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A DISPERSÃO DO PENSAMENTO PSICOLOGICO

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Por:   •  25/10/2013  •  1.130 Palavras (5 Páginas)  •  360 Visualizações

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DISPERSÃO DOÉ reconhecida a extensa dispersão sofrida pela Psicologia, decorrente da utilização de perspectivas epistemológicas, metodológicas e conceptuais diversas. Esse processo expressou-se por meio da produção de diferentes teorias e sistemas que marcaram a primeira metade do século XX. Tal situação motivou, segundo Penna (1997), uma intensa crise dissertada por alguns psicólogos, objetivando alcançar a unidade do saber psicológico, principalmente pelos integrantes do movimento behaviorista. No presente texto, centrado na problemática da dispersão, serão focalizados os diversos sistemas e projetos que caracterizam a Psicologia, a emergência da Psicologia como ciência independente, delineando diferentes trajetos para os estudos psicológicos, envolvendo métodos e conceitos que evidenciam a dispersão do campo da Psicologia como irremediável. PENSAMENTO PSICOLOGICO

m breve olhar sobre a história do pensamento psicológico aponta para o atravessamento de diversas questões conceituais, metodológicas e epistemológicas na constituição e delimitação do campo e do objeto de estudo da Psicologia. Tal quadro pode ser cartografado como um arquipélago representado por uma “confederação sem centro de sistemas, escolas, pequenas teorias e práticas dispersas” (Ferreira, 2006, p. 228).

Ainda é importante ressaltar que as idéias psicológicas foram sendo gestadas em diferentes países da Europa e nos Estados Unidos, assumindo a influência da composição de forças do tecido social e cultural do país de origem e marcadas pela esperança na ciência como conhecimento, que solucionaria os problemas humanos. A definição do objeto de estudo da Psicologia sofreu alterações ao longo do tempo, o que é ressaltado por Gomes (2005, p.107) ao considerar que “da alma substancial da Psicologia racional ao ‘eu’ fenomenal da Psicologia empírica o progresso em direção do psiquismo foi enorme, pois o objeto da Psicologia desceu do céu transcendente da metafísica para o solo fenomenal da ciência”

O breve contexto apresentado configura certas peculiaridades do saber e do pensar psicológico que se desdobram em “um espaço de dispersão”, constituído pela utilização de diversas perspectivas epistemológicas, metodológicas e conceituais. O objetivo deste artigo é contribuir para compreender a natureza dessa dispersão, com base em um breve percurso sobre a história da Psicologia apoiado nas condições que concorreram para a produção das diversas teorias e sistemas que constituíram o projeto da Psicologia como ciência independente, dialogando-se com texto de Bruno Latour (1994) para empreender tal dispersão como constituinte do saber psicológico.

A Psicologia científica, vinculando-se à influência do Positivismo, revelava a idéia de uma Psicologia capaz de se fundamentar no modelo da Física, preocupada com o rigor da quantificação. Wilhelm Wundt (1832-1920), amparado pelas críticas de Comte à utilização de uma metodologia introspectiva para o estudo dos processos mentais, recorreu tanto ao método experimental para os estudos desenvolvidos pela Psicologia fisiológica quanto ao método histórico para a investigação da Psicologia dos povos (Penna, 1997). Fundou, segundo Gondra (1997, oficialmente a Psicologia como disciplina acadêmica formal ao estabelecer o primeiro laboratório na Universidade de Leipzig, Alemanha, em 1879.

Apesar dessa abertura para a dimensão sócio-cultural dos fenômenos psíquicos, Wundt não renunciou à condição de cientista e idealizou uma disciplina híbrida, por ele denominada de Psicologia Experimental, em que combinava os papéis do filósofo e do fisiologista de laboratório. Recorreu tanto aos métodos experimentais das ciências naturais a fim de adaptá-los à nova ciência quanto à análise dos fenômenos culturais pelos métodos comparativos da Antropologia e da Filosofia. Assim, Wundt considerou que a Psicologia individual poderia ser complementada com o estudo do coletivo: “Psicologia dos Povos”, que focalizaria a linguagem, os mitos e os costumes. Por esse enfoque, reconheceu a importância do contexto social para a compreensão da consciência individual.

Por conseqüência a Psicologia já foi constituída abarcando duas perspectivas: uma, experimental com foco no estudo dos processos elementares da consciência, e outra, coletiva enfocando o estudo das produções da mente coletiva. Nessa direção, já apresentava dois enfoques metodológicos. O enfoque experimental utilizava o método experimental, característico das ciências naturais, com viés empírico e independente da metafísica. Já a “Psicologia dos Povos” que pertencia ao domínio das Ciências Humanas, recorria aos métodos descritivos das Ciências Sociais, baseados na observação das produções culturais. Portanto, desde o início, a Psicologia já se configurava como um espaço de dispersão do pensamento psicológico, ocupando um espaço intermediário entre as ciências da natureza e as da cultura. Para Penna

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