser social com suas necessidades pr�prias e tamb�m possuidor de experi�ncias que devem ser valorizadas na escola. Devem ser oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade.
Nesse sentido, faz-se necess�rio redimensionar a pr�tica de avalia��o no contexto escolar. Ent�o, n�o s� o aluno, mas o professor e todos os envolvidos na pr�tica pedag�gica podem, atrav�s dela, refletir sobre sua pr�pria evolu��o na constru��o do conhecimento.
O educador deve ter, portanto, um conhecimento mais aprofundado da realidade na qual vai atuar, para que o seu trabalho seja din�mico, criativo, inovador. Assim, colabora para um sistema de avalia��o mais justo que n�o exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem, mas o inclua como um ser cr�tico, ativo e participante dos momentos de transforma��o da sociedade.
REFER�NCIAS BIBLIOGR�FICAS
BRASIL. Constitui��o. Constitui��o da Rep�blica Federativa do Brasil: 1988. S�o Paulo : Saraiva 1988.
EZPELETA, Justa, ROCKWELL, Elsie. Pesquisa participante. S�o Paulo : Cortez, 1986.
HOFFMANN, Jussara. Avalia��o mito & desafio: uma perspectiva construtiva. 11. ed. Porto Alegre : Educa��o & Realidade, 1993.
LUCKESI, C. C. Avalia��o da aprendizagem escolar. 4. ed. S�o Paulo : Cortez, 1996.
MORETTO, Vasco. Avalia��o da aprendizagem: uma rela��o �tica. In: VI CONGRESSO PEDAG�GICO DA ANEB. Bras�lia,
1996. ( Palestra).
SANT'ANNA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como Avaliar? crit�rios e instrumentos. Petr�polis : Vozes, 1995.
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