Relatório de Estágio em Neuropsicopedagogia Clínica
Por: RafaCamargos • 15/12/2020 • Relatório de pesquisa • 2.880 Palavras (12 Páginas) • 9.182 Visualizações
FG FACULDADE GLOBAL
RAFAELLA DONNICI CAMARGOS SANTOS
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM NEUROPSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
Coronel Xavier Chaves
2020
RAFAELLA DONNICI CAMARGOS SANTOS
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Relatório de Estágio Curricular Obrigatório realizado no período de março/2020 a maio/2020 e apresentado como requisito para a conclusão do Curso de Neuropsicopedagogia Clínica, Institucional e Hospitalar.
Coronel Xavier Chaves
2020
Sumário
1. INTRODUÇÃO 4
2. DESENVOLVIMENTO 5
2.1 Identificações da instituição 5
2.2 Dados do paciente 6
2.3 Justificativa da intervenção 7
3.OBJETIVOS 8
3.1 Objetivo geral 8
3.2 Objetivos específicos 8
4.METODOLOGIA 8
4.1 Elaboração das atividades 9
4.2 Recursos 10
5. ANÁLISE E RESULTADO DAS OBSERVAÇÕES: ATUAÇÃO DO NEUROPSICOPEDAGOGO NA PRÁTICA 10
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS 12
REFERÊNCIAS 13
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo formular uma análise e uma intervenção Neuropsicopedagógica Clínica de uma criança autista de 3 anos, verificando seu processo de desenvolvimento e a partir dos resultados, propor uma intervenção, na tentativa de compreender as práxis da Neuropsicopedagogia Clínica que aos poucos vem conquistando espaço em todo território brasileiro, embarcando conhecimentos neurocientíficos pautados em atividades que envolvem a observação, intervenção e avaliação do processo de desenvolvimento, procurando obter informações de todas as ciências que possam contribuir para formar o entendimento mais detalhado do desenvolvimento de cada indivíduo. Para isso, faz-se necessário, a combinação entre estudo de caso psicopedagógico descritivo e analítico, que permita uma descrição do caso e a preparação de uma intervenção.
Diante disso, o trabalho consiste na exploração e interpretação do contexto social, educacional e familiar que envolve o sujeito, buscando conhecer e propor uma ação interventiva que possibilitasse a descoberta de novas estratégias que favorecesse a estimulação de áreas importantes, como o desempenho cognitivo, habilidades sociais, habilidades de linguagem e cuidados específicos em atividades do cotidiano. Para a realização do trabalho foi realizada uma anamnese com a mãe da criança. Tal instrumento forneceu importante informações sobre a vida e o meio onde encontra se inserido o sujeito.
Portanto para compor o trabalho neuropsicopedagógico, também foram realizados registros de observações diárias, conversas informais e outros acontecimentos, por serem instrumentos esclarecedores e reveladores. Por se tratar de um estudo interdisciplinar foram ouvidos relatos de outros profissionais (psicóloga e terapeuta ocupacional) que atuam no caso, estabelecendo um diálogo entre outras áreas do conhecimento.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Identificações da instituição
Clínica Bem Viver- Saúde Mental. Avenida Cônego Antônio Carlos, nº 51, Centro- Coronel Xavier Chaves, Minas Gerais. A clínica conta com uma equipe técnica formado por uma psicóloga, um terapeuta ocupacional, uma psiquiatra e um neurologista, que visam a melhoria da qualidade de vida das pessoas com sofrimento psíquico, evitando assim, o agravamento de doenças.
O Bem viver oferece as seguintes atividades aos seus usuários, acolhimento, triagem, atendimento individual e em grupo e encaminhamentos para o CAPS Del Rei e CAPS AD nas situações de agravamento dos transtornos psiquiátricos para atendimento á crises. Realiza atividades de prevenção e promoção de saúde mental como campanhas do Setembro Amarelo, Janeiro Branco, Dia da Saúde Mental e da Luta Antimanicomial.
Em período anterior a pandemia, o serviço de atenção á Saúde Mental contava com oito grupos psicoterapêuticos, oficinas de terapia ocupacional e acompanhamentos psicológicos individualizados que atende crianças, jovens e adultos.
Em julho de 2019 foi implantado um serviço de Plantão Psicológico, para acolhimento, escuta, orientação e aconselhamento de pessoas acima de 16 anos em sofrimento psíquico.
O serviço de Saúde Mental atende cerca de 170 pessoas.
2.2 Dados do paciente e caracterização da situação
J.E.F.S nasceu em 08/02/17 de parto cesárea, APGAR 09-10, peso 3210kg, estatura 50 cm, peso na alta hospitalar 2895kg, nota-se gestação e parto dentro da normalidade. Os pais são primos, a avó materna sofreu dois abortos, dois sobrinhos maternos receberam diagnóstico de autismo e TDAH- Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Inicialmente, sua mãe teve dificuldade para aceitar a gravidez, nos primeiros cinco meses J.E.F.S recebeu os cuidados da avó, não mamou no peito, desde os três meses demonstrava não gostar de colo, nunca apresentou dificuldades para dormir, sorriu antes de um ano, firmou a cabeça por volta dos cinco meses, contudo somente próximo aos dois anos conseguiu sentar-se sem apoio, fez uso da mamadeira até dois anos e seis meses. Não engatinhou ou arrastou-se, o que chamou a atenção da família, já que demonstrou dificuldade com a marcha. A mãe em consulta ao pediatra, foi sugerido acompanhamento com fisioterapeuta, através de estímulos J.E.F.S andou sem apoio aos dois anos e um mês. Durante os atendimentos com a fisioterapeuta, foi informado a mãe que seu filho poderia ser autista. J.E.F.S foi diagnosticado com TEA- Transtorno do Espectro Autista, atraso grave na linguagem e motricidade, por um psiquiatra infantil, sem necessidade de medicação até o momento, por não apresentar dificuldade de dormir ou agressividade. Foram solicitados exames do Cariótipo de Sangue Periférico com Banda, em junho de 2019, sem alterações cromossômicas e Eletroencefalografia Digital com Sono Espontâneo, em setembro de 2019, não observando alterações focais ou atividades paroxísticas. J.E.F.S não apresenta quadro de epilepsia ou convulsões até o momento, é acompanhado por equipe multidisciplinar, fonoaudióloga, psicóloga, nutricionista e neuropediatra. Atualmente com três anos está 100 gramas abaixo o peso ideal, o que o enquadraria em nível de desnutrição infantil, sua mãe relatou que não apresenta problemas alimentar ou intestinal, a nutricionista sugeriu uma suplementação, contudo, não se alimenta sozinho, tudo é oferecido em sua boca e enquanto anda de um lado para o outro. J.E.F.S ainda não apresenta controle dos esfíncteres, usa fraldas. Psicóloga sugeriu que primeiramente desenvolva a linguagem verbal para depois iniciar o processo de desfralde. Desde que aprendeu a andar desloca-se durante todo o dia de um lado para o outro dentro de casa, tudo que encontra coloca na boca, em poucos momentos distrai-se com a televisão, normalmente na hora do sorteio da telessena, gosta de objetos que emitem sons e giram, assim como de sua sombra, gosta de escalar a estante da sala, desligar a tomada da TV, mexer na água do vaso sanitário, folhear páginas de livros, olhar pela janela e ver a chuva. Costuma ficar na frente do filtro quando quer água, mas não aponta e não se comunica por gestos, quando quer algo costuma pegar na mão para que a pessoa continue a ação, por exemplo massagem. Algumas vezes, sua mãe encontra dificuldade para mantê-lo vestido, nota-se que certas texturas e materiais causam-lhe incômodo. Com o atendimento fonoaudiológico começou a balbuciar uma ou outra palavra e músicas. Normalmente J.E.F.S é uma criança alegre e afetiva, principalmente com o pai e com as irmãs, chega a reconhecer o barulho da moto quando o pai retorna no trabalho ao fim do dia, vai em sua direção e estende os braços para ser abraçado e jogado para cima. Quando extremamente feliz ou irritado morde sua mãozinha, ainda não apresenta interesse por muitos brinquedos, assim como não sabe sua função, na maior parte de seu dia não interagi com outras crianças, assim como a própria família. J.E.F.S aprendeu a escovar os dentes sozinho com ajuda do pai, através da imitação e repetição. Desde muito pequeno sua mãe utiliza um aparelho de nebulização para acalmá-lo, assim como sons do útero, CD que psicóloga utiliza em seus atendimentos, sendo estimulado a sentar-se na cadeirinha, cruzar as perninhas, interagir com o outro, principalmente com sua mãe, estabelecendo o olhar de forma lúdica, através do uso de brinquedos, procurando retirá-lo do espectro, movimentos de braços abertos, mãozinhas semifechadas, bancando o corpinho de um lado para o outro. Acompanhando os primeiros atendimentos com a psicóloga e posteriormente com sua mãe dentro da rotina de J.E.F.S, é notável, sua mãe tem buscado informar-se sobre seu transtorno, contudo não envolvesse efetivamente nos estímulos propostos pela equipe multidisciplinar, tem medo do filho machucar-se, assim superprotegendo-o. Em sua rotina, levanta, recebe na boca sua papinha, caso não receba não seria capaz de pedir. Durante toda a manhã anda sozinho pela casa, depois recebe o almoço, não sendo estimulado a comer sozinho e sentar-se na mesa, dorme durante uma hora na parte da tarde, nesse momento pega seu travesseiro, deita e balança a cabeça de um lado para o outro até dormir, ao acordar recebe outra papinha com suplemento, brinca solitariamente, recebe o banho, o jantar e por volta de oito horas da noite dorme sem auxílio ou intervenção.
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