A Análise Antropológica Filme A Missão

Universidade do Estado de Minas Gerais

Psicologia

Antropologia Cultural – Tatiana Maciel

Componentes: Cintia Alves

                           Maria Clara Santos

                           Maria Julia Parreira

                           Maria Eduarda Rosse

Os impactos da missão jesuítica e da colonização nos povos autóctones brasileiros sob uma visão antropológica.

Na célebre obra cinematográfica “A Missão”, do diretor Roland Joffé, são relatados acontecimentos reais, que ocorreram na fronteira entre Argentina, Paraguai e Brasil, nos anos de 1750. Sob essa perspectiva, nota-se a presença de uma visão eurocêntrica, na qual os povos europeus eram tomados como referencial e em posição diante dos povos originários, sob os quais visava a catequização ou escravização. Além disso, fica notório o choque entre as divergentes culturas - que gerou batalhas violentas e conflitos entre os colonos e jesuítas -, e a tentativa de aplicar suas respectivas noções de funcionalidade para com os ameríndios. Logo, faz-se necessária a análise a respeito dos impactos históricos e contemporâneos acerca da temática abordada, sob a luz de conceitos antropológicos que permeavam o contato entre as sociedades mencionadas.  

Primordialmente, é necessário destacar a tentativa de aculturação dos índios, pelos colonos, diante da perspectiva evolucionista. Inegavelmente, predomina uma visão etnocêntrica, não só por parte dos jesuítas, como também das coroas espanhola e portuguesa. Isso se dá pois, os missionários objetivavam expandir a fé cristã, utilizando do argumento que seria uma alternativa menos prejudicial que a escravização, entretanto, desvalorizavam as crenças e rituais vigentes, fazendo com que parte da cultura nativa se perdesse. Em contrapartida, os colonizadores desejavam utilizar os nativos como subjugados. Paralelamente ao contexto supracitado, encontra-se o ideário de Lewis Henry Morgan, considerado um dos pais da antropologia moderna, que fez pesquisas de campo entre os Iroqueses, onde foi capaz de observar e refletir, para então realizar sua teoria a respeito dos estágios da evolução. O antropólogo, etnólogo e escritor americano, dividiu o processo em três etapas, nas quais os índios se encaixariam na selvageria, uma vez que viviam de caça e coleta e sua linhagem era matrilinear. Para ilustrar, pode-se citar o momento no longa-metragem, em que uma criança indígena é comparada a um animal, devido a seus processos mentais inferiores, semelhantes aos de uma ave, de acordo com um funcionário da coroa hispânica. Por outro lado, os colonos e jesuítas se encontravam no último estágio, de civilização, após a criação das cidades, da escrita e da propriedade privada, período no qual o Estado figurava no centro. Portanto, consideravam-se superiores em detrimento dos selvagens, e tornaram sua missão incutir a civilização nesses povos, desconsiderando suas particularidades e partindo da premissa de que precisavam ser salvos.  

Por conseguinte, vale ressaltar aspectos positivos do encontro entre as culturas, pautados no culturalismo e no relativismo cultural. Como exemplo, é oportuno notar o momento da obra em que o Padre Gabriel chega as terras além da cachoeira, habitadas pelos ameríndios, com um instrumento musical trazido de sua terra natal, buscando uma aproximação pacífica com a comunidade nativa. Inicialmente, os Guaranis sentem estranhamento e resistência em relação a flauta, porém, posteriormente, adotam postura relativista, se dispondo a conhecer o diferente e se despindo de preconceitos. Nessa lógica, percebe-se que os índios vão de encontro aos ideais difundidos pela teoria culturalista, uma vez que desprezaram os conceitos de linearidade e hierarquização da cultura, acolhendo o pregador com suas particularidades, independente das diferenças encontradas.

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