A Amnésia Dissociação no Filme Psicologia
Por: imiles • 26/3/2023 • Resenha • 1.603 Palavras (7 Páginas) • 92 Visualizações
RESUMO EXPANDIDO
Curso de Psicologia
Disciplina: Fundamentos da Psicopatologia I
ALTERAÇÕES DA MEMÓRIA NOS TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS
Professor (a):
Aluno (a):
1. INTRODUÇÃO
A compreensão sobre os transtornos dissociativos é complexa devido às inconsistências entre as posições de diversas áreas que estudam o tema. Há muitas opiniões conflitantes na área, em grande parte devido à formação científica diversa dos pesquisadores. (NEGRO JUNIOR et al., 1999). Os transtornos dissociativos no DSM-5 estão localizados próximos aos transtornos relacionados ao trauma e ao estresse, mas não são considerados como parte desses transtornos. (American Psychiatric Association [APA], 2013)
De acordo com Dalgalarrondo (2019), nos quadros clínicos dos transtornos dissociativos, podem ocorrer diversas alterações e/ou fragmentações das funções psíquicas, tais como consciência, memória, pensamento, dentre outras, que afetam a noção de identidade e/ou percepção do ambiente no indivíduo.
O objetivo deste trabalho é apresentar a forma como a função psíquica memória pode ser afetada e suas possíveis alterações em decorrência das manifestações clínicas dos transtornos dissociativos, por meio de uma revisão bibliográfica com base na obra "Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais" de Paulo Dalgalarrondo (3ª edição, 2019), e também estabelecer uma relação com a trama do filme "Psicose" (1960) dirigido por Alfred Hitchcock.
2. FUNÇÃO PSÍQUICA E ANÁLISE DE OBRA
A função psíquica memória é essencial para a formação da identidade e para a nossa capacidade de aprender e interagir com o mundo. Segundo o livro "Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais" de Dalgalarrondo, a memória é definida como a capacidade de armazenar, retomar e usar informações do passado. Dentro do campo de estudo da memória humana há a seguinte separação dos tipos de memória: A memória cognitiva é um termo que pode ser usado para se referir a qualquer tipo de memória que esteja relacionada com a cognição (processamento mental). Já a memória genética e imunológica estão diretamente relacionadas à capacidade de reter informações sobre o passado de conteúdos biológicos. A memória cultural pode ser considerada um tipo de memória coletiva, que se refere à capacidade de uma cultura ou sociedade de reter e transmitir informações importantes de geração em geração.
Além disso, Paulo cita as fases da memória, que são: memória imediata, que indica a retenção de informações por curtíssimo prazo; memória de curto prazo, que se refere à capacidade limitada de reter informações por um curto período de tempo e memória de longo prazo, que se refere à capacidade de reter informações por um período mais prolongado. A conservação da memória está relacionada a repetição e associação a outros elementos mnêmicos. Alguns processos de fixação são fundamentais para determinar em qual fase da memória a informação estará registrada, como, por exemplo: nível de consciência, atenção global, senso de percepção, vontade/afetividade, conhecimento prévio, canais sensoperceptivos envolvidos, entre outros.
Nós também apresentamos memórias específicas de acordo com o processamento do conteúdo mnêmico, ocorrendo de forma consciente ou não consciente, além da capacidade declarativa ou não-declarativa de relatar o conteúdo processado. Sobre as alterações patológicas ocorridas na função memória, Dalgalarrondo apresenta separadamente os quadros quantitativos, os quadros qualitativos da memória e as agnosias. Quantitativamente são exemplificadas as alterações na Amnésia anterógrada, Amnésia retrógrada, Hipermnésias e Hipomnésias, sendo esta última presente na Amnésia orgânica e na Amnésia psicogênica. Já qualitativamente são expostos diversos conjuntos clínicos específicos, entretanto, por relação com os sintomas presentes nos transtornos dissociativos, focarei nas seguintes alterações: Esquecimento por recalque e repressão, Amnésia dissociativa e ilusões mnêmicas.
Para explicar o esquecimento por recalque e repressão, Dalgalarrondo recorre a Freud. Ele indica que o esquecimento por recalque é o processo pelo qual o mecanismo de defesa recalque protege o sujeito dos possíveis danos causados pelo conteúdo mnêmico 'esquecido', enquanto o esquecimento por repressão é semelhante, mas os conteúdos esquecidos estão mais próximos da consciência e são posicionados na instância pré-consciente. É comum alguns conteúdos escaparem e serem 'evocados'.
Nas amnésias dissociativas, ou psicogênicas, há perda de elementos mnêmicos seletivos, os quais podem ter valor psicológico específico (simbólico, afetivo). O indivíduo esquece, por exemplo, uma fase ou um evento de sua vida que teve um significado especial para ele. É quase sempre uma amnésia retrógrada. A amnésia dissociativa pode surgir em sequência a um episódio de trauma emocional e/ou estar relacionada à fuga dissociativa. Já nas Ilusões mnêmicas, há um caráter fictício em determinadas lembranças, isso porque existe o acréscimo de elementos falsos a um núcleo verdadeiro da memória.
No filme Psicose (Psycho), dirigido por Alfred Hitchcock, encontramos características dessas alterações qualitativas da memória no protagonista Norman. Psicose é considerado um clássico do cinema e recebeu diversos prêmios e reconhecimentos ao longo dos anos. No filme, a personagem Marion Crane, interpretada por Janet Leigh, rouba dinheiro de seu empregador e foge para um motel isolado. Lá, ela é assassinada por Norman Bates, interpretado por Anthony Perkins, o proprietário do motel que sofre de transtornos mentais.
Norman sofre de um distúrbio dissociativo de identidade, no qual ele tem duas personalidades distintas: a sua própria e a de sua mãe, que o controla. A origem desse transtorno pode ser explicada em pelo menos dois momentos. Inicialmente, pelo Complexo de Édipo, conceito elaborado por Freud e apresentado por Dalgalarrondo para desenvolver as causas da angústia, formação da personalidade e transferência/contratransferência em contexto terapêutico. O complexo de Édipo é uma fase do desenvolvimento infantil em que há conflitos específicos e desejos inconscientes em relação aos pais da criança. No filme, é perceptível que Norman teve uma relação muito próxima, superprotetora e simbiótica com sua mãe, vivendo socialmente isolado ao longo de praticamente toda a sua vida e com a ausência do seu pai. Ao que tudo indica, Norman não obteve uma resolução saudável do seu édipo.
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