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A ANÁLISE FUNCIONAL AEC

Por:   •  10/6/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.455 Palavras (6 Páginas)  •  167 Visualizações

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CENTRO UNIVERSITÁRIO PARAÍSO

CURSO DE PSICOLOGIA

DAYANA FREITAS

 

ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO

TDE 2

JUAZEIRO DO NORTE - CEARÁ 2021

ANÁLISE FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO

Introdução:

      Nascido na periferia do Rio de Janeiro, Sandro Barbosa do Nascimento, que ficou conhecido por assaltar um ônibus e manter reféns, tendo um triste desfecho ao fim desse episódio, é a pessoa escolhida para fazermos a análise funcional em questão.

Sandro, que também era conhecido como Alê da Candelária, cujo nome já está ligado a uma outra tragédia, pois ele foi um dos sobreviventes da horrenda chacina da Candelária, que tinha como alvo, eliminar os meninos de rua que se aglomeravam naquela imediação, onde praticavam assaltos, consumiam drogas e se refugiavam.

      Alê, vinha sendo criado apenas por sua mãe, já que o pai os abandonou antes mesmo do nascimento do garoto que, posteriormente, virou menino de rua por volta dos seus 8 anos de idade, logo após a sua mãe ser assassinada na favela onde moravam e o mesmo ter presenciado essa triste cena. Um ponto bem  importante nesse episódio, é que quando Alê encontra o corpo da mãe no estabelecimento em que estava, um copo cai no chão e quebra. O que, futuramente, servirá de gatilho para mais uma tragédia anunciada, que é o principal motivo do filme ter sido feito a seu respeito, ou seja, o sequestro do ônibus, “Última parada, 174”(2008).

      O filme retrata a dura vida do menino, seu vício em cocaína, entre outras drogas, a criminalidade, miséria, as várias passagens por centros para menores, até o seu fim, por asfixia no percurso para delegacia, no dia 12 de Junho de 2000.

 Níveis de Seleção

    Na FILOGÊNESE, onde se destaca as características evolutivas da espécie, assim como a partir da combinação genética paterna, comportamentos que podem ser aprendidos e outros não, pontua-se Sandro ser um menino que já vem com uma certa predisposição a vida marginalizada, quando antes mesmo do seu nascimento havia sido abandonado pelo pai, nasceu preto e pobre o que já o torna um marginal para sociedade, era um garoto magro, de cabelo crespo e analfabeto, que se tornou órfão com oito anos de idade e dependente químico com o passar dos anos. Ressalta-se o comportamento de luta e fuga, em que pode ser visto em várias situações da vida do menino, assim como a busca pela sobrevivência, mesmo criança, achou sua maneira de conseguir seu alimento, se “proteger” etc., sentia frio a noite, fome e conseguia se "virar".

    Na ONTOGÊNESE, em que se destaca características da história do indivíduo, o seu comportamento modificado pelas consequências e interação direta com o ambiente, abordamos o contexto de sua vida, retratando a humilhação e negligência social, desde o seu nascimento, onde já não teve a figura paterna, passando pelo triste e traumatizante acontecimento do assassinato da sua mãe frente a ele, fato esse que desencadeou seu primeiro gatilho mental. Sandro foi morar com sua tia, mas  conviver com o garoto cheio de trauma era tarefa difícil. Emocionalmente esgotado, o menino passou a morar nas ruas e lá, descobriu uma forma de sobreviver, roubando, se drogando etc., E então, mais um grande baque, a chacina da Candelária, em que Sandro foi um dos sobreviventes, mas resultou na morte de vários meninos (os irmãozinhos de rua), causando ainda mais dor e alimentando o ódio no coração do garoto. Vale ressaltar também, que foi nas ruas onde ele encontrou o “amor da sua vida” (Sandrinha) e a junção de todos os traumas, marginalização, negligência e muita droga, fizeram de Sandro o Alê da Candelária e depois, o assaltante que sequestrou o ônibus 174 e virou notícia em vários países, destacando a sua frieza e maldade nas telas das TV’s. Os comportamentos do menino, assim como muitos que vivem nas ruas, são reflexos da forma de sobrevivência que eles conhecem e conseguem.

 

    Na CULTURA, onde nosso comportamento é determinado por variáveis culturais e se é aprendido também através da observação, assim como da relação da história que antecede o indivíduo e da sua interação com o meio, Sandro teve uma troca muito forte com o ambiente em que viveu, destacamos quantos gatilhos foram despertados no mesmo, a violência, rejeição, drogas, vítima da desigualdade de classes, marcado pela forte dependência e instabilidade emocional. Por sua história de vida esteve exposto a todo tipo de desrespeito, negligência, preconceito e exclusão, correndo todo tipo de risco. Ensinado a tomar o que ele quer/precisa na “tapa”, por meio de violência, que era a única maneira possível na visão dele de obter algo, já que perante a sociedade, regada de racismo e muito preconceito, a sua voz só se fez ouvida de forma drástica e cruel. É comum, assistirem os “excluídos” pelas janelas dos seus carros ou pelas suas tvs, Sandro só se tornou visível quando se colocou diante de tantas câmeras, televisionado para classes privilegiadas, que julgaram, apontaram, muitos quiseram linchar ele no momento em que ele saiu do ônibus, mas poucos pensaram ou se perguntaram sobre o psicológico daquele rapaz que tanto sofreu na sua vida.      

               

“A humilhação social conhece, em seu mecanismo, determinações econômicas e inconscientes. Deveremos propô-la como uma modalidade de angústia disparada pelo enigma da desigualdade de classes. Como tal, trata-se de um fenômeno ao mesmo tempo psicológico e político. O humilhado atravessa uma situação de impedimento para sua humanidade, uma situação reconhecível nele mesmo – em seu corpo e gestos, em sua imaginação e sua voz – e também reconhecível em seu mundo – em

seu trabalho e em seu bairro (Gonçalves Filho, 1998, p. 13).”

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