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A COMUNICAÇÃO VERBAL E A NÃO VERBAL NA SITUAÇÃO ANALÍTICA

Por:   •  16/5/2018  •  Resenha  •  2.100 Palavras (9 Páginas)  •  1.002 Visualizações

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O maior mal da humanidade é o problema dos mal entendidos da comunicação. No campo da psicanálise, o que o ser humano tem de mais primitivo é a necessidade de comunicação, de modo que na situação analítica, a comunicação vai além das palavras. Cabendo ao analista não só a compreensão e a interpretação daquilo que este explicitamente significado e representado no discurso verbal do paciente, mas a decodificação do que este oculto na ausência do verbo.

O objetivo deste capítulo é abordar as diversas formas de como ocorre à normalidade e a patologia da comunicação no vinculo das situações psicanalíticas.

A gênese, a normalidade e a patologia das funções da linguagem e da comunicação constituem uma das áreas em que mais se unem as contribuições de distintas disciplinas humanas. Destacando no texto as contribuições de Freud, Bion e Lacan

Freud – uma de suas contribuições aparece em seu trabalho “O inconsciente”, de 1915, no qual ele postula as duas formas de como o ego representa as sensações que estimulam a criança: como “representação – coisa” –(aqui a linguagem é chamada de sígnica) manifestada por meio de sinais e como “representação – palavra”. Como tais termos indicam, é somente na segunda dessas formas que a representação tem acesso ao pré- consciente, sob a forma de palavras simbolizadoras, ou seja, é uma linguagem simbólica. A genialidade de Freud evidenciou no campo da comunicação as manifestações por gestos, sintomas, atos falhos, lapsos, ou sinais corporais... Em outro trabalho de Freud sobre a Teoria da sexualidade ele narra à história de um menino de três anos que gritava em um quarto escuro para que a tia falasse com ele, porque ele tinha muito medo do escuro, a qual obteve a resposta de sua tia: - de que adianta falar se tu não podes me ver? – isso não importa responde o menino, se alguém fala comigo é como se houvesse luz. O analista conclui que o medo do menino não era tanto do escuro, mas, sim da ausência de alguém a quem ele amava e podia estar seguro. Outra contribuição significativa de Freud é a comunicação direta que existe entre as pessoas de “inconsciente a inconsciente, sem passar pelo consciente”.

Bion – (1967) desenvolveu uma “Teoria do pensamento”, baseado em suas observações da pratica psicanalítica com pacientes psicóticos, em que ele estudou profundamente os distúrbios de pensar os pensamentos e os da linguagem, tal como eles aparecem nos esquizofrênicos. E outra de suas contribuições é o que ele denominou de “terror sem nome” – um tipo de ansiedade de aniquilamento, em que o paciente regressivo não consegue descrever com palavras. A maior contribuição de Bion no campo da comunicação no processo analítico é a que se refere ao uso que o paciente faz de suas narrativas verbais, isto é se elas visam à comunicação objetiva, ou se elas se dirigem mais ao proposito inconsciente de uma “não-Comunicação”, ou se predomina o emprego de verdades ou de falsificações.

Lacan – desenvolveu sua teoria de que a linguagem ou “convenção significante” é o que determina o sentido e gera as estruturas da mente. Lacan da uma importância aos dois signos linguísticos: o significante (a imagem acústica ou visual) e o significado (conceito formado), afirmando que o significante não existe sem o significado, e vice-versa. Outro conceito de Lacan que ajuda o psicanalista a trabalhar com a comunicação linguística do paciente é o de que no discurso do analisando pode haver o que ele caracteriza de “palavra vazia” e “palavra cheia”.

Desde a condição de recém-nascido, estabelece-se uma comunicação – recíproca entre mãe e bebê. Uma mãe suficientemente boa sabe discriminar os diferentes significados dos sinais emitidos pelo bebê. Um exemplo é o choro, se este é de fome, de desconforto pelas fraldas úmidas e sujas, se é choro de dor como cólica, dor de ouvido ou se é apenas manha.

O fenômeno da comunicação implica a junção de três fatores: - a transmissão, a receptação, e entre ambas, os canais de comunicação.

E as formas de linguagem podem ser dividas em dois grandes grupos: a que se expressa pelo discurso verbal e a que se manifesta por formas não verbais.

Dentre alguns transtornos de comunicação apontados pelos pesquisadores Bateson e colaboradores (1955), destacam-se as mensagens com duplo vinculo cujo, os pais inundam a criança com significados contraditórios, exemplo: “eu lhe ordeno que não aceite ordens de ninguém” e desqualificadoras – quando um elogio vem acompanhado de uma crítica denegridora.

Outro transtorno da comunicação é uma “não comunicação” – a mentira. Compondo de 18 modalidades: - a mentira comum; a piedosa; a mentira como forma de evitar ou sentir vergonha; a de fugir de um perseguidor; aquela a serviço de um falso self; a mentira psicopática; a maníaca; a mentira como forma de perversão; a mentira do impostor; a mentira como uma forma de comunicação; aquela que é usada como forma de evitar tomar conhecimento das verdades penosas, a mentira encoberta por um concluio, a de cultura familiar; a mentira ligada a ambiguidade, a mentira ligada ao sentimento de inveja; aquela utilizada para como uma forma de por vida no vazio; a mentira que tem uma finalidade estruturante; e aquelas afirmativas e crenças pelas quais o paciente esta mentindo para ele mesmo.

A comunicação não verbal se subdivide em paraverbal, gestural, corporal, conductual, metaverbal, oniróide, transverbal e por meio de efeitos contratransferências. Requerendo cada, uma escuta especial. Cabe lembrar que um discurso tem três facetas – o conteúdo, a forma, e funções. Discriminadas nos seguintes tipos: Informativa; Estética; Retórica; Instigativa; Negatória; Primitiva e Persuasiva. Todas essas distintas formas e funções da linguagem tem uma enorme importância na prática psicanalítica, pois elas determinam decisivamente não só o estilo da fala do paciente e do analista, mas, também, o tipo de escuta por parte de ambos.

A escuta da linguagem paraverbal, percebe-se a altura, intensidade, amplitude e timbre de voz, ou o ritmo da fala no curso da sessão, dizem muito a respeito do que não esta sendo dito, merecendo uma consideração a parte.

A escuta dos gestos e atitudes, desde que o paciente adentra no consultório ele esta nos comunicando algo, se veio cedo ou se atrasou, se foi pontual, como ele esta vestido, qual a sua expressão, como nos cumprimentou, se ele deita ou senta como inicia a sessão, se esta nos induzindo a assumir algum tipo de papel. Os sinais faciais, a postura, os sutis gestos de impaciências, de contrariedade, de aflição ou

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