Os desafios no ensino de Jovens e adultos
Por: Fábio Alves Caroba • 5/8/2019 • Artigo • 2.673 Palavras (11 Páginas) • 311 Visualizações
OS DESAFIOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Vanilza Aparecida ALBERTINI
RESUMO: O mercado de trabalho está mais exigente, não somente em relação à escolarização, mas também em certas competências e habilidades. Ao pensar em educação de jovens e adultos (EJA), temos que ponderar estas questões, pois o perfil do alunado é extremamente diverso, sob vários aspectos. Portanto, é preciso pensar, no ensino na modalidade EJA, além de atender a legislação, atender também ao direito social de toda pessoa, contribuindo com o avanço e/ou conclusão da escolaridade nos níveis fundamental e médio, proporcionando melhores contribuições pessoais e profissionais. Pensando nestes aspectos, este trabalho visa propor ideias que democratize esta modalidade de ensino em relação ao ensino regular, oferecendo igualdade de oportunidades.
PALAVRAS-CHAVE: EJA – Democratização – Competências e habilidades
ABSTRACT: The labor market is more demanding, not only in relation to schooling, but also in certain skills and abilities. When thinking about youth and adult education - EJA, we have to ponder these questions, since the profile of the student is extremely diverse, in several aspects. Therefore, it is necessary to think in teaching in the EJA modality, in addition to complying with the legislation, also to attend to the social right of every person, contributing to the advancement and / or completion of schooling at the fundamental and medium levels, providing better personal and professional contributions. Thinking in these aspects, this work aims to propose ideas that democratize this modality of education in relation to the regular education, offering equal opportunities.
KEYWORDS: EJA - Democratization - Skills and abilities
INTRODUÇÃO
No Brasil, todo cidadão tem direito à educação, independente de sua idade, direito este garantido pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96) (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013), que garante, inclusive a gratuidade de ensino a esse público. Infelizmente, a defasagem escolar é muito grande, o que eleva a procura pela Educação de Jovens e adultos (EJA). Haja vista, somente na última década esse público começou e receber atenção no que diz respeito à educação formal, ainda assim de forma bastante irregular. (ARROYO, 2005). Segundo Haddad (1997), a Lei nº 9394/96 procura definir a EJA como complementar, pois ainda existe um alto percentual da população que não tem acesso à educação na idade adequada.
De modo geral, os mesmos professores que atuam no ensino regular, atuam nesta modalidade de ensino. Apesar do currículo ser o mesmo, os alunos do EJA já são adultos, portanto, têm outras finalidades, como por exemplo, o foco no mercado de trabalho, que por muitas vezes esses alunos são excluídos por lhes faltar a formação necessária para ocupação de vagas no
sistema. Por isso, o professor precisa fazer adaptações na escolha dos temas, na abordagem e no tratamento que dá a estes alunos.
Assim como acontece com o ensino regular, o professor deve estar preparado para lidar com o alunado extremamente plural, não só em questões sociais étnicas, raciais, de gênero e religião, mas também o fator da idade, pois em uma mesma sala podemos ter alunos de quinze a setenta anos, por exemplo, portanto ao planejar as aulas não se pode negligenciar esse fato.
Conhecer o contexto social, as características da comunidade que esses alunos estão inseridos é extremamente importante para o sucesso, pois as aulas devem ser planejadas, claro pensando em atender ao currículo proposto, mas de certa forma, adaptável de modo que possa ampliar o repertório desses alunos para que ele consiga com mais propriedade resolver questões do seu cotidiano.
O adulto, em geral, lida com o erro de forma diferente das crianças. O erro para ele, pode ser visto como um fracasso, ou gerar uma sensação de incapacidade. Isso pode gerar insegurança, medo e constrangimento. Cabe ao professor a tarefa de ensinar que o erro faz parte do processo de ensino- aprendizagem, e que ele não é ruim, pelo contrário traz reflexões importantes.
Muitas vezes o professor tem idade equivalente à de seus alunos, têm conhecimentos que devem ser valorizados, muitas vezes sabem resolver certos problemas propostos, mas da maneira que “a vida lhes ensinou”, sem a formalidade “necessária” para tanto.
Analisando todas essas variáveis, vamos propor algumas reflexões de abordagens de conteúdos de modo diferenciado, procurando exemplificar de forma sucinta alguns tópicos relevantes para o ensino de matemática, e ressaltar a importância (e as dificuldades) de incentivar a leitura nessa modalidade de ensino.
A IMPORTÂNCIA DE ABORDAGEM DE CONTEÚDO DE MODO DIFERENCIADO NO EJA
Antes de mais nada, temos que levar em conta que estamos falando de alunos que, mesmo não sendo adultos, já vivem no mundo do trabalho ou assumem responsabilidades sociais e familiares, e além disso, têm personalidades bem definidas. Eles trazem uma noção de mundo diferente do aluno do ensino regular, mais relacionada ao ver e ao fazer. Trazem consigo um olhar que As histórias de vida e riqueza de experiências vividas são diversas e muito interessantes, pois esses alunos chegam à escola com valores e crenças já constituídos (SOUZA; CUNHA, 2010).
Para Bortollini (2012) é necessário buscar um ensino que privilegie a interação e valorização de diferentes vivências, pois acredita que além de uma aprendizagem significativa, a escola pode proporcionar a confiança e a segurança pessoal. Outro fator que temos que ponderar é que o público que procura essa modalidade de ensino é cada vez mais jovem, ou seja, o EJA não atende apenas o adulto que não teve oportunidade, mas também o jovem que pretende concluir seus estudos com mais celeridade. Segundo Silva (2007, p. 18):
O rejuvenescimento dos alunos é fato pontuado por pesquisas recentes realizadas no campo da Educação de Jovens e Adultos, atribuído à perda de qualidade do ensino regular e, mais recentemente, ao rebaixamento de idade para os exames supletivos, proposto pela LDB nº 9394/96, por meio da qual surge o que tem sido denominado de supletivização do ensino regular.
Desse modo, além de viabilizar o acesso à leitura e à escrita, o EJA tem a obrigação de privilegiar uma educação que apoie e dinamize o desenvolvimento do educando na sua relação com a linguagem e com a escrita como um todo (NERY; SILVA; FERNANDES, 2010).
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