O TRABALHO ESCOLAR SOB A PERSPECTIVA DA DIVERSIDADE

 O TRABALHO ESCOLAR SOB A PERSPECTIVA DA DIVERSIDADE

Aleir Ferraz Tenório

IFG/LUZIÂNIA/Departamento de Áreas Acadêmicas

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Wellington

IFG/LUZIÂNIA/Departamento de Áreas Acadêmicas

Lauana de Souza Barbosa

IFG/LUZIÂNIA/Licenciatura em Química

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica/PIBIC

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RESUMO

Com base no fato de que o Brasil possui uma grande heterogeneidade populacional, compreender a importância da valorização dessa pluralidade possibilita uma nova visão do outro e do trabalho escolar. Assim, este trabalho foi desenvolvido com a intenção de compreender a importância da valorização da diversidade no âmbito escolar e como se tem configurado as políticas educacionais voltadas a este campo. Durante todo o processo, foi possível observar o crescente número de políticas voltadas à valorização da diversidade, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido em direção de uma educação igualitária e livre de preconceitos, pois a escola é um dos lugares mais diversos onde geralmente essa diversidade não é respeitada e o diferente é excluído. Assim, trabalhar o respeito à diversidade e a repreensão de situações discriminatórias nas escolas é fundamental para a formação dos alunos, o que pode possibilitar adultos menos preconceituosos e mais humanos.

Palavras-chave: Educação, Políticas Educacionais, Diversidade.

1. INTRODUÇÃO

Vivemos em um país plural onde a diversidade é um dos fenômenos que mais tem a contribuir e que caracteriza o povo brasileiro. Somos todos diferentes em algum aspecto, assim a diversidade pode ser de vários tipos, seja da cor (da pele, dos olhos, dos cabelos), da etnia, do gênero, do social, da orientação sexual, da deficiência (física, intelectual, auditiva, visual, surdo cegueira, múltipla), da crença ou da idade. Apesar das diferenças, possuímos o direito de sermos tratados como iguais perante a sociedade.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) e Candau (2012) confirma isso, o Brasil possui desde suas bases, uma heterogeneidade populacional e, ao mesmo tempo, uma exclusão. Essa exclusão ficou intrinsecamente arraigada na sociedade, contribuindo para a discriminação e para a proliferação do preconceito.A não aceitação da diversidade também ficou marcada na educação onde, por vários anos, esta era direcionada apenas para os livres - não escravos.

A escola é um espaço onde a discriminação ainda ocorre, frequentemente, de maneira direta ou indireta, consciente ou inconscientemente. Segundo Leite (2012), uma pesquisa com homossexuais revelou que a escola foi local mais apontando onde as vítimas sofriam discriminação, realizadas tanto por colegas (alunos), como pelos profissionais que atuam nas escolas.

Assim compreender a importância da valorização da diversidade no espaço educacional e estudar as políticas educacionais voltadas ao foco da Diversidade Humana no contexto brasileiro, é uma das tarefas mais importantes que a escola deve assumir.

1. SOBRE O SIGNIFICADO DE DIVERSIDADE

A palavra Diversidade se origina do latim – diversitas – que se refere à diferença, à variedade, à abundância de coisas distintas  ou divergentes. Trata-se de um substantivo feminino que caracteriza tudo o que tem multiplicidade e que se diferencia em termos culturais, biológicos, sociais, religiosa, étnica e outras mais.

De acordo com o dicionário do Aurélio, diversidade significa “qualidade de diverso, variedade (em oposição a identidade); multiplicidade”. Do dicionário online, diversidade é “característica ou estado do que é diverso; que não é semelhante, diferente ou desigual; reunião daquilo que contém aspectos, características ou tipos distintos”. No dicionário Michaelis, a diversidade é “qualidade daquele ou daquilo que é diverso; diferença, dessemelhança, variedade, contradição, oposição”.

A diversidade, a multiculturalidade, as diferenças, a multiplicidade, as variedades, o interculturalismo, caracterizam os indivíduos entre si, os grupos sociais e a sociedade que compõem toda a humanidade.

1. SOBRE O MULTICULTURALISMO

Segundo com Candau (2012a), o multiculturalismo é uma corrente de ideias que é aceita como uma estratégia de trabalhar com a diversidade, com o diferente, tanto no campo político-social, cultural ou educativo. Sobre a interculturalidade, a autora afirma que tal “orienta processo que têm por base o reconhecimento do direito à diferença e a luta contra todas as formas de discriminação e desigualdade social” (2012a, p. 45).

A diversidade pode ser de vários tipos: cor da pele, dos olhos, dos cabelos, de etnia, de gênero, de orientação sexual, de deficiência física, intelectual, auditiva, visual, surdo-cegueira, múltipla, de religiosidade, de idade, etc. Todos os tipos de discriminações e preconceitos referentes a essas diferenças devem ser combatidas, pois as nossas diferenças não excluem o direito de sermos tratados com igualdade perante a sociedade, os direitos básicos dos cidadãos como, por exemplo, uma educação de qualidade para todos.Somos todos diferentes em algum aspecto, e saber respeitar, trabalhar, promover, conviver e valorizar essas diversidades nos torna sujeitos mais humanos.

De acordo com Candau (2012a), o Brasil possui desde suas bases uma heterogeneidade populacional e uma exclusão do outro devido as suas “diferenças”. Essa exclusão do outro, principalmente de grupos indígenas e afros descendentes, ficou intrinsecamente marcada e arraigada na sociedade, contribuindo para a discriminação, a exclusão e a proliferação dos preconceitos ao diferente. A não aceitação da diversidade também ficou marcada na educação, onde por vários anos, esta era direcionada apenas para os livres (não escravos), existindo ainda a diferença da educação direcionada aos mais e aos menos favorecidos, onde a educação gratuita é para os pobres.

Durante anos essas multiplicidades do Brasil ficaram esquecidas, ignoradas e camufladas das sociedades, o que criava a imagem de um país homogêneo e igualitário, sem diferenças, o que influenciou de forma negativa no âmbito educacional:

Historicamente, registra-se dificuldade para se lidar com a temática do preconceito e da discriminação racial/étnica. O País evitou o tema por muito tempo, sendo marcado por “mitos” que veicularam uma imagem de um Brasil homogêneo, sem diferenças, ou, em outra hipótese, promotor de uma suposta “democracia racial”. Na escola, muitas vezes, há manifestações de racismo, discriminação social e étnica, por parte de professores, de alunos, da equipe escolar, ainda que de maneira involuntária ou inconsciente. Essas atitudes representam violação dos direitos dos alunos, professores e funcionários discriminados, trazendo consigo obstáculos ao processo educacional, pelo sofrimento e constrangimento a que essas pessoas se vêem expostas. (Parâmetros Curriculares Nacionais - 1997, vol. 10, p. 20).