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À Primeira Vista (At a First Sight)

Por:   •  22/4/2017  •  Resenha  •  502 Palavras (3 Páginas)  •  812 Visualizações

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À Primeira Vista (At a First Sight)

Vendo o que se há para ver

O objetivo deste trabalho é analisar como podemos perceber o mundo através dos sentidos, considerando as vivências e o desenvolvimento do homem na sua inserção social. O filme que serve como objeto de estudo é “À Primeira Vista” (At First Sight, 1999, Irwin Winkler, Fox Home Entertainment), baseado no ensaio Ver e Não Ver do neurologista Oliver Sacks, onde é possível fazer uma análise acerca das concepções de deficiência e as relações entre deficientes e não deficientes.

O filme conta a história de Virgil Adamsom (Val Kilmer), é deficiente visual, cujo diagnóstico é catarata congênita com retinite pigmentosa, uma doença hereditária que apresenta a perda gradual da visão. Virgil então fica cego na infância, aprendendo a reconhecer o mundo sem qualquer imagem, no entanto não considera a cegueira como um problema.

Utilizando o cinema como um recurso para o entendimento dos fenômenos humanos, são apresentados aspectos que dizem respeito ao modo como o indivíduo se relaciona com o mundo por meio dos sentidos, à formação de conceitos, e a compreensão cultural da deficiência visual. A história nos mostra como podemos perceber o mundo através dos sentidos, considerando as vivências e o desenvolvimento do indivíduo na sua inserção social.

O protagonista demonstra ser uma pessoa feliz e bem humorada, mesmo tendo que se adaptar desde cedo a sua situação. Mesmo com as limitações de uma vida baseada em sensações, é possível perceber que uma pessoa com deficiência visual consegue desenvolver uma autonomia. A forma como é apresentada a vida do protagonista, assume um caráter otimista, mostrando de forma sutil e talvez “romantizada” demais os problemas que afetam a vida de pessoas com esse tipo de patologia. É preciso compreender que os sentidos não são “ferramentas biológicas”, onde se localiza um defeito e apenas o repara. O sentido da visão é aprendido, é cultural, o homem vai significando o mundo e se desenvolvendo.

Ao ter a possibilidade de “perceber” o  mundo pela primeira vez a partir do sentido da visão. Podemos começar a entender de forma mais clara essas diversas sensações, ao demonstrar encantamento com tantas descobertas,  quando nos deparamos com mundo de objetos, de imagens e de sentimentos que não têm significados em relação à maneira que apenas os sentimos. Nos permitindo analisar o processo de apropriação de conhecimento vivenciado pelo indivíduo.

Uma cena bastante ilustrativa é quando Virgil vê uma maçã pela primeira vez, ele fica um pouco confuso, da textura, e da forma que ele conhece da fruta e tenta juntar todas estas informações ao que agora reconhece visualmente como maçã. Ao ver a figura de uma maçã na revista, ele tem dificuldade em admitir o que é real ou não. Então é possível perceber que poucos ele vai aprendendo a lidar com esta nova realidade.

O homem precisa “criar” constantemente sua própria existência, se adaptando a realidade em que vive, interpretando os estímulos e assim produzindo o conhecimento para compreender o mundo ao seu redor.

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