O QUE É ISSO QUE CHAMAMOS DE ANTROPOLOGIA BRASILEIRA?
Por: Carmen Lisboa • 9/9/2015 • Resenha • 1.677 Palavras (7 Páginas) • 685 Visualizações
O QUE É CULTURA
Resumo apresentado à disciplina de Ciências Humanas e Sociais, do Curso de Direito, Noturno, Turma 1B da Faculdade FaciDeVry para obtenção de nota.
SANTOS, José Luiz dos. O que é Cultura. 14 ed. - São Paulo: Brasiliense, 1994. – (Coleção primeiros passos; 110)
A questão da cultura é uma inquietação contemporânea, que é muito discutida nos tempos atuais. É constante a preocupação em compreender os diversos caminhos que conduziram os grupos humanos às suas relações sociais mais recentes e suas perspectivas de futuro. Entender a dinâmica das transformações pelas quais passam as culturas, sejam movidas por suas forças internas, sejam consequências dessas relações e conflitos, ou mesmo por ambos os motivos.
A cultura diz respeito à humanidade como um todo e concomitantemente a cada povo, nação, sociedade e grupos humanos. Cada realidade cultural tem seu sentido próprio. Compreendido assim, o conhecimento da cultura contribui no combate a preconceitos, oferecendo uma base sólida para a construção de valores como o respeito e a dignidade humana. Na verdade, a compreensão à cultura só se faz necessária porque o ser humano está em uma constate interação social, caso não estivessem não haveria necessidade, motivo ou ocasião para se considerar variedade nenhuma. Conhecer se há uma realidade cultural comum à nossa sociedade torna-se uma questão importante. Da mesma forma evidencia-se a necessidade de associar as manifestações e dimensões culturais com as múltiplas classes e grupos que a constituem. Verifica-se que a discussão sobre a questão da cultura pode ajudar a pensar sobre a própria realidade social, o porquê as culturas variam e quais os sentidos das suas diversas variações. Outro importante aspecto a se observar é que o destino de cada agrupamento esteve notado pelas diferentes maneiras de se organizar e transformar a vida em sociedade e de superar os conflitos de interesse e as tensões geradas na vida social.
Cada resultado de uma história particular, e isso incluem também suas relações com outras culturas, as quais podem ter características bem diferentes, pensa-se em hierarquizar essas culturas segundo algum critério. Argumenta-se que cada cultura tem seus próprios critérios de avaliação e que para tal hierarquização ser construída é necessário subjugar uma cultura aos critérios de outra. Todas as sociedades humanas fariam necessariamente parte dessa escala evolutiva, dessa evolução em linha única. Com tais características, a diversidade de sociedades existentes no século passado representaria estágios diferentes da evolução humana: sociedades indígenas da Amazônia poderiam ser classificadas no estágio da selvageria; reinos africanos, no estágio da barbárie. Quanto à Europa classificada no estágio da civilização, considerava-se que ela já teria passado por aqueles outros estágios. As concepções de evolução linear foram atacadas com a ideia de que cada cultura tem sua própria verdade e que a classificação dessas culturas em escalas hierarquizadas era impossível, dada a multiplicidade de critérios culturais.
A diversidade das culturas existentes acompanha a variedade da história humana, expressa possibilidades de vida social organizada e registra graus e formas diferentes de domínio humano sobre a natureza. A ideia de uma linha de evolução única para as sociedades humanas é, pois, ingênua e esteve ligada ao preconceito e discriminação raciais. Verifica-se assim que as observações de cultura alheia se fazem segundo pontos de vista definidos pela cultura do observador, que os critérios que se usa para classificar uma cultura são também culturais, ou seja, segundo essa visão, na avaliação de culturas e traços culturais tudo é relativo. Passa-se assim da demonstração da diversidade das culturas para a constatação do relativismo cultural, enganosamente. Só se pode propriamente respeitar a diversidade cultural se entender a inserção dessas culturas particulares na história mundial. Não há superioridade ou inferioridade de culturas ou traços culturais de modo absoluto, não há nenhuma lei natural que diga que as características de uma cultura a façam superior a outras.
As culturas e sociedades humanas se relacionam de modo desigual. As relações internacionais registram desigualdades de poder em todos os sentidos, os quais hierarquizam de fato os povos e nações. É importante considerar a diversidade cultural interna à sociedade; isso é de fato essencial para compreender melhor o país. Mesmo porque essa diversidade não é só feita de ideias; ela está também relacionada com as maneiras de atuar na vida social, é um elemento que faz parte das relações sociais no país. Mesmo as sociedades indígenas mais afastadas têm seu destino ligado à sociedade nacional que em sua expansão as envolve, coloca em risco sua sobrevivência física e cultural, conduz a mudanças em sua forma de viver e as introduz a novas concepções de vida, a novas técnicas, a um novo idioma e a novos problemas.
Cultura diz respeito a tudo aquilo que caracteriza a existência social de um povo ou nação, ou então de grupos no interior de uma sociedade. Cultura refere-se a realidades sociais bem distintas. Cultura era então uma preocupação de pensadores engajados em interpretar a história humana, em compreender a particularidade dos costumes e crenças, em entender o desenvolvimento dos povos no contexto das condições materiais em que se desenvolviam. É preciso considerar dois aspectos principais aos quais a consolidação das preocupações com cultura esteve associada. Em primeiro lugar, foi no século XIX que se tornou dominante uma visão laica, quer dizer, não religiosa, do mundo social e da vida humana, até então o cristianismo tivera força para se impor na definição de práticas e comportamentos; a visão de mundo cristã oferecia à Europa os modelos principais que ordenavam o conhecimento e a interpretação do mundo e das relações sociais. Nesse contexto a moderna preocupação com cultura nasceu associada tanto a necessidades do conhecimento quanto às realidades da dominação política. Na América Latina, e o Brasil é bem um caso, as culturas de povos e nações que habitavam suas terras antes da conquista europeia foram sistematicamente tratadas como mundos à parte das culturas nacionais que se desenvolveram. O importante para se pensar a realidade cultural é entender o processo histórico que a produz, as relações de poder e o confronto de interesses dentro da sociedade. Cultura pode por um lado referir-se à alta cultura, à cultura dominante, e por outro, a qualquer cultura. No primeiro caso, cultura surge em oposição à selvageria, à barbárie; cultura é então a própria marca da civilização, ou ainda, a alta cultura surge como marca das comadas dominantes da população de uma sociedade; se opõe à falta de domínio da língua escrita, ou à falta de acesso à ciência, à arte e à religião daquelas camadas dominantes.
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