A Construção Histórica e Desafios Contemporâneos
Por: Juliana Laudelino • 23/4/2017 • Resenha • 1.606 Palavras (7 Páginas) • 1.748 Visualizações
Resumo do capítulo I Mundo do Trabalho: Construção Histórica e Desafios Contemporâneos, do livro Psicologia, Organizações e Trabalho
O trabalho é objeto de múltipla e ambígua atribuição, significados e sentidos. Ao longo da história da humanidade o trabalho vem ganhado sentidos e significados diferentes, tendo variado entre dois polos: Positivo (Benéfico, Dignificante) e negativo (Causador de Sofrimento).
Há uma diferença entre trabalho e emprego pois todo emprego é trabalho mas nem todo trabalho é emprego. Emprego pode ser entendido como um trabalho formal, com regras e leis trabalhistas. De acordo com o texto, Jahoda (1987), têm-se preocupado com tal diferenciação. Para a autora, o emprego é uma forma específica de trabalho econômico (que pressupõe a remuneração), regulado por um acordo contratual (de caráter jurídico).
Ao longo do texto o autor deteve-se na história do trabalho a partir do surgimento do capitalismo por uma questão de concisão e a fim de priorizar os aspectos mais diretamente relevantes para a leitura da realidade em nossos tempos. Dessa maneira foi realizada uma curta referência aos tempos que antecedem o capitalismo, tendo como finalidade contrastar as especificidades do mundo capitalista.
O conceito do trabalho de acordo com o texto, passou a ocupar um lugar privilegiado no espaço da reflexão teórica nos dois últimos séculos. Desde os primórdios podemos falar de trabalho humano, sendo citado no texto como exemplos as comunidades de caçadores e coletores 8.000 anos a.C., a incipiente agricultura no Oriente Médio, na China, na Índia e no norte da África, o trabalho escravo nas civilizações antigas e a relação servil na Idade Média.
As ideias sobre o trabalho na Antiguidade, mais referenciada pela literatura, certamente são aquelas associadas ao pensamento Greco ateniense e as práticas escravistas no Império Romano.
Durante a idade média aconteceram mudanças referentes a economia e a estrutura das sociedades. Assim, as ideias mais influentes da antiguidade tornaram-se inadequadas e com o surgimento do capitalismo uma mudança mais visível se consolida na reflexão sobre o trabalho. Assim, podemos perceber que com o surgimento do capitalismo engendrou-se uma concepção do trabalho que o exalta como central na vida das pessoas, como o único meio digno de ganhar a vida, independentemente do seu conteúdo. Segundo essa ótica, trabalhar duro conduz ao sucesso econômico. Como a realidade do trabalho concreto na qual se engendrou tal concepção era extremamente adversa, apesar da atratividade que a fábrica e/ou a oficina representava em relação ao campo, ou da extrema falta de meios de sobrevivência, essa concep- ção precisou do apoio do protestantismo e de pois da administração clássica para se sustentar, enriquecendo seus argumentos.
De acordo com o texto, Na teoria Marxiana a exploração é um dos pontos centrais porque, segundo Marx, o regime capitalista caracteriza-se por tomar a produção da mais-valia como finalidade direta e móvel determinante da produção.
Para Marx (1983), as novidades na concepção do trabalho refletem as mudanças concretas na organização do trabalho e na sociedade. Em sua visão o trabalho, que deveria ser humanizador, sob o capitalismo, é o contrário, pois na forma de mercadoria é alienante, explorador, humilhante, monótono em sua organização e conteúdo da tarefa, discriminante, embrutecedor e submisso. Em sua obra não se constitui em uma mera crítica ao trabalho sob o capitalismo, mas cria valores e novas expectativas em torno do trabalho.
A concepção marxista analisa o trabalho sob o capitalismo criticando sua mercantilização, bem como elucidando as características citadas a cima. A concepção marxista reivindicou um trabalho no qual se pudesse produzir a própria condição humana. A obra marxiana, De acordo com o texto não se constitui em uma mera crítica ao trabalho sob o capitalismo, mas cria valores e novas expectativas em torno do trabalho. Marx entendia que ele deveria ser humanizador, não alienado, digno, que garantisse ao ser humano a satisfação de suas necessidades, racional (com uma divisão baseada em critério de igualdade entre os homens), e que se constituísse na principal força na vida dos indivíduos.
A história da formulação e transformação da concepção do trabalho, de acordo com o texto, sob o capitalismo é demarcada por suas próprias crises e pelas suas tentativas de superação.
Durante todo o século XIX, principalmente nos países centrais do capitalismo, houve um crescimento na organização dos trabalhadores, tornando mais sistemática a resistência à exploração e mais complexas as relações dentro do espaço da fábrica. Além disso, de acordo com o texto, o século XIX viveu a influência do positivismo, assentado em ideias iluministas que valorizavam a razão, a objetividade, o desenvolvimento científico e as evidências empíricas e sensíveis. Esse conjunto de fatos socioeconômicos e políticos criou o contexto favorável ao incremento na profissionalização da gerência do trabalho e das empresas (administração) e levou à elaboração de uma sustentação científica para a concepção e a organização do trabalho. É nesse contexto que surgiu a chamada “administração científica”, que tem entre seus expoentes Taylor e Fayol.
Taylor em Princípios da administração científica, define, como objetivo principal dos sistemas em administração, assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado. Negando pois o antagonismo entre os interesses capitalistas e os dos trabalhadores.
Na construção da administração cientifica, as contribuições de Taylor, de acordo com o texto, foram complementadas por Fayol. Enquanto o primeiro se ocupou em estudar o planejamento da execução das tarefas, o segundo partiu de uma visão macroscópica da organização, preocupando-se com as funções de gerenciamento.
Ford, de acordo com o texto, implantou adicionalmente um departamento social em sua empresa incluíndo uma enorme equipe de investigadores desenvolvendo todo um trabalho de levantamento de hábitos do empregado, na sua vida na empresa e fora dela, incluindo visitas a sua casa. Os empregados eram avaliados quanto à dedicação à família, aos cuidados com a casa, à aplicação do salário entre outros aspectos. Sendo muito criticado por controlar a vida integral de seus empregados.
Com as políticas de remuneração do fordismo, conseguia-se manter os empregados longe dos sindicatos, enquanto o taylorismo mobilizava a oposição sindical durante a década de 1910. Tais abordagens integrativas (taylorismo e fordismo), de acordo com o texto, vieram substituir o papel de suporte ideológico ao capitalismo tradicional, oferecido inicialmente pelo protestantismo ascético, quando este declinou em aceitação e aprovação social.
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