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A Alma Imoral e Winnicot

Por:   •  7/11/2018  •  Ensaio  •  1.327 Palavras (6 Páginas)  •  510 Visualizações

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Instituto Sedes Sapientiae

Joelma Gomes Pereira

A ALMA IMORAL

Análise da obra teatral de Clarice Niskier para o curso:

A Investigação na Clínica Psicanalítica de Crianças e Adultos

A alma imoral está em constante processo de sabotagem à ordem estabelecida. Sua função, que pode levar a grandes riscos, é parte do ato de ‘devoção à vida’. ”

                                                                                                              Nilton Bonder

São Paulo – SP

2017

Joelma Gomes Pereira

A ALMA IMORAL

Análise da obra teatral de Clarice Niskier para o curso:

A Investigação na Clínica Psicanalítica de Crianças e Adultos

Relatório apresentado ao Instituto Sedes Sapientiae como parte das atividades no curso de Expansão Cultural: A investigação na clínica psicanalítica de crianças e adultos

São Paulo,27 de junho de 2017.

Prof. Denise Arias

Para o trabalho solicitado, escolhi utilizar alguns trechos da peça A Alma Imoral. Esse monólogo, escrito e apresentado pela atriz Claricie Niskier, foi baseado no livro homônimo do rabino Nilton Bonder, publicado em 1998, pela editora ROCCO.

Embora, tanto o espetáculo, quanto o livro tenham como pano de fundo, algumas questões relacionadas as temáticas da religião e da moral judaico-cristã, não é esse o ponto que me toca. As duas obras possuem uma linguagem que a meu ver, é construída de forma quase poética, utilizando de parábolas e reflexões que podem gerar riquíssimas e profundas reflexões à cerca da constituição e formação do sujeito, bem como sua forma de se relacionar com o mundo.

Não consigo afirmar, porém, que seria possível a construção de uma relação direta com a teoria estudada no curso e a obra completa, digo o livro e espetáculo inteiros. Para isso, seria necessária uma análise mais apurada tanto das obras em questão quanto de um aprofundamento teórico, o que exigiria um trabalho muito mais afinado e com maior dedicação de tempo. Diante disso, tomei como fonte alguns trechos da peça que para além da inspiração e reflexão pessoal, trouxeram interrogações e pontes com o conteúdo estudado até o momento.  

De modo geral, o que me fez pensar num possível link entre a peça e teoria até então estudada, é a abordagem de um corpo que é atravessado (constituído) por uma moral, e de uma alma que por vezes insatisfeita com as negociações que esse corpo faz para apaziguar as tensões, tem a responsabilidade de transgredir, ousar rumo a independência, ao desenvolvimento contínuo do ser. De um ser, saudável, por que não dizer, neurótico, que em dado momento da vida poderá retornar ou ainda, regredir a alguma fase primitiva do seu desenvolvimento, mas que, através de um ego fortalecido é capaz de se sentir só, assumir os riscos e consequências por suas transgressões, capaz de criar, inventar novas possibilidades de ser e estar no mundo, desenvolvendo seu potencial criativo, e vivenciando a plenitude das suas experiências.

Iniciando então a análise da obra, e considerando que a psicanálise winnicottiana implica uma teoria do amadurecimento humano, os dois trechos abaixo, encenados no monólogo A Alma Imoral, me faz lembrar a importância de um ser integrado, que foi capaz de organizar o caos dentro de si e juntar os pedaços de um corpo espedaçado, através dos conceitos básicos da Teoria do Desenvolvimento Primitivo.

“... um cavalo que se sabe cavalo não é um cavalo. Um macaco que se sabe macaco, macaco ele não é. Uma cobra que se sabe cobra, não é uma cobra.  Já um ser humano que não se sabe um ser humano, aí é um cavalo, um macaco, uma cobra."

“...haverá maior solidão que a ausência de si? ”

Nilton Bonder por Clarice Niskier – em A Alma Imoral

Considerando ainda os conceitos abordados no curso e o possível link com a referida obra, poderia trazer inúmeros exemplos, porém, considerando a profundidade e o tempo necessários,  vou me limitar apenas aos  trechos abaixo, destacando palavras que considero fazer sentido dentro dessa análise.

"Deixar sua cultura e seu passado em nome de um futuro é saber recompor a tensão entre corpo e alma, aprendendo a romper por conta das demandas do futuro e não só pelas demandas do passado."

"A proposta
da imutabilidade é mais do que indecorosa: ela violenta um indivíduo...”

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