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A APOSTILA DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

Por:   •  8/9/2020  •  Resenha  •  11.295 Palavras (46 Páginas)  •  570 Visualizações

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APOSTILA   DE ANÁLISE   DO COMPORTAMENTO

Profª Denise Zumblick

INTRODUÇÃO

        A Psicologia é a ciência que estuda o comportamento dos organismos de acordo com os estudiosos da escola comportamentalista. Esta definição quer mostrar que um comportamento deve ser estudado em relação ao ambiente no qual ocorre: o sujeito que o pratica, as características do meio ambiente presente no momento em que o comportamento ocorre, as modificações produzidas no meio pelo comportamento, etc. Assim, tudo indica que o ambiente influencia o comportamento que exibimos a cada momento.

        O ambiente pode ser definido como sendo o conjunto de estímulos (abreviação “E”) presentes no momento em que o organismo se comporta. Estímulo é definido como uma alteração detectável no meio em que o organismo está inserido. Então, por exemplo, o aumento da temperatura no ambiente é uma energia física captada pelos receptores sensoriais do organismo que determina o aparecimento da resposta de suar. Logo, só quando se começa a relacionar os aspectos do comportamento com os do meio é que há possibilidade de existir uma Psicologia Científica.

        A análise comportamental é um modo de trabalhar em ciência que estuda o comportamento operante, considerado aquele que afeta (atua sobre) o ambiente e, mais importante, que é afetado pelas conseqüências desta atuação sobre o ambiente. Por exemplo, uma criança brinca enfiando encaixes nos orifícios irregulares de uma caixa. Ela muda o ambiente, mudando a localização dos encaixes e o conteúdo da caixa.  Sua mãe comenta sobre suas manipulações. Como o comportamento de manipular os encaixes e o comportamento das mães afeta o comportamento da criança? O conceito fundamental em Análise do Comportamento é o de conseqüência: de que maneira as variáveis afetam o comportamento.

        Comportamentos são modificados em contato com seus ambientes. O desenvolvimento de um repertório comportamental de um sujeito passa por vários processos de seleção tal como os organismos biológicos passam por uma evolução modelada pela seleção natural. Na evolução, a modificação ocorre na reserva genética da espécie ( e através de seus efeitos sobre o indivíduo, essa modificação é transmitida à prole do mesmo indivíduo). Em termos comportamentais, os indivíduos são ou não sensíveis a diferentes tipos de estimulação, gerando diferentes tipos de comportamento, que podem ser disseminados por meio de aprendizagem entre outros indivíduos.

        Esta apostila tem por finalidade, então, abordar os diferentes princípios envolvidos no estabelecimento do repertório comportamental de um sujeito a fim de facilitar o processo de análise comportamental. Serão abordados basicamente: comportamento e condicionamento respondente, comportamento e condicionamento operante, reforçamento,  modelagem e reforçamento diferencial, esquemas de reforçamento e punição, discriminação, generalização, extinção, saciação e regras.

COMPORTAMENTO E CONDICIONAMENTO RESPONDENTE

Comportamento Respondente ou Reflexo

        No momento em que se tenta trabalhar com o comportamento e o meio, se é forçado a decompor-lo em partes e, através da análise os psicólogos chegaram aos conceitos de estímulo e resposta. Já vimos que um estímulo pode ser definido como uma parte, ou a modificação de uma parte do meio, e a resposta pode ser definida como uma parte ou a modificação de uma parte do comportamento. Logo, um evento qualquer do meio torna-se um estímulo em virtude do fato de ser seguido por uma resposta.

        Complementarmente, os fisiólogos nos deram a palavra reflexo para designar qualquer relação de estímulo-resposta específica. O comportamento reflexo ou respondente é um tipo de resposta específica, não aprendida, que ocorre frente a um estímulo específico. Vejamos alguns exemplos:

  1. a  pupila do olho se contrai quando a luz incide sobre ela;
  2. quando se coloca comida na boca, ocorre salivação;
  3. um barulho alto e súbito provoca empalidecimento do indivíduo;
  4. um objeto na traquéia elicia a tosse;
  5. um dedo no esôfago elicia o vômito;
  6. um choque elétrico provoca temor;
  7. uma rajada de vento frio provoca arrepios  no sujeito.

Podemos pensar todos os exemplos acima em termos de relações fixas e regulares entre estímulos e respostas. Assim:

Exemplo                         Estimulo                         Resposta

            1)                                luz sobre a pupila                   contração

            2)                                comida na boca                       salivação

            3)                                choque elétrico                       tremor

        Note que todas estas respostas são involuntárias, isto é, não há controle de nossa vontade sobre sua emissão ou aparecimento. Uma vez que o estímulo apareça, a resposta reflexa involuntariamente ocorrerá. Tecnicamente dizemos que o estímulo elicia (produz) a resposta reflexa ou comportamento respondente (segundo a terminologia proposta por Pavlov).

        Esta relação fixa e invariável entre estímulo eliciador e resposta eliciada é o que já chamamos de reflexo; esta relação é fixa porque o reflexo é inato, e sua forma é geneticamente determinada e comum a todos os membros de uma espécie. Por isto o estímulo que elicia a ação reflexa é chamado Estímulo Incondicionado (“EI”) e a resposta que ele elicia é chamada Resposta Incondicionada (“RI”). O termo incondicionada significa não aprendida, não condicionada, inata.

        A representação gráfica deste tipo de comportamento seria:

EI   RI

        A maior parte dos comportamentos reflexos está estreitamente relacionada à sobrevivência do organismo. Exemplo: a sugação na etapa inicial de desenvolvimento humano.

Leis do Reflexo

        A relação entre o estímulo incondicionado e a resposta incondicionada, ou seja, o reflexo incondicionado, obedece a leis gerais de funcionamento, a saber:

1) Lei do Limiar – para que um estímulo possa eliciar uma resposta é necessário ter certa intensidade liminal. Intensidades inferiores são chamadas “abaixo do limiar” ou subliminais, pois quando aplicados isoladamente nunca evocam a reação / resposta. Da mesma forma, intensidades maiores são chamadas “acima do limiar” ou supraliminares. Quando por exemplo colocamos um relógio perto do ouvido para escutar o tic-tac, estamos tratando com limiares de intensidade.

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