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Os estereótipos referentes à educação na Idade Média

Por:   •  4/7/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.303 Palavras (6 Páginas)  •  81 Visualizações

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              Os estereótipos referentes à educação na Idade Média

Esse relatório procurar desmitificar indicações referentes à base educacional da Idade Média, partindo da visão apresentada por KLANOVICZ (2009), MANACORDA (1985), (CAMBI, 1999) e PILETTI, PILETTI (2012), onde é apontado, que mesmo obras escritas no século XX, desqualificam o contexto medieval como se valesse mais o endeusamento da educação clássica desencadeada pelo Renascimento e a "luz" advinda de novos paradigmas históricos e cientificistas.

É preciso que as obras sejam analisadas de uma perspectiva historiograficamente crítica, evitando o anacronismo.

Podemos identificar diversos historiadores que rebatem a maneira como o ensino de história nas salas de aula e livros didáticos é apresentado, sendo a Idade Média como um período de "trevas" e ignorância, já que se sabe que na Idade Média a educação era primordialmente responsabilidade da Igreja e escolas eram anexadas às catedrais e mosteiros e que o conhecimento era centralizado na fé. O termo "média" acaba tendo conotação negativa se observado no contexto histórico, como se, por estar entre a Idade Antiga e o Renascimento, fosse um período de estagnação, subdesenvolvimento e atraso.

MANACORDA (1985) divide a educação entre Alta Idade Média (período de estruturação e formação do feudalismo), Baixa Idade Média (declínio gradual do feudalismo) e no Trecentos e no Quatrocentos e a partir dessa concepção fica mais fácil exemplificar os demais autores presentes nos artigos.

Na Alta Idade Média, a cultura greco-romano é empobrecida com a proibição de leitura clássica e o cristianismo como ferramenta de controle dos âmbitos social e educacional desde a infância.  O modelo de educação patrística, formulado por padres e teólogos, tinha como principal objetivo “instruir" os fiéis com temáticas que abordavam a origem do mundo, encarnação, o corpo e a alma, a vida e a morte, a ressureição, o livre arbítrio, os pecados, o bem e o mal e a predestinação divina. Com o avanço dos séculos, a história apresenta Carlos Magno, Imperador do Sacro Império Romano Germânico, nomeado pelo Papa Leão III, constituindo assim, o grande Império Carolíngio, nomeado em sua homenagem.

Desde a queda do império romano, houve uma fragmentação de valores que Carlos Magno buscou resgatar em seu reinado sem deixar de defender e difundir o catolicismo, mas buscando valorizar também a cultura e o conhecimento das letras e das artes, levando a reformulação da educação europeia além do desenvolvimento da administração territorial focadas no expansionismo militar. Nesse período, nos centramos na Baixa Idade Média, com as escolas migrando de patrísticas às escolásticas, funcionando nas cortes além de somente em mosteiros e bispados, incluindo disciplinas como retórica, gramática, geometria, aritmética, música e astronomia. E assim, o Império Carolíngio, em conjunto com a Igreja Católica, fundou escolas e universidades. No Trecentos e no Quatrocentos, mostra cidades organizadas com o surgimento de homens intelectuais, um terceiro estado, uma nova educação, entre outros. (MANACORDA, 1985)

Apesar de serem fatos, não é necessário que haja juízo de valores sobre eles.

Entretanto, muitos autores reproduziram estereótipos acerca desse período, como se a cultura clássica fosse a merecedora de validação. Entre eles Franco Cambi que defendeu que a Idade Média era um regresso da civilização.

Todavia contradiz-se ao reconhecer que, nesse período, foi onde surgiu “[...] ideais-mitos, ideais-tradições, ideais-legendas que construíram o arcabouço fundamental dos povos europeus” (CAMBI, 1999). Ou seja, esse dito retrocesso em relação ao Império Romano foram essenciais para que se pudesse pensar nas bases sociedade europeia, intencionalmente ou não. Não cabia à grande Roma imaginar uma Europa em sua posteridade.

Klanovicz, à luz de seu artigo apresenta autores, que vão na contramão do estereótipo, como Paul Monroe, que reconhece que, apesar da predominância religiosa no ensino, é preciso considerar as literaturas vernáculas, obras transicionais que mostram a existência de uma cultura popular, opostas ao absolutismo, consideradas hereges e que possibilitam a ruptura desse estigma medieval. E Edward Myers, que relata um fator positivo sobre o início da ciência ocidental moderna, que trouxe uma nova literatura, individualismo, proporcionando o Renascimento posteriormente (MYERS, 1986).

Para reforçar as contribuições e não só as mazelas referentes à Idade Média, para que a visão sobre o período seja a mais fidedigna possível, vemos no livro “História da Educação: de Confúcio a Paulo Freire”, uma nova perspectiva sobre a educação no período através de Santo Agostinho, Averróes e São Thomás de Aquino.

Na Alta Idade Média, Santo Agostinho, convertido ao cristianismo em 387, é considerado o maior teólogo do cristianismo. Incorporou Platão à sua linha teórica, além do maniqueísmo e serviu de base para toda a teologia ocidental até hoje.

Sistematizou o pensamento cristão, conciliando fé e razão, onde, segundo ele,

 Fides praecedit intellectum (“a fé precede a razão”).

Totalizou 113 obras escritas, abordando contraste entre espiritual e físico, maniqueísmo, religião e política e claro, a fé, visando que, o cristianismo ajudaria com conflitos e anseios pessoais, salientando a “ética cristã”. (PILETTI, PILETTI, 2012).

Portanto, ao associar historiograficamente a “religião” e a Alta Idade Média à ignorância, equivocadamente nega-se a densidade das obras de Agostinho, ricas tanto filosoficamente quanto na literatura.

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